segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Jornal do Vaticano se pronuncia sobre o Oscar de Spotlight e “mensagem” do produtor ao Papa


O jornal oficial do Vaticano, L’Osservatore Romano, se pronunciou sobre o triunfo do filme Spotlight na premiação do Oscar e a mensagem que um de seus produtores dirigiu ao Papa Francisco ao receber o prêmio por melhor filme do ano.

“Este filme deu voz aos sobreviventes. E este Oscar amplifica essa voz, a qual esperamos que se converta em um coro que chegue até o Vaticano. Papa Francisco, é hora de proteger as crianças e restabelecer a fé”, disse o produtor Michael Sugar ao receber o prêmio.

O filme Spotlight trata sobre a investigação jornalística que revelou o escândalo de abusos sexuais na Arquidiocese de Boston, Estados Unidos, em 2002. Além do Oscar de melhor filme, ganhou o prêmio de melhor roteiro original.

Em um artigo assinado por Lucetta Scaraffia, LOR explica que o filme Spotlight não ataca à fé católica e inclusive considera como um sinal positivo que seus produtores confiem na gestão do Papa Francisco acerca deste tema delicado.

Spotlight “não é anticatólico como escreveram, pois expressa a comoção e a profunda dor que os fiéis enfrentam ao descobrir estas realidades terríveis”, indica Scaraffia.

Entretanto, esclarece que a narrativa do filme “não aprofunda na longa e perseverante batalha que Joseph Ratzinger, como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e como Papa, empreendeu contra a pedofilia na Igreja”.

Scaraffia admite que “um filme não pode contar tudo” e “as dificuldades que Ratzinger enfrentou somente confirmam o tema do filme, que é que com muita frequência as instituições eclesiásticas não souberam reagir com a determinação necessária para enfrentar estes crimes”. 

A quantas anda o diálogo com os lefebvrianos?


Tem dado bastante “pano para a manga”, nos últimos anos, a delicada reaproximação entre a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (FSSPX) e a Igreja de Roma. O papa Bento XVI levantou a excomunhão em 2009, mas a posição dos membros da fraternidade fundada por dom Marcel Lefebvre continua irregular.

Eles ainda não aceitam a Novus Ordo da liturgia, o ecumenismo e a liberdade religiosa, mas o novo gesto de abertura do papa Francisco representa um novo passo para o reconhecimento canônico: para o Jubileu, o Santo Padre sancionou a validade da recepção dos sacramentos da confissão e da unção dos enfermos administrados por sacerdotes lefebvrianos.

Para saber mais sobre a situação atual da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, Zenit entrevistou mons. Guido Pozzo, secretário da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, criada em 1988 por São João Paulo II com o objetivo principal de iniciar um diálogo com os lefebvrianos, a fim de, algum dia, conseguir a sua plena reintegração.

***

ZENIT: Excelência, em 2009, o papa Bento XVI levantou a excomunhão que se aplicava à Fraternidade Sacerdotal de São Pio X. Isto significa que eles estão de novo em comunhão com Roma?

Desde que Bento XVI levantou a excomunhão dos bispos da FSSPX (2009), eles não estão mais sujeitos a esta grave punição eclesiástica. Com esta medida, no entanto, a FSSPX ainda está em uma posição irregular, porque não recebeu o reconhecimento canônico da Santa Sé. Enquanto a Fraternidade não tiver uma posição canônica na Igreja, os seus ministros não exercem de modo legítimo o ministério e a celebração dos sacramentos. De acordo com a fórmula empregada pelo então cardeal Bergoglio em Buenos Aires e confirmada pelo papa Francisco à Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, os membros da FSSPX são católicos a caminho da plena comunhão com a Santa Sé. Esta plena comunhão acontecerá quando houver o reconhecimento canônico da Fraternidade.

ZENIT: Quais foram as medidas tomadas pela Santa Sé ao longo destes sete anos para promover a reaproximação da Fraternidade São Pio X?

