Observando os
bizarros cultos à personalidade que estão sendo construídos em torno dos
candidatos políticos, eu fico me perguntando: “será que o nosso país ficou
louco?”.
Longe vão os
dias de candidatos maçantes, mas decentes, que colocavam para fora posições
políticas sem glamour. Se duvidávamos que a nossa era tenha alcançado o
pico do “pão e circo”, nós somente precisamos olhar o conflito dos gritos dos
demagogos que povoam nossos debates enquanto a multidão e a imprensa dão sinais
positivos ou negativos.
Quase uma década
após sua publicação, o livro de Bento XVI Jesus de Nazaré pode
nos ajudar a compreender a doença que infectou nossa política, por meio de uma
discussão sobre a terceira tentação sofrida por Cristo. É a tentação onde
o diabo tenta seduzir Jesus com promessas de poder político ilimitado, o
controle sobre todo o reino na Terra. Com tal poder, o mundo poderia ser
refeito e aperfeiçoado: um fim ao sofrimento, guerra e pobreza; o
estabelecimento de um reino de tranquilidade e justiça.
Nosso humor
político atual parece-me uma encarnação desta mesma tentação diabólica,
destinada aos eleitores.
Bento diz: O
império cristão e o poder secular do Papa já não constituem tentações hoje, mas
há uma nova forma da mesma tentação que consiste em explicar o cristianismo
como receita para o progresso e reconhecer como objetivo próprio da religião, e
assim também do cristianismo, o bem-estar geral. Ela se veste hoje na questão:
o que é que Jesus trouxe, se não introduziu um mundo melhor? Não deve ser este
o conteúdo da esperança messiânica? (Jesus de Nazaré,
pág. 53)
Para muitos
americanos na tradição protestante, a América é suposta como uma Nova Israel, a
Terra Prometida onde os crentes encontram segurança, prosperidade e
liberdade. Enfrentando reforma econômica e social, diminuída aos olhos de
outras nações, há a tentação de identificar um salvador e instalá-lo no poder,
a fim de “salvar a América!” – e como os judeus do primeiro século, o salvador
desejado deve ser um líder político, aquele que vai “expulsar os estrangeiros,
subjugar nossos inimigos e voltar-nos para a grandeza” À direita vemos
demagogos que acreditam nesses impulsos, prometem uma América com menos
imigrantes, mais força e respeito no exterior.
À esquerda, é
claro, vemos demagogos a serviço das preocupações sociais. Eles
representam o Messias ideal para pessoas que acreditam que nossa dor e
sofrimento vêm de uma simples falta de recursos, o que pode ser vencido, se
apenas for dado ao governo o poder de redistribuir as receitas que julgar
necessário. Esse ideal também levou Judas a criticar a mulher penitente
que ungiu Jesus com óleo caro, (e Jesus por permitir isso), sugerindo que os
atos de fé não tinham valor, a menos que servisse para necessidades sociais
específicas.
Quando uma nação
está à procura de um Messias, eleições às vezes transbordam componentes
religiosos com apaixonado fervor, mas isso é falsa religião: se o seu candidato
é o salvador da nação, seu oponente deve ser um contraponto, o mal, levando
as pessoas ao erro. O rumo desagradável que o nosso processo eleitoral tem
tido nas últimas décadas é simplesmente o que acontece quando as pessoas estão
procurando um messias com poderes ligados à terra.
Bento escreve:
Na luta contra Satanás, Jesus venceu: à mentirosa divinização do poder e do
bem-estar, à mentirosa promessa de um futuro concedendo tudo a todos por meio
do poder e da economia, Ele opôs o ser divino de Deus — Deus como verdadeiro
bem do homem. (pág. 45)
Nossa atual
confusão da política messiânica não era inevitável. Ela é uma resposta
racional a uma falha direta por parte da Igreja – por todos nós, não apenas a
instituição. Se as pessoas são atraídas por falsos Messias é porque temos
falhado em apresentar-lhes o verdadeiro Messias; quando os nossos amigos e
familiares se desconectam é porque não temos proclamado a verdade corretamente.
As pessoas já
perceberam que há um grande vazio no centro de suas vidas, mas não sabem o que
pode preenchê-lo. Neste momento, não precisamos de políticos profissionais
que fazem uma última disputa pelo poder. Precisamos de pregadores e
catequistas e evangelistas (que seriam você e eu), pessoas que podem mostrar
aos perdidos onde fica a verdadeira casa.
Nossa missão
continua a mesma, não importa quem está em execução: trazê-los de volta das
ilusões de salvadores do mundo, e na realidade de Cristo.
Se estamos
horrorizados com o que a política do nosso país tem se tornado, só há uma
maneira de responder: devemos nos tornar missionários em nossas próprias
comunidades e compartilhar a boa notícia.
Bento XVI
diagnosticou o problema em nossa política, e Francisco tem proclamado a
solução. Vá para fora, construa pontes com os seus vizinhos e espalhe a
alegria do Evangelho.
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Aleteia
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