Vários
sites da Internet, em nome de certa visão estreita e equivocada do catolicismo,
da Tradição e do próprio Magistério, têm feito graves acusações ao Concílio
Vaticano II, além de mais ou menos veladas críticas aos últimos papas, de
João XXIII a Bento XVI. Esses sites são de orientação mais ou menos próxima à
Fraternidade São Pio X, do falecido Arcebispo cismático Dom Marcel Lefebvre,
que faleceu excomungado: são todos eles tradicionalistas (não tradicionais, no
sentido correto e sadio do termo e da Tradição católica), reacionários (não
simplesmente conservadores, o que não seria mal nenhum. Reacionários porque seu
estado de espírito é destrutivo, inquisitorial, de retranca, de visão estreita,
arcaica e hostil a qualquer progresso na teologia, no dogma e na vida da
Igreja).
O refrão
desses referidos sites é individuar em todos os níveis e ambientes da vida da
Igreja erros e perigos à reta fé, espalhar anátemas e condenações e fomentar
uma estranha e ultrapassada guerra apologética, própria do início do século XX,
em nome da ameaça onipresente da heresia modernista. Para eles, paranoicamente,
todo mundo é modernista: os últimos papas, os teólogos atuais, o episcopado em
geral, o clero como um todo, os vários movimentos leigos…
É mais
que patente para qualquer pessoa de bom senso que esse pessoal vai rapidamente
tomando o caminho do cisma. Primeiro dá-se o cisma psicológico, afetivo, que
faz ver com suspeita a Igreja e seus pastores; depois, vem o cisma de fato, a
incompatibilidade entre a fé do grupelho de “iluminados” e a percepção da
Grande Igreja, aquela composta pelo Povo Santo de Deus em comunhão com seus
legítimos pastores com Pedro e sob Pedro. Em geral – mesmo quando não diz –
esse pessoal somente considera como papas sem nenhuma restrição os pontífices
até Pio XII. A fidelidade deles é ao papado do passado ou, melhor falando, ao
papado da cabeça deles. Os papas atuais são por essa gente julgados, crivados
de crítica e manipulados nas suas intenções e magistério; se alguns deles citam
Bento XVI, é de modo unilateral e desonesto, sempre manipulando o Magistério
pontifício para tentar fazer o Papa dar razão às próprias irracionalidades. Que
ninguém se iluda pela linguagem engomada e afetada que utilizam, cheia de “V.
Revma.”, “V. Excia. Revma”, “Senhor Padre”, etc. Toda essa afetação, na
verdade, somente revela um apego doentio ao arcaico e tudo que os segure no
final do século XIX e início do século XX, final do pontificado de Pio IX e
pontificado de Pio X.
Como
muitas pessoas perguntam-me sobre esses sites e pedem-me uma avaliação sobre
eles, pois que estranham a animosidade em relação à Igreja e ao Episcopado, aos
teólogos e a muitas sãs manifestações da vida eclesial, resolvi descrever de
modo esquemático e bem simples a crise modernista, suas conseqüências e o atual
estado da questão, para que o leitor possa compreender o quanto essas pessoas
nominalmente católicas, mas às portas do cisma, aparentemente tão fiéis à
Tradição e ao Magistério, mas deles tão distantes de fato, estão equivocadas e
distantes do reto sentir da Igreja de Cristo. Como me dirijo ao grande público,
procurei ser sucinto e evitar detalhes aprofundados sobre questões teológicas
que escapariam de modo geral às pessoas. Meu intento é somente fazer com que se
compreenda a posição da Igreja e o erro dos tradicionalistas reacionários.
Não nutro
nenhum desejo de polemizar ou dialogar com esses grupos, que, de tão radicais,
fechados e fundamentalistas, são impenetráveis a qualquer argumentação que não
se enquadre em seus estreitos e pobres horizontes. Tentar dialogar com eles é
como tentar dialogar com os protestantes fundamentalistas, sem tirar nem pôr. Nem
mesmo freqüento tais sites, pois de modo algum valem a pena. Meu interesse é
somente prevenir de modo argumentado e metódico aqueles que se sentem perplexos
ante a aparente solidez da argumentação desses reacionários. Assim, cumpro
somente com meu dever de defender a fé católica e ajudar o rebanho de Cristo
para que não caia nas armadilhas que tantas vezes aparecem na sua peregrinação
terrestre.
1. A situação da Igreja na segunda metade do
século XIX e início do século XX
Para bem
se compreender o modernismo e a reação do Papa em relação a ele, é necessário
ter em mente a situação histórica da Igreja na segunda metade do século XIX e
primeiras décadas do século XX.
