sábado, 4 de outubro de 2014

Mazelas intelectuais nascidas do Protestantismo – o Estado Laico


Recentemente, o senador Magno Malta, da bancada evangélica, protestou contra uma resolução do governo federal que proíbe que as clínicas de tratamento de dependentes químicos falem sobre religião aos pacientes (veja aqui o vídeo). Muitos evangélicos fazem um esforço louvável na luta contra a perseguição sofrida pelos cristãos no campo político, mas a verdade é que eles estão provando do veneno que os seus próprios “pais” injetaram no Ocidente. 


A Reforma Protestante não significou apenas uma ruptura com o catolicismo; antes de mais nada, significou a ruptura do mundo ocidental com Deus. Acham que estou exagerando? Se não acreditam em mim, olhem para as consequências da Reforma: do protestantismo nasceram as piores mazelas intelectuais da humanidade, e isso inclui o conceito de “Estado Laico”. 


O que é Estado Laico? 


O maior jurista do Brasil, Dr. Ives Gandra, define: 


“O Estado laico não é ateu ou agnóstico. É um estado que está desvinculado, nas decisões dos cidadãos que o assumem, de qualquer incidência direta das instituições religiosas de qualquer credo.” (Fonte: ConJur)


Prestem atenção nessa expressão: INCIDÊNCIA DIRETA. Isso quer dizer que um líder religioso não pode impor a sua vontade ao Estado. Porém, nada impede que as pessoas de qualquer credo, como legítimos cidadãos, exerçam INFLUÊNCIA INDIRETA sobre o governo de sua cidade, estado ou país.


E como os cristãos podem exercer essa influência indireta no campo político? Votando em candidatos que representem os seus valores e objetivos ou realizando protestos nas ruas, por exemplo. O problema é que, todas as vezes que os cristãos fazem isso, algum paspalho grita: “VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO, O ESTADO É LAICO!”.


Como todos sabem, a maioria esmagadora da população brasileira é cristã; assim, o normal seria que as decisões do Estado estivessem de acordo com os anseios e valores dessa maioria. “Estranhamente”, porém, vemos acontecer algo bem diferente: os cristãos assistem atônitos, dia após dia, os governos “laicos” afrontarem a família tradicional e os valores cristãos.


Como se explica o fato de que, em uma democracia, os interesses e ideologias de uma minoria se imponham sobre os valores da maioria cristã? Simples: após herdarem o conceito de “Estado Laico” dos protestantes, os pensadores iluministas difundiram a ideia de que a religião não deve influenciar de modo algum – nem direta nem indiretamente – as decisões do Estado.


E assim o cristão é tido como uma espécie de cidadão de segunda classe, que deve se submeter caladinho aos valores dos não-cristãos (que, hipocritamente, se dizem”neutros”, mas na verdade são comprometidos com ideologias maçônicas, iluministas e marxistas). O Dr. Ives Gandra questiona essa visão:


“Quando se diz que, em um Estado laico, quem tem religião não tem voz — porque vai levar suas convicções —, a pergunta que se faz é: e aqueles que têm convicções diferentes, quando levam suas convicções, com que direito levam, em um país em que a liberdade de expressão é absoluta?”


Vivemos dias muito loucos, e não é no sentido de dias divertidos. São dias muito chatos, ditatoriais. Vivemos sobre a ditadura do chamado “Estado Laico”.  Quando alguém se sente ofendidinho porque no seu ambiente de trabalho tem um crucifixo ou uma imagem de Nossa Senhora, já vem gritando “O ESTADO É LAICO, O ESTADO É LAICO”. Muitas vezes o pastrami em questão não tem a menor ideia do que seja laicismo, às vezes não sabe nem mesmo o que significa “Estado”.


A “Sola Scriptura” e seu filho roto


Agora, vamos ao ponto central deste post: o que os protestantes têm a ver com isso? Como a burrice – ou ingenuidade – deles foi responsável pela proliferação desse câncer no Ocidente? Bem, o conceito que vigora hoje de “Estado Laico” não nasceu pronto, mas veio se desenvolvendo a partir do início da Reforma Protestante.


Observem que a Reforma se deu durante o período histórico conhecido como “Renascença”. Mas vamos voltar mais ainda no tempo: vejamos como funcionava a religião panteísta do Império Romano. Em linhas gerais, tínhamos uma religião estatal, extremamente ritualística e que procurava absorver outros deuses de outros panteões e civilizações. Era uma busca por manter a estabilidade social e política. Guardem esse fato.

Depois, na Idade Média, temos um conflito. O homem medieval ocidental era muito mais espiritual do que jamais fomos ou seremos. Dentro desse quadro, o governo espiritual era muito mais importante para o homem comum do que o governo secular (as autoridades seculares eram aquelas não-religiosas). Os homens viam o Papa como uma instância superior na terra, pois representava a vida prometida, a recompensa do Salvador pela nossa peregrinação nesse vale de lágrimas.

