Em
sua catequese das quartas feiras, no último dia 15 de Abril, o nosso Papa Francisco alertou o povo de Deus sobre a gravidade da chamada “ideologia do
gênero”, que está crescendo em nosso país e no mundo. Para esta ideologia, e
para as pessoas que a defendem e propagam, as pessoas não se dividiriam por
sexo (sexo masculino e sexo feminino), mas por gêneros: heterossexuais,
homossexuais, travestis, transexuais e o que mais os desejos de cada um o
levassem a seguir. Os inventores dessa tal “ideologia de gênero”, criticada
pelo Papa, consideram que dividir a humanidade em “sexo masculino” e “sexo
feminino” é errado, e que as pessoas deveriam ser classificadas conforme seus
desejos genitais.
O Papa mostrou que o avanço dessa ideologia é um sério problema, não somente
para os cristãos. “Pergunto-me, por exemplo, se a
chamada teoria do gênero não é expressão de uma frustração e resignação, com a
finalidade de cancelar a diferença sexual por não saber mais como lidar com
ela. Neste caso, corremos o risco de retroceder”, diz o Papa
Francisco. E lembrou que junto com a difusão de tal ideologia, existe uma
tentativa de cancelar as diferenças
naturais entre homens e mulheres, para reconhecer apenas as
inclinações sexuais de cada um como definidoras da sua própria identidade
sexual. Mas, para o Papa, “a eliminação da diferença, com
efeito, é um problema, não uma solução. Para resolver seus problemas de
relação, o homem e a mulher devem dialogar mais, escutando-se, conhecendo-se e
amando-se mais”.
Falando
assim, o Papa Francisco reafirma a doutrina de sempre da Igreja Católica. O
nosso Catecismo reconhece que há pessoas com tendências homossexuais, e que
devem ser acolhidas e respeitadas, mas que esta tendência é “objetivamente
desordenada” e “atenta contra a castidade”
(CIC, § 2357 e seguintes). Reafirmando que as pessoas humanas são, em si
mesmas, homens e mulheres, o Catecismo aponta no sentido de que tais tendências
desordenadas não podem substituir a sexualidade natural, querida e criada por
Deus, o que, aliás, desordena as famílias e destrói a castidade, que é o
convite feito pelo Catecismo a todos os cristãos. A Congregação para a Doutrina
da Fé, no Vaticano, publicou, nesta mesma linha, em 03 de junho de 2003, um
documento chamado “Considerações sobre os Projetos de Reconhecimento Legal das Uniões entre Pessoas Homossexuais”,
assinado pelo então Cardeal Joseph Ratzinger (que depois viria a ser Bento
XVI), e publicado no pontificado de João Paulo II, no qual, seguindo a mesma
linha do Papa Francisco, afirma-se com todas as letras: “A Igreja ensina
que o respeito para com as pessoas homossexuais não pode levar, de modo nenhum,
à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento legal das uniões
homossexuais”, e institui um grave dever aos fiéis e aos
políticos católicos: “Se todos os fiéis são obrigados a
opor-se ao reconhecimento legal das uniões homossexuais, os políticos católicos
são-no de modo especial, na linha da responsabilidade que lhes é própria.”
As
razões para isto não são difíceis de descobrir. Um deputado que se identifica
como representante da comunidade “de gênero” está defendendo a aprovação da
chamada “lei da homofobia” (PL 122), em que, por exemplo, proclamar os textos
bíblicos em que a criação do homem e da mulher por Deus implica declarar que
somente estes dois sexos são naturais pode ser crime. Ou seja, a declaração do Papa
Francisco de que o Livro do Gênese expressamente declara que Deus “criou o ser
humano à sua imagem: criou-os homem e mulher” poderia tornar-se crime no
Brasil, pela militância desses deputados “de
gênero”. A situação agravar-se-ia, transformando-se, para estes
ideólogos do gênero, em plena homofobia da
parte do nosso Santo Padre, porque o Papa Francisco sublinhou que “a diferença sexual está
presente em muitas formas de vida. Não só o homem e nem só a mulher são imagem
de Deus, mas ambos, como casal,
são imagem de Deus
Criador”.
