Chamava-se
Jamaal Rahman e não era para ele estar ali.
O vídeo
divulgado pelo autodenominado Estado Islâmico indicava que os homens ajoelhados
no chão algures na Líbia, preparados para morrer, eram todos cristãos da
"Igreja Etíope hostil" e que por isso iam pagar com a vida, como já
tinham feito 21 cristãos coptas antes deles e tantos outros na Síria, no Iraque
e no Quénia.
Mas
Jamaal Rahman não era fiel da Igreja Ortodoxa Etíope, nem sequer era cristão.
Era muçulmano e esse facto teria sido suficiente para o salvar, caso ele não
tivesse feito o impensável.
Jamaal
ofereceu-se para ser refém para que o seu amigo cristão não morresse sozinho.
A
informação foi avançada pela publicação MissionLine, do Pontifício Instituto
para as Missões Estrangeiras (PIME), que identifica como fonte um combatente do
Al-Shabab, o grupo terrorista islâmico que combate na Somália, país que faz
fronteira com a Etiópia.
Há
diferentes versões sobre aquilo que se passou. Uma diz que Rahman se converteu
ao cristianismo a caminho da Líbia, mas a segunda, considerada mais provável
pelo PIME, é de que ele se ofereceu como refém para não abandonar o seu amigo
cristão e talvez na esperança que a presença de um muçulmano entre o grupo de
detidos levasse os captores a mostrar alguma misericórdia.
Essa
esperança morreu na praia, literalmente, mas o exemplo de Jamaal está agora a
ser apresentado como prova de solidariedade inter-religiosa, numa altura em que
as relações entre muçulmanos e cristãos estão particularmente difíceis,
sobretudo no Médio Oriente e África.
A
história de Jamaal assemelha-se à de Mahmoud Al 'Asali, um professor
universitário de Mossul que, aquando da ocupação da cidade pelo Estado
Islâmico, se manifestou publicamente contra a expulsão dos cristãos, acabando
por ser morto também.
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RR Renascença
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