Até a
Revolução Francesa, a Igreja tinha o controle moral de todos os setores da vida
humana: havia ainda uma sociedade de inspiração cristã em todos os seus grandes
aspectos. Tudo mudou a partir da Revolução de 1789: foi nascendo uma sociedade
fora dos limites da Igreja, uma sociedade industrial e urbana (com valores como
o consumo, o sucesso, a intensa circulação de idéias e riquezas, o surgimento
dos proletários e das idéias socialistas) animada por novas correntes
filosóficas desligadas da tradição escolástica medieval (a filosofia agora não
levava realmente Deus em conta: procurava pensar o mundo a partir de si mesmo,
da imanência, sem voltar-se para o Transcendente); desenvolveram-se
intensamente as ciências naturais, com seu método experimental (já não se
prestava atenção na autoridade de quem afirmava, mas nas provas que eram
apresentadas) e a ciência histórica, com o método histórico-crítico, que
procurava reinterpretar criticamente as fontes históricas (assim, tendia-se a
uma releitura dos fatos históricos a partir de um estudo crítico das fontes).
Diante dessa
cultura moderna e estranha ao controle eclesiástico – muitas vezes até hostil e
contrária à fé cristã -, a Igreja procurou erguer barreiras contra o mundo
exterior. Toda esta situação de profunda e veloz mudança pegou a Igreja
desprevenida, sem um instrumental teórico próprio para dialogar eficazmente com
a nova situação, de modo que a Igreja se encontrou incapaz de enfrentar e
argumentar com profundidade, serenidade e solidez em face às novas e urgentes
exigências. Restou à nossa Mãe católica uma posição muito ruim: colocar-se na
defensiva, sentindo-se como uma fera acuada; e, como toda fera acuada, atacou
ferozmente procurando defender-se de uma situação que poderia destruir todo o
fundamento da doutrina cristã.
Já o
Santo Padre Pio IX (1846-1878) teve que enfrentar tal situação. Havia
primeiramente a ferida aberta e supurante, provocada pela Questão Romana: a
Igreja perdera os Estados Pontifícios, exatamente em nome das novas idéias
sociais e da democracia… Isto gerava todo um estado de espírito de contraposição
ao mundo moderno, fazendo a Igreja assumir uma atitude reacionária, já que se
posicionava contra tudo que tivesse ligação com a “revolução”: idéias como
democracia, liberdade religiosa, liberdade de consciência, luta pela justiça
social, etc, eram vistas com infinita desconfiança porque eram defendidas
exatamente pelos ambientes liberais e racionalistas que se contrapunham à
religião cristã. O ideal, para a hierarquia eclesiástica, seria o impossível: a
volta do Antigo Regime, da monarquia absoluta pré-Revolução Francesa. A
mentalidade católica tornou-se, assim, reacionária, fechada, fossilizante. De
uma Igreja que tinha sido tantas vezes criativa e propositiva na Antiguidade e
na Idade Média, passava-se a uma mentalidade estéril e de retranca. Em 1864,
Pio IX escreveu a Encíclica Quanta Cura e o Syllabus, um
catálogo de 80 erros contemporâneos, contendo condenações generalizadas de
tendências liberais dentro da Igreja. Só para se ter uma idéia da mentalidade
de então: a 76ª. tese condenava quem afirmasse que o fim do Estado Pontifício
ajudaria à liberdade da Igreja; a 80ª. tese negava que o papado pudesse se
reconciliar com o progresso. Note-se que a Igreja foi assumindo uma atitude
profundamente negativa em relação ao mundo atual, tornado-se não somente
conservadora, mas reacionária mesmo – no sentido em que adota uma postura
defensiva, hostil e negativa a tudo quanto vinha do mundo moderno… Na verdade,
ela se sentia sempre mais perplexa ante uma realidade forte, difusa, a ela
hostil e com a qual ela não sabia como estabelecer um diálogo ou neutralizá-la.
Já aqui é necessário ressaltar que tal atitude da Igreja não foi culpa do Papa
ou de quem quer que seja. Tratava-se de uma situação para a qual a Igreja da
época realmente não estava preparada para e não soube como enfrentar essa
realidade.
O
sucessor de Pio IX, Leão XIII, tentou diminuir o abismo entre a Igreja e a
ciência moderna. Ao menos na questão social deu um importante passo com a
Encíclica Rerum novarum. Passo, sem dúvida, grande, mas nem de
longe suficiente, para frear um afastamento sempre maior entre mundo e Igreja.
Baste recordar a situação dolorosa do proletariado, o inchaço das cidades, o
desenraizamento da população européia que agora deixava de ser rural e perdia
seus referenciais… A Igreja não percebeu nada disso a tempo e a classe operária
foi seduzida pelas doutrinas filosóficas de esquerda, sobretudo o marxismo. Uma
outra tentativa do Papa para responder de modo intelectual às novas idéias foi
restaurar o tomismo, isto é a filosofia da São Tomás de Aquino, valorizando a
neo-escolástica, com a Encíclica Aeterni Patris, em 1879.