Depois da remissão da excomunhão, em 2009, foi iniciada uma série de reuniões de caráter doutrinal entre os peritos designados pela Congregação para a Doutrina da Fé, que está intimamente ligada à Pontifícia Comissão Ecclesia Dei desde o motu proprio Unitatem Ecclesiae, de Bento XVI (2009), e os especialistas da FSSPX para discutir as principais questões doutrinais subjacentes à controvérsia com a Santa Sé: a relação entre Tradição e Magistério, a questão do ecumenismo, do diálogo inter-religioso, da liberdade religiosa e da reforma litúrgica, no contexto dos ensinamentos do concílio Vaticano II.

Essa discussão, que durou cerca de dois anos, tornou possível clarificar as posições teológicas e destacar os pontos de convergência e divergência.

Nos anos seguintes, as conversas doutrinais continuaram com algumas iniciativas orientadas ao aprofundamento e à precisação das questões em discussão. Ao mesmo tempo, os contatos entre os superiores da Comissão Ecclesia Dei e o superior e outros membros da FSSPX que têm favorecido o desenvolvimento de um clima de confiança e de respeito mútuo, que deve estar na base de um processo de reaproximação. É preciso superar as desconfianças e endurecimentos que são compreensíveis depois de tantos anos de fratura, mas que podem ser gradualmente dissipados se a atitude recíproca mudar e se as divergências não forem consideradas como muros intransponíveis, e sim como pontos de discussão que merecem ser aprofundados e desenvolvidos a fim de se chegar a um esclarecimento proveitoso para toda a Igreja. Estamos agora numa fase que eu considero construtiva e orientada para se alcançar a desejada reconciliação. O gesto do papa Francisco de conceder que os fiéis católicos recebam válida e licitamente dos bispos e padres da FSSPX o sacramento da reconciliação e da unção dos enfermos durante o Ano Santo da Misericórdia é, claramente, o sinal da vontade do Santo Padre de favorecer o caminho para o reconhecimento canônico pleno e estável. 

IV Domingo da Quaresma: "Laetare, Jerusalém!"


O IV Domingo da Quaresma é chamado de "Laetare". Esta é a primeira palavra da antífona de entrada da missa deste domingo: "Laetare, Jerusalem". "Alegra-te, Jerusalém!" (cf. Is 66,10-11).

É um dos dois únicos dias em que o Missal Romano prevê a possibilidade do uso de paramentos róseos. A cor é expressão visível da alegria que inunda toda a celebração litúrgica, ao aproximar-se a Páscoa da Ressurreição.

A origem da cor rósea está relacionada à bênção das rosas. De início, tratava-se de rosas naturais. Este domingo situa-se próximo do início da primavera no hemisfério norte (haja vista que a Páscoa ocorre no domingo após a primeira lua-cheia da primavera) e, por isso, os cristãos tinham o costume de presentear-se com as primeiras rosas da estação. Depois este domingo foi relacionado à bênção da Rosa de Ouro pelo Papa, como veremos a seguir. Os ritos foram simplificados, mas a Rosa de Ouro ainda é comumente entregue pelo Santo Padre como sinal de apreço. Um exemplo é a Rosa de Ouro que o Papa Bento XVI ofereceu à Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida durante sua visita em maio de 2007.

Meditando na oração de bênção da Rosa de Ouro apresentada por D. Prósper no texto abaixo, podemos perceber o profundo sentido espiritual que se pode alcançar da cor dos paramentos e desta referência às flores: a Páscoa é a primavera espiritual do cristão, que o renova, revigora e faz exalar o bom perfume de Cristo. Além disso - como se percebe nas últimas frases da oração - a verdadeira rosa, a flor à qual a Liturgia faz referência neste domingo é o Cristo, o Lírio dos Vales, a Flor dos Campos que germinou no Tronco de Jessé.

Outro acento especial é a alegria. Somente na oração de bênção citada por D. Prósper podemos contar nove referências a alegria, felicidade, gozo, contentamento. É a alegria cristã, haurida na Ressurreição do Senhor pela participação nesta em nosso Batismo.

