Batalha de Belgrado. São João de Capistrano incentivando os combatentes católicos durante a batalha em defensa da Civilização Cristã contra a invasão maometana |
Há 560 anos uma cruzada
culminou com o triunfo da Cruz sobre a meia-lua muçulmana: a vitória de
Belgrado. Considerada um dos maiores triunfos da Cristandade, pois conseguiu
impedir que o exército otomano invadisse a Europa.
Em
1454 organizou-se a expedição católica contra a invasão dos turcos muçulmanos.
Estes, tendo tomado Constantinopla (capital do Império Bizantino) em 1453, almejavam
subjugar a Europa cristã a partir da tomada de Belgrado. Seria esta a porta
de entrada para os muçulmanos, que planejavam avassaladora marcha de
conquista de outras nações católicas até dominarem Roma, onde — diziam eles — substituiriam
as cruzes pela meia-lua islâmica e entrariam com seus cavalos nas igrejas da
Cidade Eterna.
Janos Hunyadi |
Naquela época a Providência suscitou um
grande santo e estadista, São João de Capistrano, O.F.M. (1386 – 1456),
cognominado O Guerreiro Franciscano de Belgrado. Ele pregou uma
cruzada contra os terríveis inimigos da Civilização Cristã e conclamou a
formação de um exército católico. Sob o comando do Conde Janos Hunyadi [ao
lado, foto de sua estátua], esse pequeno exército que não chegou a 50.000
homens, marchou contra as tropas do poderoso sultão Maomé II. Este contava com
forças que atingiam o impressionante número de 400.000 soldados, e já sitiava
Belgrado por terra e mar.
Nesse desproporcional entrechoque, São
João de Capistrano chefiou pessoalmente uma ala dos cruzados, tão inferiores em
número, nos momentos mais árduos da batalha, e os conduziu à vitória,
rechaçando os turcos muçulmanos do continente europeu em julho de 1456.
São João de Capistrano
São João de Capistrano [quadro ao lado], embora vivendo
exclusivamente para a Igreja, seria chamado a prestar-lhe seus serviços em uma
esfera mais próxima dos interesses temporais.
A seu tempo, consumou-se a queda do
Império Romano do Oriente, tendo sido conquistada a cidade de Constantinopla em
1453, por Maomé II [quadro
abaixo à direita]. O islamismo representava naquele tempo, para
a Cristandade, perigo semelhante ao do comunismo em nossos dias [1952]. Inimigo
da Fé, visava exterminá-la da face da Terra. A seu serviço, tinha as riquezas,
as armas, o poderio de um dos mais vastos impérios da História, qual era àquele
tempo o dos turcos. A luta entre os muçulmanos vindos do Oriente, e os
cristãos do Ocidente, não era apenas um choque entre dois povos, mas entre duas
civilizações; mais do que isto, entre duas religiões.
Com a queda de Constantinopla, abriam-se
para os turcos os caminhos da Europa ocidental. Maomé II não se deteve após a
brilhantíssima vitória que alcançou em Constantinopla. Prosseguiu pelos Balkans
adentro, visando atingir a Cristandade na Europa central.
Ora, os europeus daquela época —
parecidos nisto com os homens de nossos dias — preferiam não ver de frente os
perigos, não tomar atitude, não lutar. Sensuais, dissolutos, com um fervor
religioso muito decadente — preparavam-se já a Renascença e o protestantismo —,
pouco se lhes dava do dia de amanhã, e menos ainda a eternidade. Queriam gozar
somente o momento presente.
Diplomata
Maomé |
Como galvanizar contra o formidável
poderio do Islã as forças dessa Cristandade decadente?
Tratava-se de agir sobre príncipes e
reis, sobre cardeais, bispos e clérigos, sobre fidalgos e sobre letrados, enfim
sobre toda a massa da população, despertando as consciências para um perigo
real e aplainando as vias para uma geral colaboração no interesse da Igreja e
da Civilização Cristã ameaçadas. Assim, tornar-se-ia por fim possível lançar
contra Maomé II uma cruzada.
Papa Calixto III |
Para esse trabalho titânico, o Papa
Calixto III [quadro ao lado] e
o Imperador lançaram os olhos sobre São João de Capistrano, que já exercera com
brilho as funções de Núncio Apostólico, a pedido do próprio Imperador.
Sempre recolhido, sempre devoto, sempre
contemplativo, São João de Capistrano lançou-se de cheio na tarefa. Participou
ele assim em 1454 da Dieta [Assembleia] de Frankfurt, em que o
Sacro Império Romano Alemão tomou a Cruz para repelir os turcos. Sua ação
diplomática foi decisiva para obter a coligação dos príncipes cristãos,
divididos entre si por questões temporais de toda ordem.
Guerreiro
São João de Capistrano durante a batalha animava o exército dos católicos. Com a vitória da Cristandade se evitou a invasão das forças maometanas. 40 mil turcos foram mortos. |
O comando da expedição foi confiado a um
nobre húngaro que se tornara ilustre em lutas anteriores, e que mais tarde
adquiriu imortalidade na luta conta os turcos. Hunyady, auxiliado por São João
de Capistrano, caminhou com as tropas cristãs em direção aos infiéis. O
encontro decisivo deu-se na altura de Belgrado. Faltando a Hunyady quem
capitaneasse a ala esquerda de seu exército, disto se encarregou São João de
Capistrano, que se houve com raro acerto e vigor. Quando terminou a batalha,
jaziam no campo mais de cem mil guerreiros muçulmanos, e Maomé II estava em
fuga. A Igreja conquistara admirável triunfo, a investida turca estava
rechaçada.
Humanamente falando, que homem foi em seu
século maior do que São João de Capistrano? Santo, orador, estadista,
diplomata, Geral de uma Ordem Religiosa importantíssima, e por fim guerreiro,
foi exímio em tudo. E o segredo de sua grandeza está precisamente na santidade,
no auxílio da graça que lhe permitiu vencer os defeitos da sua natureza e
aproveitar admiravelmente todos os dons sobrenaturais e naturais que Deus lhe
dera.
Pode haver algo mais diferente do ‘carola’?
Não é bem verdade que muita gente teria
mais desejo de ser ardentemente católica se compreendesse que a Igreja não
forma ‘carolas’, mas homens no esplendor da natureza elevada e
dignificada pela graça?
Paulo
Roberto Campos
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IPCO
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