Muitos eruditos católicos procuraram responder aos novos problemas a partir de
São Tomás de Aquino. Um luminoso exemplo foi o Pe. Reginaldo Garrigou Lagrange,
eminente teólogo dominicano. O problema é que o tomismo tradicional
simplesmente não respondia mais às questões de modernidade. Era como a
tentativa de colocar vinho novo em odres velhos… Toda genialidade e frescor de
São Tomás – bem próprios e eficazes na Idade Média – foram engaiolados em
fórmulas já prontas, em respostas mais ou menos engomadas, que realmente não
satisfaziam e pouco diziam ante os grandes problemas colocados pela
modernidade. A filosofia neo-escolástica parecia uma receita fria e irreal ante
os problemas colocados pelas novas correntes filosóficas. Uma atitude positiva
de Leão XIII foi ainda tomada na Encíclica Libertas (1888), na
qual se pronunciou contra o “casamento do trono com o altar”, defendido pelos
papas anteriores. Na França, chegou mesmo a incentivar uma política de
aproximação entre os católicos e a república – coisa inadmissível para alguns
papas anteriores.
A Leão
XIII sucedeu Pio X, homem virtuoso e afável, que deu ao seu pontificado uma
orientação proeminentemente pastoral: incentivou a comunhão das crianças e sua
prática freqüente, promoveu o canto gregoriano e a catequese ministrada por
leigos, preparou a codificação do Direito Canônico (promulgado depois por Bento
XV), determinou a reforma do breviário e permitiu que os católicos italianos
votassem – o que fora proibido no pontificado de Pio IX, desde que os
nacionalistas italianos tomaram os Estados Pontifícios e unificaram a Itália.
Foi no pontificado de Pio X que estourou de modo virulento a crise modernista,
fazendo este Papa fechar-se mais ainda para o mundo de então.
2. O modernismo
Diante de
toda esta situação, certamente, os desafios que o mundo colocava para a Igreja
repercutiram profundamente dentro da própria comunidade católica. Muitos
estudiosos e leigos mais conscientes procuraram encontrar respostas novas para
os novos problemas. Havia realmente muitos que, procurando conciliar a fé
católica com a nova mentalidade, terminavam por trair essa fé que procuravam
apresentar de um modo novo. Mas, havia outros que, com equilíbrio, e sem se
afastar em nada da essência do catolicismo, procuravam realmente, como o bom
escriba de que fala o Evangelho, tomar do seu tesouro coisas novas e velhas:
mantendo-se fiéis à Tradição, tentavam, no entanto, apresentá-la de modo novo,
compreensível à sensibilidade de um mundo profundamente transformado. Este
último grupo é chamado de progressista.
Infelizmente,
ante a situação tão desafiadora e complexa, o Santo Padre Pio X, avaliou de
modo extremamente negativo toda e qualquer tentativa de diálogo entre os
católicos e o mundo moderno. Diante de tantas e tão velozes mudanças, o medo do
Papa era que um diálogo da teologia cristã com as novas tendências viesse a
dissolver o núcleo da fé católica. Sendo assim, sem separar nem distinguir os
que se rendiam ao espírito do mundo (modernistas propriamente ditos) e os que
com ele dialogavam, mas sem em nada ferir à Tradição (os progressistas),
denominou a todos de modernistas e classificou a tendência de dialogar com as
idéias modernas e a elas fazer concessão de ”modernismo”. Poderíamos dizer,
portanto, que modernismo, de modo geral, é um movimento que desejava a reforma
da Igreja e de sua doutrina para adaptá-las às exigências colocadas pela
sociedade moderna. Observe-se que se trata de um conceito amplo demais,
demasiadamente abrangente, englobando num só grupo segmentos e mentalidades
realmente muito diferentes e, às vezes, incompatíveis. Pio X colocou a todos no
mesmo saco! Na realidade esses teólogos católicos do fim do século XIX e início
do século XX, conforme seu modo de pensar, suas idéias a respeito de reforma,
sua origem e sua educação, pertenciam às mais diversas e até opostas
tendências. O que os “modernistas” – como o Papa os chamava – tinham em comum
era a vontade de superar o abismo que se abrira entre a Igreja e o mundo
moderno, entre a teologia e a ciência.
O Santo
Padre Pio X viu no modernismo uma perigosa irrupção do espírito do mundo dentro
da Igreja e o definiu como o compêndio e o veneno de todas as heresias.