Cabe recordar que o Missal Romano atual afirma que neste domingo, além dos paramentos poderem ser de cor rosa, pode-se ornar o altar com flores e o órgão (ou outros instrumentos) pode voltar a soar nas igrejas, quase como uma antecipação das festas pascais.

Apresento, a seguir, a tradução que fiz de um texto de Dom Prósper Guéranger, OSB, um dos pais do movimento litúrgico, sobre a celebração deste IV Domingo da Quaresma. Além de apresentar a origem histórica da celebração, Dom Prósper oferece-nos também uma excelente meditação sobre o sentido espiritual deste dia: 

A liberdade religiosa está sob ataque nos Estados Unidos


“A liberdade religiosa nos Estados Unidos nunca esteve tão sob ataque quanto agora”. O alarme é disparado por Kelly Shackelford, presidente da First Liberty Institute, um grupo de advogados que oferecem assistência jurídica gratuita às vítimas de discriminação religiosa nos EUA. A organização publicou um relatório de 376 páginas que mostra que os atos de intolerância na imprensa, nas escolas, contra as igrejas, no exército e nas ruas foram 1.285 em 2015, o dobro dos casos registrados em 2012.

O relatório menciona exemplos como o caso de um homem de Iowa, demitido do jornal Newton Daily News por ter compartilhado em seu blog alguns trechos da Bíblia que condenam as práticas homossexuais. Destino semelhante coube a um homem Denver, a quem as autoridades impediram a abertura de uma empresa por causa da sua fé religiosa e da sua defesa do casamento entre homem e mulher.

Além das opiniões sobre o casamento, declarar-se cristão nos EUA pode ser suficiente para ser discriminado. Foi o que aconteceu com dois estudantes não admitidos à especialização em radioterapia no Community College de Baltimore porque falaram da sua fé durante as entrevistas. Nas escolas, aliás, são muitos os casos de alunos, professores e até instituições inteiras punidos por expressarem as suas crenças ou forçados a não expressá-las.

Assemelha-se à rígida lei chinesa que regula a construção de igrejas um fato que aconteceu numa casa particular em Phoenix, onde os proprietários tinham organizado encontros regulares para o estudo da Bíblia. Quando o número de participantes ultrapassou 35 pessoas, a prefeitura apelou para leis locais de edificação e passou a exigir que a casa se ajuste às mesmas exigências que valem para os edifícios religiosos. 

Quem se gloria, glorie-se no Senhor


Não se glorie o sábio de seu saber, não se glorie o forte de sua força, nem o rico de suas riquezas (Jr 9,22). Qual é então o verdadeiro motivo de glória e em que consiste a grandeza do homem? Quem se gloria – diz a Escritura – glorie-se nisto: em conhecer e compreender que eu sou do Senhor (Jr 9,23).

A nobreza do homem, a sua glória e a sua dignidade consistem em saber onde está a verdadeira grandeza, aderir a ela e buscar a glória que procede do Senhor da glória. Diz efetivamente o Apóstolo: Quem se gloria, glorie-se no Senhor. Estas palavras encontram-se na seguinte passagem: Cristo se tornou para nós, da parte de Deus, sabedoria, justiça, santificação e libertação, para que, como está escrito, “quem se gloria, glorie-se no Senhor” (1Cor 1,31).

Por conseguinte, é perfeito e legítimo nos gloriarmos no Senhor quando, longe de orgulhar-nos de nossa própria justiça, reconhecemos que estamos realmente destituídos dela e só pela fé em Cristo somos justificados.

É nisto que Paulo se gloria: desprezando sua própria justiça, busca apenas a que vem por meio
de Cristo, ou seja, a que se obtém pela fé e procede de Deus; para assim conhecer a Cristo, o poder de sua ressurreição e a participação em seus sofrimentos, configurando-se à sua morte, na esperança de alcançar a ressurreição dos mortos.

