O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem
temerei? Grande servo é este que sabia de que maneira era iluminado, donde lhe
vinha a luz e quem o iluminava. Via a luz, não esta que declina à tarde; mas
aquela que os olhos não veem. As almas iluminadas por esta luz não caem no
pecado, não tropeçam nos vícios.
O Senhor disse: Caminhai enquanto tendes a luz em
vós. De que luz falava ele? Não seria de si mesmo? Ele que afirmou: Eu, a luz,
vim ao mundo, para que aqueles que veem não vejam e os cegos recebam a luz. É
ele, o Senhor, nossa luz, sol de justiça, que refulgiu em sua Igreja católica,
espalhada por toda a terra. O Profeta, figurando-a, clamava: O Senhor é minha
luz e minha salvação; a quem temerei?
O homem interiormente iluminado não vacila, não
abandona o caminho, tudo tolera. Vê ao longe a pátria, por isso suporta as
adversidades. Não se entristece com as vicissitudes terenas, mas em Deus se fortalece.
Humilha o seu coração, é constante, e a sua humildade o torna paciente. A
verdadeira luz que ilumina todo homem que vem a este mundo se dá aos que temem
a Deus, inunda a quem quer, onde quer, revelando-se a quem o Filho quiser.
Quem está sentado nas trevas e na sombra da morte,
nas trevas do mal e nas sombras dos pecados, ao ver surgir a luz, horroriza-se,
desdiz-se, arrepende-se, envergonha-se e exclama: O Senhor é minha luz e minha
salvação; a quem temerei. Grande salvação, meus irmãos! Ela não teme a
fraqueza, o cansaço não lhe faz medo, não conhece dor. Digamos, então, com toda
a força, não só de boca mas de coração: O Senhor é minha luz e minha salvação;
a quem temerei? Se é ele quem ilumina, ele quem salva, a quem poderei temer?
Venham as sombrias sugestões, o Senhor é minha luz. Podem vir, não poderão ir
mais longe. Assediam nosso coração, não conseguem vencê-lo. Venham os cegos
desejos, o Senhor é minha luz. Nossa força está em que ele se dá a nós e nós
nos entregamos a ele. Corei ao médico enquanto podeis fazê-lo: não aconteça que
não seja mais possível quando o quiserdes.
Dos Sermões de João, o Pequeno, bispo de Nápoles
(Sermo 7: PLS
4,785-786)
(Séc.XIV)
Disponível em: Liturgia das Horas
Nenhum comentário:
Postar um comentário