Certamente, havia um bom número de pensadores que, no intento de dialogar com
as novas idéias, terminavam por desfigurar a fé cristã. Uma posição bastante
comum desse grupo heterodoxo era aquela de converter a experiência religiosa em
critério decisivo da relação do homem com Deus. Isto em oposição ao
conceptualismo da neo-escolástica oficial. Em palavras mais claras: para os
modernistas radicais, a experiência religiosa, a religião, era uma questão
sobretudo de sentimento, de subjetividade. Isto era gravíssimo, pois sendo
assim, a religião já não era uma questão de verdade, mas simplesmente de
sentimento, a revelação de Deus a Israel e em Jesus Cristo era reduzida a uma
questão sentimental… Note-se que se fosse assim, Deus não se teria revelado e
tudo quanto soubéssemos de Deus não passaria de uma idéia feita pelo próprio
homem sedento de Absoluto. Tratam-se de idéias imanentistas, subjetivistas e
relativistas, já que a verdade seria feita pelo próprio homem e teria o homem
como critério. Com isto, já não teria mais muito sentido a Igreja como
estrutura nem o Magistério teria alguma autoridade dada por Deus! Aliás, o
próprio ser divino de Cristo terminaria colocado em xeque, pois o Infinito não
poderia se manifestar diretamente neste mundo finito.
Em 1907,
com o Decreto Lamentabili, Pio X condenou 65 sentenças dos dois
modernistas mais famosos: o francês Alfred Loisy e o inglês Geroge Tyrell e na
Encíclica Pascendi, o Papa procurou traçar um perfil do modernismo
como um sistema completo, homogêneo, uma verdadeira síntese das heresias,
criadas para aniquilar não apenas a religião católica, mas toda e qualquer
religião. Já afirmei antes e repito agora que, assim fazendo, o Santo Padre
colocou num mesmo saco gatos muito muito diferentes! A Pascendi juntava
e reunia num único personagem – o herege modernista – características
encontradas em intelectuais muito diferentes e até opostos entre si. O Papa
afirmava ainda que a periculosidade dos modernistas seria tanto maior porque se
disfarçavam com uma vida moralmente austera, porém motivada por orgulho e
soberba. As medidas tomadas por São Pio X foram drásticas: os clérigos foram
severamente exortados a voltarem à filosofia de são Tomás de Aquino; as
dioceses deveriam constituir comitês de vigilância, que fiscalizariam
publicações e ensino dos sacerdotes, devendo enviar relatórios periódicos a
Roma; aos padres suspeitos somente seriam confiadas funções sem importância nem
incidência; salvo com a permissão expressa, os clérigos não deveriam ir às
universidades estatais, sobretudo não deveriam freqüentar os cursos de
filosofia e de história. Ora, tal atitude dura de São Pio X despertou a reação
áspera de alguns modernistas. Isto fez o Papa determinar, em 1910, o juramento
antimodernista. Por causa dos duros protestos, Pio X dispensou do juramento
somente os professores de teologia da Alemanha.
Como se
pode imaginar, este foi um período muito triste na história recente da Igreja:
(1) Triste porque a sociedade mudava rapidamente, desenvolvia-se numa
velocidade vertiginosa, as novas idéias e as recentes descobertas científicas
pululavam e a Igreja não sabia como reagir e muito menos como interagir com
toda esta situação; (2) Triste porque um Papa santo, de coração manso e humilde
e de profundo sentido pastoral, como foi Pio X, sentindo-se no dever sagrado de
defender a fé católica, não conseguiu separar aqueles que realmente rendiam-se
ao espírito das novas idéias sem discernimento (modernistas) daqueles que
queriam dialogar com a nova mentalidade e aproveitar as novas idéias naquilo
que tivessem de compatível com a fé cristã (progressistas). (3) Triste porque
se criou na Igreja um terrível clima de tensão, desconfiança, fofoca, delação e
perseguição. Foi um período no qual muitas vezes esqueceu-se a caridade e o
respeito pelo irmão, prevalecendo a desconfiança e o mau juízo… Isto porque
surgiram grupos integristas, que procuravam nos ensinamentos da Igreja e do
Papa, de modo unilateral e infantil, resposta a todas as perguntas, inclusive
as da ciência e da arte, bem como da vida particular e política: “Nós somos
católicos romanos integrais, isto é, consideramos verdade absoluta não apenas a
doutrina eclesiástica tradicional, mas também as orientações do Papa sobre
coisas práticas, fortuitas, isto é, sobre todas as coisas e pessoas. A Igreja e
o papa constituem uma unidade perfeita” (integristas) – estas são palavras de
uma revista integrista da época. Claro que tal mentalidade nada tinha com a
verdadeira Tradição católica! Tem-se aqui uma outra tendência herética,
extremista: um ultramontanismo doentio e fanático, que desejava ser mais
papista que o Papa! Contra quem pensasse diferente, os integristas eram
agressivos e inquisitoriais. É deste ambiente terrivelmente fechado, fanático e
reacionário que surgiu o Sodalitium Pianum (“piano”, aqui,
refere-se ao Papa Pio X). Esse grupelho de ânimo intransigente era uma
associação secreta (Sapinière) fundada e dirigida por Mons. Umberto
Benigni, bispo sub-secretário de Estado, e considerava sua tarefa mais urgente
desmascarar todos os modernistas, estigmatizá-los e providenciar sua condenação
eclesiástica. Em outras palavras: tínhamos na Igreja um serviço secreto de
informação e delação uma KGB… Infelizmente, esse grupelho recebeu apoio
financeiro e moral de São Pio X, apesar de vários membrosda Cúria Romana serem
contrários a tal grupo, que era fechado, exagerado, policiesco e tendente ao
fanatismo. Graças a Deus essa confraria foi imediatamente colocado no canto
pelo sucessor de Pio X, o Papa Bento XV, em 1921. Pio X apoiava tal grupo
porque foi se sentindo cada vez mais sozinho e ameaçado no seu modo de avaliar
a situação – realmente o Papa fechou-se demasiadamente, vendo perigo em tudo!