Aqui desaparece todo e qualquer orgulho. Nada te resta para que te possas gloriar, ó homem, pois tua única glória e esperança está em fazeres morrer tudo que é teu e procurares a vida futura em Cristo. E como possuímos as primícias desta vida, já a iniciamos desde agora, uma vez que vivemos inteiramente na graça e no dom de Deus.

É certamente Deus quem realiza em nós tanto o querer como o fazer, conforme o seu desígnio
benevolente (Fl 2,13). E é ainda Deus que pelo seu Espírito nos revela a sabedoria que, de antemão, destinou para nossa glória.

Deus nos concede força e resistência em nossos trabalhos. Tenho trabalhado mais do que os outros – diz também Paulo – não propriamente eu, mas a graça de Deus comigo (1Cor 15,10).

Deus nos livra dos perigos para além de toda esperança humana. Experimentamos, em nós mesmos, – diz ainda o Apóstolo – a angústia de estarmos condenados à morte. Assim, aprendemos a não confiar em nós mesmos, mas a confiar somente em Deus que ressuscita os mortos. Ele nos livrou, e continuará a livrar-nos, de um tão grande perigo de morte. Nele temos firme esperança de que nos livrará ainda, em outras ocasiões (2Cor 1,9-10).


Das Homilias de São Basílio Magno, bispo
(Hom. 20, De humilitate, 3: PG31,530-531)

(Séc.IV)

A cremação honra os nossos mortos?


Como é que os católicos devem encarar a possibilidade da cremação? A meu ver, há duas questões que devem ser consideradas a este respeito:

Em primeiro lugar, a Igreja permite a cremação?

E em segundo lugar, é uma alternativa adequada para os católicos homenagearem os seus entes queridos que já partiram?

A resposta para a primeira indagação é que a Igreja permite, sim, a cremação, desde que as cinzas restantes sejam devidamente enterradas. Uma autorização de 1963, incluída no Código de Direito Canônico de 1983, especificou que a cremação é permitida sempre que não seja escolhida “por razões contrárias à doutrina cristã”. Os católicos falecidos podem ser cremados, portanto, sem que seja violada a lei da Igreja. No entanto, em vez de as suas cinzas serem lançadas ao mar ou mantidas dentro de uma urna em algum local da casa, os restos devem ser armazenados num recipiente respeitoso e em seguida enterrados, como no sepultamento tradicional.

Mas será que a cremação, mesmo sendo permitida, é mesmo a melhor opção para um católico? Será que ela é recomendável no contexto da nossa fé? Com base numa tradição católica mais ampla, parece ficar claro que a cremação é reservada para casos excepcionais, em que existem fortes razões práticas para que o corpo seja cremado (na maioria desses casos, para evitar a propagação de doenças infecciosas). Como nem a cremação nem o enterro constituem um sacramento, a importância da escolha é principalmente simbólica. Mas nós, como cristãos, devemos escolher o sepultamento, sempre que possível, como a maneira mais adequada de homenagear os nossos entes queridos em harmonia com a nossa fé.

Para começar, o próprio Jesus Cristo, nosso Senhor, foi sepultado antes de ressuscitar. Nós também seremos ressuscitados. É claro que Deus pode, na sua onipotência, ressuscitar uma pessoa cujos restos foram destruídos pelo fogo, mas o sepultamento expressa melhor a nossa esperança na graça redentora de Deus e a nossa expectativa da vida nova na eternidade.

Quando eu vou a um cemitério, fico imaginando que, debaixo da terra, as pessoas falecidas e sepultadas estão esperando para ser chamadas. Seus corpos, criados à imagem de Deus e cuja forma Ele mesmo se dignou a assumir ao encarnar-se, não são simplesmente descartados. Os corpos dos fiéis defuntos serão retomados de uma forma mais gloriosa ao serem ressuscitados. O enterro nos ajuda a apreciar melhor essas verdades da nossa fé e a nos sensibilizar para a morte de um jeito mais católico. É por isso que os primeiros cristãos insistiram na escolha do sepultamento dos seus mortos, embora este não fosse o costume do seu tempo; é por isso que o enterro foi consistentemente preferido ao longo de toda a história da cristandade, chegando a ser até obrigatório por lei, tanto religiosa quanto civil. Antes de 1963, o funeral católico não era permitido para os católicos que solicitavam a cremação. E mesmo depois de alterada esta lei, continua sendo “fervorosamente recomendado” que se opte pelo enterro em vez da cremação, porque o sepultamento é um costume mais adequado à nossa fé na ressurreição dos mortos. 

