Nas últimas semanas, o mundo católico fervilhou em
torno das notícias vindas do Sínodo Extraordinário das Famílias.
A estratégia de comunicação do Vaticano (ou a falta dela) não ajuda
muito, e a mídia divulga tanta informação desencontrada que a maioria dos
católicos está boiando nessa história. O que, afinal, está rolando nesse
Sínodo? Vai mudar alguma coisa na Igreja? Fique por dentro agora!
O que é um
sínodo?
Sabe quando você tem dúvida sobre o que fazer em
relação a algo na sua vida, e chama os seus melhores amigos pra pedir conselho?
Então… um sínodo é mais ou menos a mesma coisa!
O sínodo é uma reunião de bispos e de alguns
especialistas (que não necessariamente são membros do clero) convocados pelo
Papa para aconselhá-lo sobre determinado tema – geralmente é algo complexo e
cavernoso. Eles discutem e buscam um parecer comum. Se há algum impasse, a
questão é decidida pelo voto da maioria, sendo que só os bispos têm poder de
voto.
Ao final do sínodo, os bispos sinoidais publicam um
documento final, com o resumo das discussões. O Papa, então, avalia essas
orientações desses conselheiros e decide quais delas vai acatar e ou rejeitar.
Após um ou dois anos, ele publica uma exortação apostólica pós-sinoidal fazendo
eco às indicações positivas do sínodo.
O que está
em discussão neste sínodo?
Jesus ia ao encontro dos pecadores públicos e
sentava-se para conversar e comer com eles – em especial, os cobradores de
impostos, prostitutas e samaritanos. Com diálogo, afeição e verdade, o Bom
Pastor buscava as ovelhas perdidas e cuidava de suas feridas. Por isso, também
as nossas comunidades precisam saber como imitar o Mestre nesse ponto.
Assim, as discussões desse sínodo giraram em torno
do tema “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da
evangelização”. Como a Igreja deve acolher e evangelizar as pessoas que estão
inseridas em uma realidade familiar que contraria a doutrina cristã? Essa
discussão é muito necessária no mundo contemporâneo, em que se multiplicam os
divórcios e as práticas homossexuais.
Uma coisa deve ficar muito clara: ninguém, muito
menos o Papa, está considerando alterar nenhuma vírgula da doutrina, que
seguirá INALTERADA, conforme a profecia de Jesus: “Passarão o céu e a terra,
mas as minhas palavras não passarão” (Lc 21,33). O casamento é
indissolúvel e se dá somente entre homem e mulher, ponto final. O que está
em debate é a AÇÃO PASTORAL para a acolhida e a evangelização das pessoas em
“situações familiares complexas e problemáticas para a escolha cristã”.
Mas a Igreja
já não acolhe os gays e casais em segunda união?
Sim e não.
Sim, no sentido de que o Catecismo já nos ensina
que os homossexuais devem ser tratados com respeito; e, em relação aos
“recasados”, também sim, no sentido de que a Igreja procura compreender seus
diferentes contextos familiares e, em alguns casos, acena para a possibilidade
da comunhão espiritual (ainda que não seja possível o acesso à Eucaristia),
conforme disse Bento XVI (saiba mais aqui).
Não, no sentido de que pouquíssimas de nossas
comunidades possuem um serviço pastoral eficaz para ajudar essas pessoas a
caminhar rumo à santidade. Especificamente em relação aos homossexuais,
concordo plenamente com o meu amigo Jorge Ferraz:
“Sério, qual a chance que um homossexual dos dias
de hoje tem de levar uma vida santa em decorrência do ambiente paroquial
brasileiro médio? Qual o auxílio que alguém com essas tendências recebe, de
ordinário, de nossas paróquias? Quantos grupos sérios para ajudar os
homossexuais a viverem a castidade à qual os chama o Catecismo existem? Eu
conheço o Courage, somente. Em quantas paróquias brasileiras
o Courage está presente? Eu não conheço nenhuma. E importa, sim,
reconhecer que há algo de muito errado com isso.”
- Deus lo Vult. O Sínodo, a família e os homossexuais
Nesse vácuo têm se multiplicado iniciativas de
“acolhida” que são verdadeiras portas do inferno, pois pervertem a doutrina e
ensinam que os atos homossexuais não ofendem a Deus. É triste ver que
muitos homossexuais que desejam viver a fé católica são atraídos e desviados
por lobos disfarçados de bons pastores.