A
militância desses políticos “de gênero” tem sido intensa, no Brasil. Resoluções
publicadas no Diário Oficial da União em 12 de março do corrente ano reconhecem
os “direitos” de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e
transgêneros (LGBT) nas instituições de ensino e estabelecem o uso do nome
social em boletins de ocorrência registrados por autoridades policiais. Em
relação às escolas, estas resoluções do Governo federal atual estabelecem que “deve
ser garantido o uso de banheiros, vestiários e demais espaços segregados por
gênero, quando houver, de acordo com a identidade de gênero de cada um. Caso
haja distinções quanto ao uso de uniformes, deve haver a possibilidade do uso
conforme a identidade de gênero.” O texto determina ainda que a
garantia do reconhecimento da identidade de gênero deve ser estendida a estudantes adolescentes,
sem que seja obrigatória a autorização do responsável. Dá para imaginar as
consequências, para os pais cristãos, de verem o banheiro feminino da escola
onde estuda, digamos, sua filha de oito anos, utilizado por travestis
masculinos de dezesseis anos ou mais. E, para eles, protestar contra esta
situação, mesmo em nome da própria fé e dos princípios familiares, representa o
crime de homofobia.
Bom,
o clamor público pela reforma política tem levado algumas categorias a valer-se
da desculpa de
que uma reforma assim é necessária (e de fato uma reforma política de verdade é
realmente necessária) para tentar impor sua própria agenda, de modo escondido,
ao povo brasileiro. É o que acontece, por exemplo, com um projeto de reforma
política apresentado por uma certa “Coalizão
pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas”, que, a
pretexto de promover uma reforma política no país, quer aumentar a
representação de candidatos de “gênero”
através do aumento progressivo de financiamento público das campanhas de “grupos de minoria”.
Após declarar que há mais homens que mulheres em cargos públicos, essa coalizão
propõe: “Para reduzir
esta distorção o Projeto da Coalizão, visando aprofundar o processo
democrático, estabelece a alternância de gênero na composição da
lista partidária.” E para não deixar nenhuma dúvida de que a palavra
“gênero”,
aí, toma exatamente o sentido ideológico condenado pelo Papa Francisco, a mesma
Coalizão afirma: “O
Projeto estabelece, também, que o partido ou coligação que apresentar candidato
ou candidata incluído em movimentos sociais sub-representados terá majorado, em
três por cento, a dotação do Fundo Democrático de Campanha.” Vale
dizer, o dinheiro público que vem dos nossos impostos, e que deveria ser usado
na saúde, educação e segurança do nosso povo, será usado para “majorar”, quer
dizer, aumentar o patrocínio a candidatos de “gêneros” que sejam incluídos em “movimentos sociais
subrepresentados”, vale dizer, minorias sexuais. Esta cartilha está aqui.
E
para não restar nenhuma dúvida sobre quais são os interesses políticos aí
defendidos, vê-se, na relação das entidades que compõem tal coalizão, algumas
entidades de “gênero”. Por exemplo, certa entidade que se apresenta como “LBL (Liga Brasileira de Lésbicas)”,
e certa “Rede Nacional
Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos”.
Estas entidades, e outras que apoiam de forma menos explícita esta ideia de
introduzir a ideologia de gênero na reforma política de maneira oculta ao povo
católico, conseguiram colocar um artigo de lei no tal “projeto de lei de iniciativa
popular” de reforma política um artigo que expressamente faz
reservar recursos
públicos cada vez maiores para candidatos representantes de
minorias de “gênero”.
É o art. 18, § 2º desse projeto de lei que diz: “a dotação do fundo democrático de campanha destinado
aos partidos ou coligações será majorada em três por cento sempre que o partido
ou coligação apresentar candidato ou candidata incluído em segmento social
sub-representado”. O projeto de lei proposto está aqui.
Para
não haver dúvida de que esta majoração, aumento de dinheiro público para
propaganda eleitoral dessas minorias,
se destina àquilo que esta Coalizão chama de “paridade de gênero” (e não, portanto,
de sexo,
no sentido natural do termo), a mesma Coalizão coloca com todas as letras, na
página em que apresenta o projeto, que um dos seus princípios é a “Paridade de gênero na lista
pré-ordenada”. Esta colocação está aqui.
E,
ainda com certeza sem atentar para o magistério católico de sempre sobre a
questão do “gênero”, reafirmado pelo Papa Francisco, este projeto, sabe-se,
chegou a ser apresentado em paróquias e movimentos pastorais católicos, para
receber assinaturas dos fiéis. É preciso alertar, portanto, os nossos santos
Bispos, de que o nome da sua entidade está sendo
usado deste modo, e
expressamente, em obediência ao Papa Francisco, devem pedir a retirada da assinatura da parte dos católicos
que inadvertidamente subscreveram este projeto em paróquias ou pastorais.
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Título original: O Papa Francisco, a Ideologia de Gênero e a Reforma Política
Fonte: ZENIT
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