Não há
dúvidas de que a situação era realmente perigosa e difícil. Os modernistas
radicais colocavam sim em perigo a fé católica. Além do mais, o modernismo
extravasou o âmbito meramente teológico: como escapadouro das ânsias
represadas, desenvolveu-se também como modernismo político, que defendia o
liberalismo, esforçando-se para imbuir do espírito católico as novas forças da
democracia e das lutas sociais. Em outras palavras: havia pensadores católicos
apoiando abertamente a democracia, a separação entre Igreja e Estado e várias
das reivindicações sociais da classe operária – reivindicações que hoje todos
pensamos normalíssimas, mas que na época eram inovadoras e revolucionárias.
Ante a posição decididamente negativa do Papa, desabafava o modernista radical
Ernesto Buonaiuti: “Tentamos trazer as doutrinas do catolicismo para mais perto
do nosso tempo, falando a sua linguagem e expressando seus próprios
pensamentos, a fim de que por esse contato a mútua semelhança, que vai longe,
se evidencie. Não podemos acreditar que a Igreja continue considerando
destrutivo o nosso programa. Em alguma tentativa de aproximação podemos nos ter
enganado, e nesse caso não há nada que mais desejamos do que uma advertência
paternal. Mas contra a nossa atividade, cheia de sacrifícios e abnegações, não
se lance uma áspera e irrevogável condenação!” Na Alemanha, os católicos
reformistas (que não eram modernistas e, infelizmente, foram tratados como
tais), desejavam harmonizar a vida e a doutrina da Igreja com o progresso da
cultura e da ciência, sem violar a revelação e a fé, nem as estruturas
fundamentais da Igreja. Mesmo assim, também eles não escaparam da suspeita e
das restrições.
Repito:
tudo isto foi muito triste! Se tivesse havido espaço para o diálogo, se tivesse
havido mais discernimento para separar alhos de bugalhos… Mas, nada disso:
diante do perigo grande, sorrateiro, diante do inimigo cujo rosto era
desconhecido e cujos contornos eram de difícil delimitação, a condenação foi
taxativa e geral, levando a um duplo resultado negativo: (1) os modernistas
realmente modernistas terminaram por romper com a Igreja, sendo excomungados e
degenerando de vez na sua doutrina herética e (2) os moderados, que realmente
não tinham em nada se afastado da autêntica fé católica e muitíssimo teriam
contribuído para o diálogo são e correto entre a Igreja e a sociedade que
estava nascendo, foram silenciados e obedeceram. O problema é que isto deixou a
Igreja falando sozinha, trancada em si mesma, sem uma real incidência no mundo
que caminhava por sua própria conta. Isso é muito ruim porque um Deus sem mundo
termina levando a um mundo sem Deus! A teologia, assim engessada e reprimida,
degenerou-se, ficando extremamente medíocre: os professores eram obrigados
simplesmente a repetir velhas explicações e fórmulas das quais sabiam serem
ultrapassadas e ineficazes para exprimir a fé, pois que já não serviam para
alimentar uma piedade, um pensamento e uma pastoral que fossem sal e luz para o
mundo tão transforamado… Muitos excelentes teólogos, homens santos e fiéis à
Igreja, foram colocados sob suspeição de serem modernistas sem motivo algum;
isto provocou muitos danos à teologia… Eis alguns exemplos: (1) O grande
exegeta, Pe. Marie-Joseph Lagrange, OP, procurou aplicar os princípios do
método histórico ao estudo da Sagrada Escritura e às origens do cristianismo,
mas isto sempre harmonizando suas investigações progressistas (não modernistas)
com o ensinamento oficial da Igreja. Apesar de toda sua prudência, foi objeto
de denúncias pelos integristas reacionários e suas pesquisas foram imensamente
prejudicadas. (2) No âmbito da filosofia, Maurice Blondel, católico sério e leigo
consciente, quis apresentar a fé e suas conseqüências práticas com um novo
vigor, utilizando o seu assim chamado “método da imanência”. Seu desejo era
demonstrar que a fé é plenamente condizente com o homem moderno, pois que a
revelação cristã seria a plenitude de uma aspiração natural e primordial do
homem. Pois bem: em nome de um conceito errado atribuído erroneamente a Santo
Tomás lido de modo capenga, Blondel foi denunciado como modernista pelos
integristas de sempre, acusado de destruir e esvaziar a realidade sobrenatural
e a gratuidade da graça de Deus. A mesma acusação seria feita ao grande Pe. De
Lubac décadas mais tarde. Em síntese: tudo que não fosse a velha cantilena
tomista cantada de um modo a-histórico, míope e conceptualista, era colocado sob
suspeição pelos integristas que dominaram no pontificado de São Pio X.
