O pastor
José Alves da Silva julga que as igrejas protestantes neopentecostais se
multiplicam tão facilmente porque prometem mais benefícios ao homem do que ADORAÇÃO a Deus.
O povo procura aí resolver seus problemas sem se interessar devidamente pelo
louvor a Deus.
O
jornal CORREIO DA PARAÍBA de 6/02/06 publicou uma entrevista concedida pelo
pastor José Alves da Silva, Presidente da Associação Comercial dos Pastores
Evangélicos na Paraíba. A entrevista é publicada com o título PASTOR CONDENA
GRANDE QUANTIDADE DE IGREJAS, e condena porque são a expressão de uma
religiosidade depauperada por interesses de cura e benefícios pessoais, que
Deus nos seus templos pode conceder. A fé assim se torna antropocêntrica em vez
de ser teocêntrica. - É o que o entrevistado explanará nos itens da sua
resposta, como se verá abaixo.
A
ENTREVISTA
"Quais
são as igrejas históricas e quais são as igrejas independentes?
-
Bem, falo quais são as igrejas históricas, acaba-se concluindo as outras,
porque algumas têm nomes exóticos que eu nem saberia dizer os nomes. As igrejas
históricas são as provenientes da Reforma Protestante, ocorrida no século XVI.
Eu faço parte de uma dessas igrejas históricas que é a igreja Presbiteriana do
Brasil; existem as igrejas Batistas, Congregacionais, Luterana, Episcopal,
Assembléia de Deus, Metodista, essas são as igrejas históricas que estão no
Brasil há muito tempo. A Presbiteriana está no Brasil há mais de 140 anos, a
Congregacional tem uns 150 anos, a igreja Batista tem mais de 100 anos no
Brasil. As outras acaba-se concluindo por eliminação. Muitas chegaram ao Brasil
nos anos 70, são comunidades independentes que têm um sistema de governo sério,
mas elas multiplicam muito. Algumas são muito sérias e outras têm tipos de
procedimentos que nós evangélicos históricos não podemos admitir.
O
que é atribuído ao crescimento das chamadas igrejas independentes?
-
Nos Estados Unidos existem muitas igrejas que são denominadas igrejas
evangélicas livres, que saíram das denominações históricas. Agora lá eles têm
um motivo. É que muitas dessas denominações históricas caíram no liberalismo
teológico e aí, o povo que queria um ensinamento bíblico sério saiu desses
locais e formaram as igrejas independentes, igrejas sérias. No Brasil não é
tanto assim, aqui nós não tivemos liberalismo teológico, que pudesse provocar
isso. Ao contrário, a igreja evangélica histórica é muito ortodoxa, é muito
conservadora em si mesma e guardam o mesmo sistema doutrinário e teológico. O
motivo do crescimento acho que é pela própria liberdade de culto e também de um
movimento que foi importado dos EUA pra cá, denominado de "Teologia da
Prosperidade". A grande maioria das igrejas chamadas neopentecostais
trabalha com esse sistema. Essa teologia é uma doutrina que coloca Deus como
estando à disposição nossa para fazer o que nós queremos que Ele faça. Então as
pessoas procuram Deus não pelo que Ele é, mas pelo que Ele dá, pelo que Ele
pode oferecer. Assim, por exemplo, colocam-se placas nas portas das igrejas
dizendo "venha, que você vai ser curado, venha que você não vai ter mais
problema nenhum na sua vida". Ora, em um mundo carente como o nosso, num
país de terceiro mundo, com muita gente desempregada e passando por problemas
de saúde, quando esse povo é chamado para ir à igreja ele vai mesmo. Os
programas de televisão dessas igrejas apelam para isso e tem muita gente
assistindo. Assim, essas igrejas acabam crescendo muito. Acaba não sendo mais
por uma procura cristã autêntica, ética como ensina a Bíblia, mas pelo que Deus
pode dar a essas pessoas.
Além
da fé, o que uma pessoa deve observar em uma igreja antes de se incorporar a
ela?
A
pessoa deve querer servir a Deus. Nós vamos à igreja por interesse particular,
mas o nosso interesse primordial deve ser adorar a Deus. Igreja não é o templo.
Igreja é o povo que se reúne naquele templo. O nosso interesse deve ser adorar
a Deus, buscar a Deus acima de tudo. O nosso culto deve ser um serviço prestado
a Deus. Muitas delas, não estão indo para os cultos cristãos para adorar a
Deus, mas sim para receber alguma coisa de Deus, porque a propaganda que se faz
é essa, então muita gente carente vai com esse objetivo e a nossa fé deve levar-nos
a buscar mais e mais".
REFLETINDO
Já
em PR 526, pp. 169-172 foram publicados semelhantes depoimentos de pastores
protestantes, apreensivos pelo declínio do senso autenticamente religioso em
favor de um atendimento "mágico" às necessidades dos homens. Trata-se
de testemunhos especialmente abalizados por provirem de ambiente protestante.
Para agravar a situação, consta que essa multiplicação de igrejas redunda em
emolumentos para o bolso do respectivo fundador e de seus auxiliares. A boa fé
do povo simples é explorada.
Sejam
tais fatos entendidos como sinais dos tempos. Pedem a quem deles toma
consciência, uma vida ainda mais coerente com o autêntico Cristianismo como foi
entregue por Cristo à única Igreja que Ele fundou e entregou a Pedro e seus sucessores.
Dom Estêvão Bettencourt (OSB)
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