Depois de levantar polêmica por trazer Jesus Cristo, nos dias atuais, encarnado na pele de um trans, o “espetáculo” O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu foi suspenso por conta de uma decisão judicial. A medida foi tomada pelo juiz Luiz Antonio de Campos Júnior em caráter de urgência na sexta-feira (15), da 1ª Vara Cível da Comarca de Jundiaí, em São Paulo.
Criada pela dramatuga escosesa e transexual Jo Clifford, peça tem a atriz Renata Carvalho no papel principal da adaptação brasileira e vinha sendo apresentada no Sesc de Jundiaí. A suspensão foi confirmada pelo próprio Sesc em seu site oficial; eles também informaram ter recorrido da decisão.
A suspensão foi aceita após um pedido impetrado pela advogada Virginia Bossonaro Rampin Paiva, que deu entrada ao processo contra o Sesc. Na decisão final, o juiz proibiu o Sesc de apresentar a peça na sexta-feira (15) ou em qualquer outra data, sob pena de multa diária de R$ 1 mil. “As circunstâncias jurídicas alegadas (…) corroboram o fato de ser a peça em epigrafe atentatória à dignidade da fé cristã, na qual Jesus Cristo não é uma imagem e muito menos um objeto de adoração apenas, mas sim o filho de Deus”, escreve o juiz.
O juiz afirma que “não se olvida a liberdade de expressão”, “mas o que não pode ser tolerado é o desrespeito a uma crença, a uma religião, enfim, a uma figura venerada no mundo inteiro.”
“De fato, não se olvide da crença religiosa em nosso Estado, que tem Jesus Cristo, como o filho de Deus”, diz ainda a decisão. “Em se permitindo uma peça em que este homem sagrado seja encenado como um travesti, a toda evidência, caracteriza-se ofensa a um sem número de pessoas.”
Na página da peça no Facebook, a diretora de Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, Natalia Mallo, condenou a decisão judicial. “Afirmar que a travestilidade da atriz representa em si uma afronta à fé cristã ou concluir, antes de assistir o trabalho, que é um insulto à imagem de Jesus é, do nosso ponto de vista, negar a diversidade da experiência humana”, escreveu. “Cria-se categorias onde algumas experiências são válidas e outras não, algumas vidas tem valor e outras não.”
“O espetáculo, escrito por Jo Clifford, busca resgatar a essência do que seria a mensagem de Jesus: afirmação da vida, tolerância, perdão, amor ao próximo”, explica ainda a diretora. “Para tanto, Jesus encarna em uma travesti, na identidade mais estigmatizada e marginalizada da nossa sociedade. A mensagem é de amor”, finalizou.
Em nota, a Arquidiocese de Londrina assim se expressou sobre a peça:
NOTA DA ARQUIDIOCESE DE LONDRINA SOBRE O TEATRO
“O EVANGELHO SEGUNDO JESUS, RAINHA DO CÉU”
O teatro “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” realizado em nossa cidade, como evento cultural, carece de visão histórica, teológica e ética. Usar a pessoa de Jesus de Nazaré, para propagar determinada opção sexual e a ideologia de gênero, é um desrespeito à verdade e ao direito de liberdade religiosa, universalmente reconhecido. Pior, é um ultraje ao Filho de Deus e aos que O seguem e Nele creem.
Nós, católicos, respeitamos e acolhemos todas as pessoas e sua orientação sexual e também temos o direito de ser respeitados. Mais uma vez perdoamos as ofensas, mas isso não nos isenta de lamentar, repudiar e protestar, porém, sem violência.
Agradecemos todas as manifestações de repúdio ao referido teatro. Aconselhamos a fazermos adoração reparadora em nossas Igrejas.
Todos sabemos que a Igreja católica é perita em arte e cultura. Para nós a arte é uma manifestação do bem, da verdade, da beleza e caminho para Deus. Continuemos servindo o povo londrinense com nossas 269 instituições de caridade, com nossas escolas, nossa PUC, nossos hospitais, nossos movimentos e pastorais. Nossos sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, catequistas e lideranças pastorais, são verdadeiros artistas que nos encantam e atraem a Jesus Cristo. Tudo fazemos em Seu nome e para a Sua maior glória.
Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina
Dom Albano Bortoletto Cavallin
Arcebispo Emérito
Cardeal Dom Geraldo M. Agnelo
Arcebispo Emérito
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Correio da Bahia/ NSCM/ Arquidiocese de Londrina
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