Resultado final de tudo isto: os graves problemas da relação entre fé e
modernidade permaneceriam sem solução até que começassem a ser afrontados
claramente e com coragem a partir do Vaticano II! É uma lição que deveríamos
aprender: não adianta – mesmo com toda a boa vontade do mundo – colocar os
problemas debaixo do tapete da história: cedo ou tarde ter-se-á que
afrontá-los, de um modo ou de outro!
Somente a
título de ilustração, eis alguns breves acenos sobre Alfred Loisy, que foi o
mais conhecido dentre os modernistas. Era sacerdote carmelita. Pretendia
sobretudo aplicar o método histórico-crítico também à história das origens
bíblicas e da Igreja. Em seus cursos no Instituto Católico de Paris e em sua
revista L’Enseignement biblique, seguindo a exegese protestante
alemã, afirmava que Moisés não poderia ser o autor do Pentateuco e que os onze
primeiros capítulos do Gênesis não pertenceriam ao gênero literário histórico.
Depois, transcendendo a questão bíblica, procurou analisar a natureza dos
dogmas na Igreja. Fê-lo relativizando de modo forte a revelação e o dogma. Na
verdade, desejava confrontar o sistema vigente, a-histórico, da neo-escolástica
com as idéias newmanianas sobre a evolução do dogma. Ele pretendia mostrar que
a Igreja e o dogma não vão contra as intenções de Jesus, mas foram conseqüência
de seu ensinamento. Afirmava, por exemplo, que a Igreja era a única forma pela
qual, após a morte de Jesus, poderia sobreviver o anúncio do Reino pregado por
Cristo. O que Jesus havia proposto somente poderia sobreviver com a adaptação
às novas exigências históricas, com a procura de novas repostas para as novas
situações que Jesus não havia previsto e, por isso, não tinha podido revelar
aos seus discípulos. Justamente por isso os dogmas não constituiriam verdades
caídas do céu, mas eram somente o produto da história. A identidade decisiva
entre o Jesus e a Igreja não estaria na manutenção da mesma verdade, mas no
fato de ambos estarem na mesma corrente de vida. Interessante aqui notar que a
intenção principal de Loisy não era criticar, mas apologizar, defender a fé
contra o protestantismo liberal de Adolf Harnack; só que os princípios que usou
para tanto levavam à conclusões incompatíveis com a fé católica.
Esta é a
complicação e a fraqueza do modernismo: muitas vezes eram intenções boas,
intuições corretas, mas apresentadas de modo inaceitável para a fé, pois
terminava por reduzi-la a um fenômeno meramente humano e imanente, sem vínculo
objetivo e real com o Transcendente. Analisemos as afirmações acima: Loisy
estava correto quando percebera que o dogma evolui na história – e isto sempre
aconteceu na vida da Igreja – o Cardeal Newman, por exemplo, tinha-o
demonstrado muito bem. O problema é quando o Carmelita atribui isso
simplesmente a um dinamismo histórico, esquecendo que a Igreja é guiada pelo
Espírito Santo que preside a esse processo e que tem um órgão próprio para
avaliar e discernir, que é o Magistério do Papa e dos Bispos em comunhão com o
Sucessor de Pedro. Como o teólogo carmelita apresenta as coisas parecia que o
dogma era um produto do dinamismo meramente histórico e cultural, obra
meramente humana, sem nenhuma participação de divina. Foi condenado e,
posteriormente, radicalizou suas posições, afirmando que a revelação e a fé em
Deus pareciam até se volatilizar. Não foi por acaso que Loisy se tornou cada
vez mais racionalista, a ponto de negar a divindade de Jesus Cristo e reduzir a
experiência religiosa a uma simples questão filantrópica e humanitária. Seu
mérito foi ter levantado, no início do século XX, certos problemas que antes
dele praticamente não tinham sido enunciados na Igreja. Apesar de todo o seu
exagero e seus erros, sua obra abriu caminho para a posterior aceitação do
método histórico-crítico na Igreja.
3. O período pós-modernista
Com uma
perseguição implacável aos modernistas – fossem eles verdadeiros ou supostos -,
São Pio X realmente conseguiu livrar a Igreja do tsunami que a
cercava: aquela mentalidade nova e, muitas vezes, incompatível com o
cristianismo. Como já foi dito, as duras condenações de modo amplo e sem
matizes esterilizaram por um bom tempo a pesquisa dos exegetas católicos. Num
clima assim, muitos, por prudência, se fecharam na erudição e na arqueologia.