São Macário


A palavra Macário significa feliz, bem-aventurado. São Macário nasceu na Armênia, no século onze. Foi educado pelo seu padrinho de batismo, o arcebispo de Antioquia. Bem cedo foi iniciado nos estudos de filosofia e teologia. Jovem ainda, foi ordenado sacerdote e, logo depois foi aclamado bispo de Antioquia no
lugar de seu tio.

Destacou-se pela bondade e pela caridade com que governou seu rebanho. Pregava a Palavra, visitava os doentes e cuidava dos necessitados. Era por todos venerado. Não quis, porém, permanecer bispo, renunciando ao cargo em favor de Eleutério.

Acompanhado de quatro sacerdotes, empreendeu uma peregrinação à Terra Santa. Na Palestina, foi perseguido, preso e torturado pelos mouros. Libertado milagrosamente, São Macário retornou ao Ocidente, passando pela Holanda e Bélgica, países em que até hoje sua memória é venerada. Morreu socorrendo as vítimas da peste, quando regressava à Antioquia, sua terra natal.


Ó Deus, que aos vossos pastores associastes São Macário de Antioquia, animado de ardente caridade e da fé que vence o mundo, daí-nos, por sua intercessão, perseverar na caridade e na fé, para participarmos de sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Eis as uniões civis: um matrimônio camuflado


“Nós impedimos uma revolução contra a natureza”, diz satisfeito Angelino Alfano, líder de Ncd e ministro do interior da Itália, no dia depois da aprovação da grande emenda assinada por Maria Elena Boschi, que consiste em um único artigo e 69 parágrafos, e que introduz as uniões civis na Itália.

Está satisfeito porque, depois de exaustas negociações com o Partido Democrata, conseguiu garantir a retirada da adoção de enteado e o vínculo de fidelidade.

Bastaram estes dois “ajustes” segundo Alfano, para sentir que se evitou o que ele chama de uma “revolução contra a natureza”. Não se sabe exatamente o que ele quer dizer com esta definição, o fato é que se a colocamos sob uma lupa o PL aprovado ontem é fácil constatar que estamos diante de um matrimônio camuflado.

Formalmente, o texto passado no Senado está salpicado de detalhes destinados a distinguir as uniões civis do matrimônio. No entanto, no parágrafo 20, a equivalência ao matrimônio é feita rapidamente: “As disposições que se referem ao matrimônio e as disposições que contém as palavras cônjuge, cônjuges, ou termos equivalentes, aonde apareçam na lei, nos atos com força de lei, nas regulamentações e nos atos administrativos e nos contratos coletivos, se aplicam também a cada uma das partes da união civil entre pessoas do mesmo sexo”.

Vida familiar Não só.

Em outra passagem do projeto de lei, há uma explícita aproximação entre um casal que contrai a união civil e uma família: “As partes concordam entre si o endereço da vida familiar e fixam as residências comuns; a cada uma das partes corresponde o poder de atuar o endereço concordado”.

O Rito e a falta de objeção de consciência para o oficial de estado civil

Outra analogia com o matrimônio é encontrada onde se explica que a união civil é ratificada através de “declarações perante o oficial do estado civil e na presença de duas testemunhas”. Os contraentes não podem ser já casados e não podem ter entre eles laços de sangue (mas como o princípio é um conceito abstrato de amor, por que dois parentes não podem provar este sentimento mútuo?). Uma vez que o oficial registrou os atos de união, “as partes podem decidir tomar um sobrenome escolhendo entre seus sobrenomes”. Observação: Não está previsto que o oficial de estado civil possa fazer objeção de consciência. Um aspecto que, no futuro, poderia causar problemas.

