Na
noite de ontem (09), faleceu em São Luís, o Monsenhor Hélio Maranhão. Poeta,
orador sacro, homem público, versátil, trabalhador, inteligente e corajoso, com
inegável e invejável folha de serviços prestados à Igreja, ao Estado do
Maranhão e à cultura, o Monsenhor Hélio Maranhão é reconhecido como uma das
maiores expressões do Clero maranhense.
"Monsenhor
Hélio Maranhão era um apaixonado pelo Evangelho"
Na
tarde desta terça-feira (10), as 14h, na igreja Santo Antônio, Centro
Histórico, dezenas de amigos e parentes se reuniram para a Santa Missa de corpo
presente de Monsenhor Hélio Maranhão presidida pelo arcebispo dom José
Belisário, concelebrada pelo bispo auxiliar dom Esmeraldo Barreto, pelo bispo
emérito de Viana, dom Xavier Gilles, e pelo bispo de Brejo, dom José Valdeci.
Também concelebraram padres capelães, padres
diocesanos e diáconos permanentes da Capelania e da Arquidiocese. A santa missa
foi marcada por fortes homenagens, entre membros da Academia Maranhense de
Letras, Empresariado, amigos e parentes. Entre as homenagens um destaque para a
leitura da Carta de dom José Guimarães, Arcebispo da Capelania Militar do
Brasil. Dom Xavier Gilles, em sua homilia, fez referencia ao Monsenhor como um
servo apaixonado: " Monsenhor Hélio era um apaixonado pelo
Evangelho". E proseguiu afirmando que "tudo que ele fazia era por
paixão: paixão pelo Evangelho, paixão pela Igreja, paixão pelos pobres, paixão
pelo seus". Dom Xavier recuperando o ensinamento evangélico do dia,
encerrou dizendo: " que ao fim da nossa vida, possamos tomar o exemplo de
Hélio Maranhão e dizer 'sou um servo inútil, não fiz mais que minha
obrigação'". Após a comunhão, padre José Raimundo, capelão, fez a
encomenda do corpo do Monsenhor que, em seguida, saiu levado pelos padres
capelães e, na porta da igreja, entregue nas mãos dos cadetes para o cortejo
fúnebre ao Carro de Bombeiros para prosseguir até o cemitério Jardim da Paz.
Sob aplausos, foguetes, canções e torques, Monsenhor recebeu as últimas
homenagens de pessoas que o queriam tão bem. Como ele dizia: "quando
morrer, não quero tristeza, mas alegria, pois eu vou viver no Pai".
Histórico
de Monsenhor Hélio Maranhão
Com um
currículo que ostenta sete livros publicados, entre eles, Uma carta de amor,
com comentários à Carta Encíclica do Papa Bento XVI sobre o amor de Deus que se
revela no amor do homem e da mulher, isto é, no amor dos irmãos e “Maria Mãe de
Deus e nossa mãe”, onde ressalta a figura da mulher que não é deusa, mas é a
mãe de Deus.
O Monsenhor
Hélio Maranhão nasceu no dia 27 de maio de 1930, em Barra do Corda. Aos 13 anos
de idade veio para São Luís e entrou para o Seminário Santo Antônio, onde
concluiu o curso aos 20 anos de idade. Segundo ele, todas as suas decisões
tiveram o apoio da mãe, Perpétua Nava Maranhão, de descendência italiana. “Ela
foi incansável no meu acompanhamento. Deu-me força antes, durante e depois que
decidi ser seminarista. Devo tudo a ela”, disse.
Monsenhor
Hélio Maranhão integrou o quadro de Oficiais Capelães e chefia o Serviço de
Assistência Religiosa da Polícia Militar, mas antes de ser capelão militar, foi
nomeado capelão pelo Papa Pio VI. Na época do seminário, ele era
aluno-destaque. Tanto é que foi escolhido para ser o presidente da Academia
Lítero-Musical do Seminário e foi presenteado com um curso de teologia em Roma,
onde fez bacharelado em teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (maior
Centro Universitário Católico do Mundo). Em Roma, foi eleito presidente da
Academia Bento Inácio de Azevedo – transformada em Centro de Estudos e Debates
Teológicos no Seminário Rio-Brasileiro.
Sua primeira
missa foi celebrada em dezembro de 1956, ano em que foi ordenado. De lá pra cá,
Hélio Maranhão foi acumulando momentos marcantes. Criou a Comunidade
Eclesiástica de Base, em Tutóia, dando início à experiência da participação
viva, ativa, livre e consciente do povo nas liturgias da Igreja. O arcebispo da
época, Dom Delgado, ficou intrigado quando foi lá e encontrou uma Igreja
fervendo.
O Monsenhor
iniciou sua carreira de homem de letras em 1968, quando lançou seu primeiro
livro, A Missa Participada, com três edições esgotadas. Depois, vieram A Igreja
e as Comunidades Eclesiais de Base (1998), Palavras de ontem e de hoje (1999),
Podium Immortalitatis (2003), O Brilho das Estrelas (2004), A Semana Santa
Ontem e Hoje (2005) e A Cara Nova da Polícia Militar do Maranhão (2007). O
escritor observa que o lançamento de seu primeiro livro aconteceu em Codó,
cidade onde morava o seu padrinho, Circinato Ribeiro Rego. “Foi ele quem me
mandou para o seminário”.
Desde 1976,
Hélio Maranhão foi Monsenhor. Aliás, é o único Monsenhor maranhense. Esta é uma
distinção concedida pelo Papa, a pedido do bispo, para os sacerdotes que se
destacaram de algum modo no serviço da Igreja. Para quem não sabe, ele fundou
as Comunidades Eclesiais de Base, nas brancas areias de Tutóia, em 1965, no
calor do período que se seguiu ao golpe militar de 64. O Monsenhor costuma
dizer que as CEBs nasceram à luz da palavra de Deus, na força da Eucaristia,
para mudar as pessoas e transformar o mundo.
Ainda
adolescente, Hélio Maranhão dizia para si mesmo que, se não conseguisse ser
padre, tentaria a carreira militar. Aos 63 anos, ele assumiu a Capelania Militar
da PMMA, nomeado em novembro de 1993, no posto de capitão, pelo então
governador Edison Lobão e jurisdicionado capelão militar pelo arcebispo militar
do Brasil, D. Geraldo do Espírito Santo Ávila.
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Com informações de Arquidiocese de São Luís e
Guesa Errante
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