Disse o Papa
Francisco: “Perda de fiéis da Igreja no Brasil é uma verdade. As
estatísticas mostram. E isso é um problema que incomoda os bispos brasileiros” (O Globo-Rio, 30/07/2013, p. 8).
Tenho
estudado esse assunto há mais de duas décadas. Em nossa pós-modernidade o
problema é prolixo, complexo e de tamanho descomunal. Os movimentos religiosos,
pentecostalismo, neopentecostalismo, os sem igrejas (desigrejados), sem
religião (mas crentes) e indiferentes ideológicos (agnósticos e ateus).
Sociedades secretas e seus esquemas maquiavélicos. Os membros de tais
sociedades têm crenças duvidosas. Tenho me ocupado e preocupado com o sectarismo e seus congêneres devido a sua ação oculta e
revelada de modo enlouquecedor e mortal. Sociedades secretas e seitas não só
dizem respeito ao campo da teologia, da filosofia, da psicologia e da
sociologia da religião, mas também do Poder Jurídico. O Estado de Direito
deveria investigar esses movimentos com rigor.
O movimento
pentecostal é gigantesco devido a suas crias constantes: avivamentos,
renovação, “carismáticos” e o famigerado neopentecostalismo. Este tem como
fundamento a teologia da prosperidade e a espetacularização do show gospel. É
na onda das seitas neopentecostais que se encontram o G12 (igrejas em células,
os ditos apóstolos, pastores milionários, políticos com suas catedrais e
empresas religiosas). Os desigrejados continuam – que na maioria são dos dois
movimentos – pentecostais sem filiação denominacional. Os sem religião são
descontentes com as religiões tradicionais, no entanto têm uma crença livre e
holística. Agnósticos e ateus são militantes organizados contra os portadores
de fé e apologistas crentes. O movimento New Age (Nova Era) de filosofia hinduísta
e com práticas ocultistas tem arrebanhado fiéis no mundo inteiro.
Principalmente ricos e famosos.
É de suma
importância ressaltar que esses movimentos propagam suas crenças em línguas
estranhas, dons espirituais, profecias, visões, revelações, curas divinas,
milagres, exorcismos (libertação), arrebatamento espiritual (repouso no
espírito, viagem astral e regressão), autoajuda, prosperidade, meditação
transcendental, yoga, ADORAÇÃO aos anjos, astrologia e espiritualismo
eclético. A psicologia desses movimentos alcança as necessidades profundas da
carência humana. O objetivo é vender a felicidade a qualquer custo.
Em todas as
eras, quando a teologia paraclitólogica tem sua primazia, a Igreja torna-se
crescente e poderosa em sua missão de ganhadora de almas salvas e
evangelizadoras. Belo exemplo é a grande obra realizada por São Basílio Magno,
autor do primeiro tratado sobre o Espírito Santo. São Basílio, Doutor da
Igreja, Bispo místico e com visão no social. Escreve São João Apóstolo: “Quando
vier o Espírito Santo, ele vos conduzirá à verdade plena”(Jo 16, 13). Se essa
verdade plena fosse por mais propagada eliminaria muito o espaço para as
mentiras religiosas e as heresias no cristianismo. Cismas, heresias e seitas
provêm do relaxamento e da infidelidade ao Espírito Santo (cf. Atos 5,32; Ef
5,18; 1 Ts 5,19-23). Para proclamar a Boa Nova e ser ser fiel à vontade de Deus
é fundamental o cristão viver sempre cheio do poder do Espírito Santo (ler Atos
1,8; 2, 1-4).
O que está
faltando? Uma emergente tomada de posse para viver ardentemente o patrimônio do
Divino Espírito Santo. Dentro desse contexto tudo que é palha, sujeira,
liturgia congelada, contendas, fraqueza, falta de temor a Deus, descaso com a
Igreja e a triste perda de fiéis será fulminado pelo fogo do Espírito Santo.
Sem ardor, sem motivação, sem poder para testemunhar e sem amor pela salvação
das almas não existe cristão verdadeiro e nem futuro para a Igreja, a família e
a sociedade.
Deve-se
meditar profundamente em tais afirmações: sem a atuação do Espírito Santo
não existe conversão (Jo 16, 8-11; Atos 2,38); sem Ele não pode haver o
poderoso batismo de plenitude (Atos 1, 5; 2,1-4); sem Ele não existe força para
orar, proclamar o Evangelho e realizar sinais, prodígios e maravilhas (Atos 4,
24-31; 1 Cor 12, 1-13); sem Ele jamais o amor de Deus será derramado em nossos
corações (Rm 5,4); sem Ele ficamos totalmente surdos para as coisas da Santa
Igreja (Ap 2,7; 3,6). Disse o célebre Bispo e Doutor da Igreja Santo Agostinho
de Hipona: “O Espírito Santo nos foi enviado, não para informar sobre a órbita
do Sol, da Lua e das estrelas, mas para que possamos ser discípulos de Jesus”.
Realmente, ser discípulo do Divino Mestre é ser tomado pelo Paráclito (cf. Atos
6, 1-7).
Só com
absoluta submissão ao Espírito Santo pode-se desfazer toda incompatibilidade
eclesiológica, liturgia fria, ambição por cargos eclesiásticos, corrupção,
imoralidade, inveja e perseguição. O Espírito Santo é a chave que abre todas as
portas para a comunhão e o ecumenismo. Mais do que nunca, precisamos entender o
mover do Paráclito para os dias atuais e se envolver com Ele em constante
renovação e dons carismáticos! (Cf. 1 Pd 4, 10.11). A nossa radical missão é
ganhar as almas para o Reino de Deus pela força do Espírito Santo!
Pe. Inácio José do Vale
Pesquisador
de Seitas - Professor de História da Igreja - Instituto de Teologia Bento
XVI - Sociólogo em Ciência da Religião
E-mail: pe.inacio.jose@gmail.com
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