Também os divorciados recasados são embromados (ou
se deixam embromar, aí vai da consciência de cada um) por falsas “pastorais da
acolhida”. Nesses grupos se promove o SACRILÉGIO, estimulando pessoas que estão
em pecado grave a comungar do Corpo e Sangue de Cristo. Entretanto, uma
pastoral da acolhida que é verdadeiramente católica realiza uma catequese
autêntica junto aos a esses casais, sem jamais levá-los ao sacrilégio.
Portanto, já está mais do que na hora de nossas
paróquias e movimentos receberem e aplicarem diretrizes claras para a justa
acolhida desses irmãos.
Qual a razão
de tanta polêmica?
A polêmica se dá, basicamente, pela ação de três
elementos conflituosos atuando nesse sínodo:
Os bispos
tradicionalistas – aquele pessoal que nunca quer mudar nada, que confunde
moralismo com zelo e se acha mais católico que o Papa;
Os bispos
modernistas – aquele pessoal que prega uma “misericórdia enganadora” (essa
expressão é do Papa Francisco). Querem agradar as pessoas mais do que a Deus, e
para isso pregam um cristianismo mundano, sem cruz, sem a necessidade de um
esforço para realizar a vontade do Pai;
A mídia –
que, como sempre, sobre as coisas relacionadas à Santa Igreja, desinforma muito
mais do que informa. Fizeram uma pressão desgraçada, e chegaram a prever uma
mudança radical da doutrina Igreja. Aí o povo incauto fica pensando que agora
nada mais será pecado e todo o mundo vai poder correr pelado na rua e depois ir
pra Igreja comungar.
O primeiro relatório do Sínodo era um documento
provisório, que pretendia somente registrar o rumo que a prosa estava tomando.
Entre os 180 bispos sinoidais, mais de 40 protestaram contra o seu conteúdo,
alegando que ele não refletia bem as diferentes colocações. Além do mais, a
linguagem frouxa dava muita margem para interpretações tresloucadas, o que
realmente ocorreu…
Com base nesse relatório, a mídia saiu dizendo que
a Igreja estava alterando sua doutrina em relação às práticas homossexuais, e
era quase certo que viesse a liberar a Sagrada Comunhão para os casais de
segunda união. Depois de muita discussão e votação, o texto foi devidamente
alterado, e os bispos sinodais finalmente publicaram o Relatório Final.
O Sínodo
chegou ao fim. E agora?
O Relatório Final do Sínodo, publicado há poucos
dias, deixa claro que o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família não
inclui as relações homossexuais, e reafirma a oposição da Igreja às leis que
instituem o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Ao mesmo tempo, pede que
os homossexuais sejam acolhidos com respeito e delicadeza.
Quanto aos divorciados recasados, o Relatório deixa
em aberto, para maior estudo e aprofundamento, a questão do acesso à Sagrada
Comunhão, o que é muito decepcionante (ainda que essa flexibilização esteja
sendo considerada somente para casos muito especiais e restritos, e não para os
recasados em geral). Essa questão já foi muito discutida antes, e já deveria
estar devidamente compreendida e superada.
Alguns órgãos da imprensa foram cretinos a ponto de
dizer que o texto final desse Sínodo foi “uma derrota para o Papa Francisco”.
Não foi nada disso! Eles pervertem a realidade e tentam vender a imagem de um
Papa ultra-liberal (que seria a favor do divórcio, das relações homossexuais
etc.) em oposição a um clero ultra-conservador. E assim o povo incauto fica
pensando que o justo apelo do Papa por uma melhor acolhida aos pecadores
significa uma bênção a seus atos pecaminosos. Jamais!
Sigamos em oração! E agora… que venha 2015! Nesse
ano que chegará, veremos o que o Sucessor de Pedro vai concluir de tudo isso,
em sua exortação apostólica pós-sinoidal.
“Tantos comentaristas, ou pessoas que falam,
imaginaram ver uma Igreja em atrito, onde uma parte está contra a outra,
duvidando até mesmo do Espírito Santo, o verdadeiro promotor e garantia da
unidade e da harmonia na Igreja. O Espírito Santo que ao longo da história
sempre conduziu a barca através dos seus Ministros, mesmo quando o mar era
contrário e agitado e os Ministros infiéis e pecadores.
“E, como ousei dizer isto a vocês no início do
Sínodo, era necessário viver tudo isto com tranquilidade, com paz interior,
mesmo porque o Sínodo se desenvolve cum Petro et sub Petro, e a presença
do Papa é garantia para todos.”
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O Catequista
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