Os combates pelo
controle do aeroporto de Trípoli ameaçam mergulhar a Líbia em uma nova guerra
civil, e o governo, impotente, não descarta pedir ajuda de uma força
internacional.
O
secretário de Estado americano, John Kerry, alertou nesta terça-feira que a
violência no país é "perigosa e deve parar".
"Estamos
trabalhando arduamente para encontrar uma coesão política", declarou
Kerry, em coletiva de imprensa em Viena, na Áustria.
O
governo líbio anunciou na segunda-feira que examinava a possibilidade de pedir
ajuda a tropas internacionais para restabelecer a segurança no país. Na noite
de segunda, o aeroporto da capital foi alvo de uma chuva de foguetes, que
causou grandes estragos em suas instalações, danificando vários aviões.
De
acordo com um comunicado divulgado, 90% das aeronaves no aeroporto foram
atingidas, além da torre de controle, de um centro de manutenção e do prédio da
alfândega.
Na
noite desta terça-feira, as autoridades anunciaram a retomada dos voos no
aeroporto de Misrata e a abertura do terminal aéreo de Miitiga, na região de
Trípoli, para paliar os efeitos do fechamento do aeroporto da capital líbia.
O
funcionamento dos aeroportos de Misrata e Miitiga permitirão o regresso de milhares
de líbios bloqueados desde o domingo no exterior.
No
domingo, as milícias islâmicas atacaram o aeroporto de Trípoli para expulsar as
brigadas de Zenten. Esse grupo controla vários locais ao sul da capital.
A
'Célula das Operações Revolucionárias da Líbia', composta por milícias
consideradas o braço armado da corrente radical islâmica no país, reivindicou
os ataques.
Os
milicianos de Zenten são considerados o braço armado da corrente liberal e
estão entre as brigadas mais disciplinadas e bem armadas da Líbia.
Oficiosamente, são ligados ao Ministério da Defesa.
Milícias
da cidade de Misrata, aliadas dos islamitas, também estão envolvidas nos
confrontos.
Uma
luta de influência opõe Misrata e Zenten, cidades do oeste líbio que
participaram ativamente da rebelião de 2011 contra o regime de Muammar Khadafi.
-
Influência das eleições -
Alguns
analistas acreditam que os enfrentamentos estão ligados aos resultado
preliminares das eleições legislativas de 25 de junho, anunciados em 6 de
julho.
"Agora
está claro que o ataque ao aeroporto tem uma relação direta com os resultados
das eleições", considerou Othman Ben Sasi, ex-membro do Conselho Nacional
de Transição (CNT), braço político da rebelião contra Khadafi.
"Estes
combates são parte de uma disputa por influência", explicou à AFP.
"Existe um grupo que perdeu as eleições e que tenta ganhar influência de
outra maneira", acrescentou, referindo-se aos islamitas.
Desde
a queda de Khadafi, as milícias impõem sua lei no país, frente a debilidade das
autoridades.
Neste
contexto, o governo indicou na noite de segunda que examinava "a
possibilidade de fazer um apelo a forças internacionais para restabelecer a
segurança sobre o território e ajudar o governo a impor sua autoridade".
De
acordo com o governo, as forças teriam como missão "proteger os civis e as
riquezas do Estado, evitar a anarquia e a instabilidade, e dar ao Estado a
oportunidade de criar suas instituições, em particular o Exército e a
Polícia".
Paradoxalmente,
o governo fez esse anúncio pouco depois da saída da missão da ONU na Líbia
(UNSMIL), que retirou seus funcionários por questões de segurança.
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Fonte: Aleteia
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