Somente a partir de Pio XII, com a EncíclicaDivino afflante Spiritu,
começou-se, pouco a pouco, um pequeno ensaio de afrouxar mais as rédeas da
exegese e de incentivar os exegetas no seu trabalho. O mesmo valeu para os
teólogos e a teologia de modo geral, até então sob estrita e fossilizante
vigilância integrista dentro da Igreja. Agora, já não mais se obrigava os
teólogos a afirmarem que o dogma não tinham história. Alguns teólogos, como
Chenu, Congar e De Lubac proppuseram uma rica e fecunda teologia fortemente
enraizada nos Padres e na história da Igreja. Apesar de serem plenamente
ortodoxos, ainda tiveram que enfrentar um clima de suspeitas em certos
ambientes adeptos de um tomismo dogmático e fossilizado que, além de errar por
pensar que o tomismo é a única escola de teologia realmente católica, defendiam
uma interpretação de São Tomás que não era realmente fiel ao pensamento e às
intuições do Doutor Angélico. Esses teólogos brilhantes foram colocados
injustamente em linha de fogo, sua teologia foi denominada de modo pejorativo
de Nouvelle Théologie, “Nova Teologia”, no sentido de ser infiel à
Tradição eclesial. Graças a Deus esse importante grupo de teólogos, mesmo
sofrendo incompreensões, manteve-se fiel à Igreja e levaram adiante seus
estudos, que foram de inestimável valor para a renovação da e colocaram as
bases para o Concílio Vaticano II. O próprio Papa Pio XII sofreu influência
desses ambientes reacionários, chegando a desconfiar de alguns aspectos da
teologia do Pe. De Lubac e condenando-os indiretamente na Encíclica Humani
Generis. Em todo caso, uma certa abertura estava realmente em curso: tanto
a eclesiologia como as relações entre a Igreja e a modernidade iam, aos poucos,
sendo abordadas não mais simplesmente em termos jurídicos, mas iam sendo
enfocadas de modo mais positivo, vital e dinâmico. O próprio Papa Pio XII
começou a interagir com mais abertura em relação ao mundo circunstante.
Começou-se a defender pacificamente – como o filósofo cristão Jacques Maritain
– que a Igreja não deveria exercer uma tutela sobre o âmbito temporal. Isto
ficara na Idade Média, por motivos históricos bem precisos e justificáveis;
agora tal pretensão seria inconcebível!
Contudo,
foi somente com o Vaticano II que a Igreja deu o passo decisivo na tentativa de
dialogar com o mundo moderno. Antes mesmo dos documentos do Concílio, é
importante salientar a própria mentalidade que dirigiu a Assembléia conciliar:
o desejo de apresentar o Evangelho e a fé católica na plena fidelidade à
Tradição mas, por outro lado, deixando de lado aqueles elementos não essenciais
que eram expressões próprias de uma situação histórica ultrapassada.
Distinguia-se a fé das expressões nas quais ela pode ser expressa;
distinguia-se o que é doutrina normativa e definitiva, pertencente ao Depósito
da Fé, daquilo que é contingente e pode ser mudado e melhorado – distinções que
não puderam ser feitas por Pio IX e Pio X pelo clima envenenado da época da
crise modernista. Assim, problemas como o ecumenismo, a questão exegética, a
questão social, a liberdade religiosa, a avaliação das várias religiões
não-cristãs, particularmente do judaísmo e do islamismo, tudo isto foi revisto
à luz da nova situação histórica e de uma mentalidade não mais reacionária,
mas, ao invés, positiva e propositiva. É importantíssimo notar que não se
tratou de renegar o passado, de adulterar a fé ou de desdizer a doutrina no que
tem de imutável, mas sim de ser fiel ao patrimônio perene da Mãe católica,
apresentando-o, no entanto, de modo dialógico em relação ao homem atual. Isto a
Igreja fizera já quando saíra do ambiente judaico para o mundo grego, quando
deixara o mundo greco-romano para penetrar no mundo celta, depois, fê-lo
novamente quando teve que interagir com o mundo germânico. Novamente iria
fazê-lo agora, dialogando de modo crítico e construtivo com a mentalidade saída
do iluminismo, do racionalismo e do cientificismo da modernidade. Neste novo
horizonte, o Magistério eclesial pôde reavaliar com mais serenidade e
profundidade várias das teses que no tempo da polêmica modernista foram
condenadas como heréticas ou perigosas para a fé. Separando o joio do trigo,
evitando os pressupostos filosóficos incompatíveis com a fé, os Papas e o
Episcopado do pós-concílio, de modo sereno e decidido vêm fazendo este trabalho
de discernimento. Muitas vezes o Magistério tem aprovado as novas impostações
da teologia e da exegese e, outras tantas vezes tem repreendido, corrigido e
até punido os desvios e erros. É isto que os tradicionalistas empedernidos
(herdeiros da mentalidade integrista, mesquinha e tacanha do Sodalitium
Pianum) e muitos teólogos excessivamente progressistas (herdeiros do
modernismo, que falam num tal de “espírito do Concílio” para defenderem tudo
quanto é teologia extravagante e contrária à fé) não conseguem entender. Quem
tem seguido com seriedade e empenho os passos do Magistério da Igreja nas
últimas décadas percebe claramente o cuidado de fazer constantemente este
discernimento, bem como o belíssimo equilíbrio do Magistério dos papas
recentes.
