quarta-feira, 22 de abril de 2015

Ama o Senhor e anda por seus caminhos


O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem temerei? Grande servo é este que sabia de que maneira era iluminado, donde lhe vinha a luz e quem o iluminava. Via a luz, não esta que declina à tarde; mas aquela que os olhos não veem. As almas iluminadas por esta luz não caem no pecado, não tropeçam nos vícios.

O Senhor disse: Caminhai enquanto tendes a luz em vós. De que luz falava ele? Não seria de si mesmo? Ele que afirmou: Eu, a luz, vim ao mundo, para que aqueles que veem não vejam e os cegos recebam a luz. É ele, o Senhor, nossa luz, sol de justiça, que refulgiu em sua Igreja católica, espalhada por toda a terra. O Profeta, figurando-a, clamava: O Senhor é minha luz e minha salvação; a quem temerei?

O homem interiormente iluminado não vacila, não abandona o caminho, tudo tolera. Vê ao longe a pátria, por isso suporta as adversidades. Não se entristece com as vicissitudes terenas, mas em Deus se fortalece. Humilha o seu coração, é constante, e a sua humildade o torna paciente. A verdadeira luz que ilumina todo homem que vem a este mundo se dá aos que temem a Deus, inunda a quem quer, onde quer, revelando-se a quem o Filho quiser. 

Quem está sentado nas trevas e na sombra da morte, nas trevas do mal e nas sombras dos pecados, ao ver surgir a luz, horroriza-se, desdiz-se, arrepende-se, envergonha-se e exclama: O Senhor é minha luz e minha salvação; a quem temerei. Grande salvação, meus irmãos! Ela não teme a fraqueza, o cansaço não lhe faz medo, não conhece dor. Digamos, então, com toda a força, não só de boca mas de coração: O Senhor é minha luz e minha salvação; a quem temerei? Se é ele quem ilumina, ele quem salva, a quem poderei temer? Venham as sombrias sugestões, o Senhor é minha luz. Podem vir, não poderão ir mais longe. Assediam nosso coração, não conseguem vencê-lo. Venham os cegos desejos, o Senhor é minha luz. Nossa força está em que ele se dá a nós e nós nos entregamos a ele. Corei ao médico enquanto podeis fazê-lo: não aconteça que não seja mais possível quando o quiserdes.

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Dos Sermões de João, o Pequeno, bispo de Nápoles
(Sermo 7: PLS 4,785-786)                   (Séc.XIV)
Disponível em: Liturgia das Horas

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