segunda-feira, 27 de abril de 2015

Confissões de um sacerdote


Estive pensando que Deus permite que seus sacerdotes não sejam impecáveis, dentre outros motivos, como uma maneira de que, tendo eles total e plena consciência do nada que são, de suas misérias, aprendam a ser verdadeiramente misericordiosos no confessionário quando se depararem com os pecados alheios.

Talvez seja por isso, uma das causas pela qual Deus não manda os anjos atenderem as confissões, como não os manda ministrar nenhum dos Sacramentos. Primeiro Deus quer a colaboração humana na salvação da própria humanidade, aplicando-se aqui aquele pensamento agostiniano: O Deus que te criou sem ti não te salvará sem ti. Depois pelo fato de que, poderíamos especular, com exceção de Deus, qualquer um que fosse santo e imaculado se encheria de tédio ao ouvir as misérias desfiadas em um confessionário e, quem sabe até se inflamaria de santa ira diante de tão graves ofensas a Deus e a Sua Igreja. 

O padre, homem pecador, sabe que ali, do outro lado do confessionário, está também, o homem pecador, um outro de si mesmo. O padre se entristece e, ao mesmo tempo, se enche de misericórdia com o pecado alheio, que muitas vezes é idêntico ao seu, e, na hora da absolvição, sua alma é tomada da mesma santa alegria que inunda o coração do filho arrependido. 
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Pe. João Dias Rezende Filho
Arquidiocese de São Luís

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