Para quebrar essa hegemonia, a ideia perfeitamente imbecil dos protestantes foi desconsiderar a autoridade papal espiritual e transferi-la para a Sola Scriptura (somente as Escrituras). Essa é uma das bases da doutrina protestante, a afirmação de que toda a autoridade está na Bíblia, reduzindo ou anulando a autoridade dos ensinamentos dos legítimos sucessores dos Apóstolos – o Papa e os bispos. Seria cômico se não fosse trágico o fato de que não há nenhuma passagem na Bíblia que fundamente a Sola Scriptura.

Ninguém é burro de achar que os grande príncipes e reis do Norte da Europa se tornaram protestantes em tempo recorde por zelo e convicção de fé. Um filho roto da Sola Scriptura acabara de nascer, o “Estado Laico”. E foi graças a isso que tudo o que os governantes queriam lhes foi dado: a predominância do poder material sobre o espiritual e o controle da sociedade em um nível nunca antes alcançado. 


Voltando ao fato da religião estatal romana; dentro do contexto da Renascença, temos a possibilidade do retorno da religião estatal, aos moldes do Império Romano. E foi o que aconteceu. Reparem que os protestantes adoram citar coisas como “A Doação de Constantino”, o “catolicismo como sendo criação de Constantino”. Mal se dão conta das suas ligações históricas com o que de pior o Império Romano tinha. 


Mas como se dá isso? Simples: os príncipes rompem com o Vaticano unilateralmente e se autonomeiam Chefes da Igreja em seus países, como ocorreu no caso mais famoso: o do devasso Henrique VIII na Inglaterra. 


Como rei e para defender os interesses do seu reino, o governante, agora acumulando a função de Chefe da Igreja, buscava aplicar os princípios legais de forma imparcial no meio de seus súditos – pelo menos na teoria – para obter os resultados melhores para a coroa e para a nação. Ele podia soltar ou segurar as rédeas dessa mesma Igreja de acordo com os seus interesses. E o melhor: isso tudo sem precisar prestar contas a uma instância espiritual superior que mora numa cidade nos cafundós da Itália.


Dessa forma, os protestantes puderam espalhar seu veneno livremente no meio social, porque o povo estava indefeso e não tinha mais o pároco que remetia à Sã Doutrina Romana. Daí para isso sair espalhando pelo mundo, inclusive afetando todos os países católicos, foi um pulo.


Os reis que romperam com Roma determinaram que a religião não podia interferir nas questões estatais e, por outro lado, davam ao Estado o direito de intervir em assuntos religiosos. O muro de separação entre Igreja e Estado é uma piada de mau gosto: serve tão somente para confinar os cristãos e seus valores nas sacristias; os interesses e determinações do Estado, por sua vez, ignoram qualquer limite e avançam sobre o terreno da fé.


E é essa insanidade, hoje chamada de “Estado Laico”, que possibilita atrocidades como essas:


nos EUA, o presidente Obama obriga as instituições cristãs a financiar a compra de medicamentos abortivos para seus funcionários, violando sua liberdade de consciência e de religião (já falamos sobre isso aqui);


Na semana passada, a justiça da França determinou que as feministas de peito de fora têm o direito invadir os templos católicos e blasfemar. E se alguém tocar nelas, é processado por “violência” (Fonte: BBC).

 

No “Estado Laico”, os cristãos dão a César o que é de César – obedecem às leis, pagam os impostos – ao mesmo tempo em que são impedidos de dar a Deus o que é de Deus (agora, na França, nem ao menos temos o direito de defender nossos templos). Portanto, pense duas vezes antes de bater no peito e sair gritando por aí que o Estado Laico é uma coisa boa.

 

 

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Fonte: O Catequista

2 comentários:

  1. Olha minha resposta à matéria postada no link aqui copiado:
    https://www.esquerdadiario.com.br/O-discurso-de-Bolsonaro-e-o-debate-sobre-o-Estado-Laico

    O problema desta visão esquerda é exatamente achar que nós Cristãos somos desinformados. O estado laico para vocês (esquerda) é o Estado que pode se comportar como anticristão e já provou que a intenção de se apossar do Estado é exatamente para isto, mas, travestido de um discurso "democrático" ou de "laicidade". Resistiremos e somos a maioria graças a Deus! Estado laico se comportando como anti valores Cristãos vai ter a oposição de 90% dos brasileiros (católicos e Protestantes). Fecho com suas próprias palavras: "Passa também pela expropriação de todos os bens da Igreja para serem administrado pelos próprios trabalhadores, os que geram riqueza na sociedade"...Não prosperarão porque nós (Católicos e Protestantes) não permitiremos!

    Percebem que Católicos e Protestantes estão no mesmo barco? Percebem que quando a esquerda olha para o Cristianismo, enxergam um só (Católicos e Protestantes); por tanto, parem de fazer divisão entre nós neste aspecto político; nossas diferenças são no campo teológico e este campo pertence só a nós e não ao mundo secular...o mundo secular quer banir Cristo da política e isto nos afeta como um todo!

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  2. Simplificando a visão: Imagina se nosso Presidente fosse declaradamente da religião satanista e sempre agradecesse ao seu "deus" satanás por está ali. Qual seria nosso (católicos e protestantes) discurso? "O Estado é laico"! Entenderam agora porque o Estado tem que ser laico? O problema está no Estado anticristão que neste viés de laico não tem nada e é isto que nós protestantes e católicos temos que combater!

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