4. Os tradicionalistas reacionários
É todo
este processo, certamente tão guiado pelo Espírito Santo como ocorrera nas
demais épocas da história da Igreja, que os tradicionalistas não conseguem
compreender. Agarram-se aos antigos documentos sem nenhuma perspectiva
histórica, lendo-os como se a Igreja estivesse no final do século XIX e inícios
do século XX. Vivem em guerra contra moinhos de vento. O perigo é que citam os
antigos documentos sem conhecerem ou sem levaram em conta todo este contexto e,
assim, de modo obtusamente fundamentalístico, impressionam os desavisados.
Quantos jovens católicos bem intencionados, no desejo de serem fiéis à Tradição
da Igreja, caem na armadilha desses diretores de museu eclesiástico! Aí, de
modo tolo e com uma ignorância de dar pena, saem acusando todo mundo de
modernista, impugnando teólogos sérios e importantes, como o Pe. De Lubac, que
foi convocado para perito do Concílio pelo Bem-aventurado João XXIII, foi
elogiado por Paulo VI, feito cardeal por João Paulo II e foi um dos principais
mestres de Bento XVI.
Analisando
com calma, pode-se afirmar – e eu afirmo sem medo – que a “igreja” (com “i”
minúsculo) propugnada por esses tradicionalistas pouco tem da Igreja de Cristo,
sustentada pelo Espírito: a visão deles é de uma igreja fossilizada, parada
numa determinada época (e que não é a época apostólica), que não compreende as
necessidades do mundo e nada tem a dizer a ele; é uma igreja medrosa, infiel ao
seu mandato de ser sal e luz; uma igreja aleijada, que olha para trás e não
para frente, ao encontro com o Senhor que vem; uma igreja que concebe o
riquíssimo tesouro da Tradição como um baú velho, com respostas amareladas como
as anotações de um professor repetitivo e preguiçoso, que morreu
intelectualmente; é uma igreja que confunde o essencial com o acessório, a
verdade com as maneiras com as quais esta pode ser apresentada; é uma igreja
que coloca São Tomás acima da Escritura e dos Santos Padres, que coloca a Idade
Média acima da época apostólica, que de modo desonesto desqualifica os papas do
presente em nome dos papas do passado numa herética contraposição… É
interessante que até mesmo a linguagem desses tradicionalistas, pouco amigos da
Tradição, é empolada e afetada… Um sinal claro de que vão cada vez mais
perdendo contato com a Igreja real é que se isolam do Episcopado e dos demais
irmãos na fé. Interessante que, cheios de presunção, se arvoram em defensores e
intérpretes da Tradição, função que Cristo confiou aos Bispos e, para tanto, os
assiste com o Espírito Santo!
Para
concluir. Elaborei este texto para esclarecer àqueles que, bem intencionados,
ficam confusos ao lerem em sites tradicionalistas e reacionários – descendentes
diretos dos integristas do Sodalitium Pianum – citações de
antigos documentos do Magistério que parecem contradizer as afirmações do
Magistério atual. Também quis explicar o que foi o modernismo e quais os seus
perigos. Quis ainda mostrar como algumas coisas que foram condenadas em bloco
pelo Magistério da época devido a precisas condições históricas, atualmente,
purificadas, foram acolhidas e ensinadas pelo Magistério eclesiástico sem
nenhuma contradição com a fé católica e a perene Tradição da Igreja.
Não tenho
neste texto objetivo polêmico. Não perco tempo polemizando com reacionários,
porque o reacionarismo é uma doença da inteligência. Pode-se ser tranquilamente
conservador, pode-se ter esta ou aquela sensibilidade litúrgica, teológica,
espiritual, mas ser reacionário impede o diálogo, mata a caridade e turba a
compreensão. Meu escrito não é para os reacionários, mas para os leitores
sinceramente católicos, fiéis à Igreja de hoje e de sempre que, freqüentando
meu site e meu blog, procuram orientação de alguém que deseja sinceramente
estar em comunhão com o atual Sucessor de Pedro. Para estes dei-me a esta
pequena fadiga deste texto. Se ajudar sentir-me-ei recompensado.
Dom Henrique Soares da Costa
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracaju
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