Está acontecendo em Aparecida a 53ª Assembleia
Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na qual estou
presente com os outros irmãos no episcopado, demonstrando a nossa comunhão
eclesial efetiva e afetiva, tratando dos assuntos mais importantes para a
Igreja no Brasil. Peço as orações de todos, pois é interesse de todos que os
seus pastores, sucessores dos Apóstolos, os guiem bem.
Durante a Assembleia, os Bispos celebram a Santa
Missa, rezam em comum o Ofício Divino, fazem retiro espiritual e tratam de
questões necessárias à vida da Igreja e dos católicos. A Assembleia desse ano
tem como tema central as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no
Brasil e como tema prioritário os Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na
Sociedade, além de tratar de diversos temas, tais como o Relatório do
presidente, a avaliação do quadriênio, a análise de conjuntura social e
eclesial, informe econômico, Liturgia, apresentação sobre os 300 anos do
Encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida e do projeto 300 anos de bênçãos,
eleições e sobre a Reforma Política.
A pergunta que costumam fazer é por que a Igreja
trata também de política e assuntos não eclesiásticos. A resposta nos é dada
pelo então Papa Bento XVI: “A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias
mãos a batalha política... não pode nem deve se colocar no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem
na luta pela justiça. Deve inserir-se nela pela via da argumentação
racional e deve despertar as forças espirituais, sem as quais a justiça... não
poderá firmar-se nem prosperar” (Deus caritas est, n. 28).
Na doutrina social da Igreja, Política é “uma
prudente solicitude pelo bem comum” (Laborem exercens, 20). A Igreja está ao
serviço do Reino de Deus, anunciando o Evangelho e seus valores e “não se confunde com a comunidade política
nem está ligada a nenhum sistema político” (Gaudium et Spes, 76). Mas os
cristãos participam na vida pública como cidadãos. “Os fiéis leigos não podem
de maneira nenhuma abdicar de participar na ‘política’, ou seja, na multíplice
e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural,
destinada a promover de forma orgânica e institucional o bem comum”
(Christifideles laici, 42).
“Este
trabalho político não é competência imediata da Igreja. O respeito de uma
sã laicidade – até mesmo com a pluralidade das posições políticas – é essencial
na tradição cristã autêntica. Se a
Igreja começasse a se transformar diretamente em sujeito político, não
faria mais pelos pobres e pela justiça, mas faria menos, porque perderia sua independência e sua
autoridade moral, identificando-se com
uma única via política e com
posições parciais opináveis. A Igreja é advogada da justiça e dos pobres,
precisamente ao não identificar-se com
os políticos nem com os interesses de partido. Só sendo independente pode
ensinar os grandes critérios e os valores irrevogáveis, orientar as
consciências e oferecer uma opção de vida que vai além do âmbito político”
(Bento XVI, Aparecida, 13-5-2007, Disc. Inaug. do CELAM).
Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal
São João
Maria Vianney
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