Coabitação, obrigações e direitos

Uma vez contraída a união civil, o casal tem a obrigação recíproca da assistência moral e material e à coabitação. Regras idênticas ao matrimônio com relação à licença matrimonial, as gratificações familiares e as garantias previdenciárias. Não existe, porém, a obrigação da fidelidade recíproca, que tem um valor meramente simbólico, mas que garante proteção a um cônjuge infiel, obrigação que um PL assinado pela Laura Cantini (Pd) e aprovado ontem no Senado, queria eliminar também do código civil. “É um legado de uma visão ultrapassada e antiquada de matrimônio”, diz Cantini que, no entanto, teria gostado de aplicar este “legado” do passado também às “modernas” uniões civis “modernos”. 

Porta-voz do Episcopado espanhol pede que autor de exposição sacrílega não fique impune


O porta-voz da Conferência Episcopal espanhola, Pe. José María Gil Tamayo assegurou que quem ofende as convicções das pessoas não pode ficar impune. O comentário se refere à exposição sacrílega que Abel Azcona apresentou em Pamplona usando 242 hóstias consagradas que o artista roubou.

“Quando exercemos atos, se estes forem delitivos ou atentam contra as liberdades das pessoas, ou as convicções religiosas, existe uma responsabilidade”, disse o sacerdote em uma coletiva de imprensa realizada ontem.

Azcona expôs na Sala Conde de Rodezno de Pamplona fotografias nas que mostrava 242 hóstias consagradas com as quais formou a palavra pederastia. Também exibia um prato cheio de formas consagradas. Estas hóstias teriam sido obtidas pelo autor em missas, nas quais ela fingia que comungava.

Depois de uma ação apresentada pela Associação Advogados Cristãos por supostos delitos de profanação e ofensa aos sentimentos religiosos, Abel Azcona foi intimado mas se negou a responder às perguntas da promotoria, só respondeu ao juiz.

No seu depoimento Azcona reconheceu que sabia que eram hóstias consagradas aquelas que usou para escrever a palavra pederastia, mas em sua declaração negou todos os cargos.

Apesar das queixas levadas à prefeitura (foram entregues mais de 110 mil assinaturas pedindo a retirada da exposição) as autoridades não fecharam a mostra sacrílega. De fato, o prefeito da cidade, Joseba Asirón, apoiou o artista alegando que o mesmo estaria exercendo sua liberdade de expressão. 

O véu quaresmal das imagens e cruzes


Permanece vivo em muitas igrejas o costume de cobrir com um véu roxo a cruz e as imagens sacras durante a última semana da Quaresma. Embora tal tradição já se tenha perdido em alguns lugares e em outras tantos não se saiba mais qual seu significado, a igreja ainda o recomenda. Neste pequeno artigo apresentaremos algumas informações de caráter histórico sobre a origem desse costume e, ao fim, verificaremos nos livros litúrgicos restaurados por decreto do Concílio Vaticano II como se deve proceder atualmente.

O velum quadragesimale

Para descobrir a origem do véu das imagens é preciso retroceder aos primeiros séculos do cristianismo, pois é a partir da prática penitencial antiga que se desenvolverá esse costume, como veremos. A disciplina penitencial da Igreja antiga era extremamente rígida: durante meses e até anos, ou em certos casos até ao fim da vida, o penitente deveria realizar atos ascéticos e não poderia participar plenamente da liturgia. Assim como os penitentes, todos os pagãos, hereges e os catecúmenos não podiam acompanhar toda a celebração eucarística.

Sinal disso é que, até a publicação do Missal de Paulo VI (1969), a missa era dividida em duas partes: a “missa dos catecúmenos” (orações ao pé do altar, intróito, kyrie, glória, oração coleta, leitura, salmo gradual, evangelho, prédica, credo) e missa dos fiéis (ofertório, cânon, ritos de comunhão, oração pós-comunhão, bênção final, último evangelho). De início a missa dos catecúmenos era concluída com uma oração de bênção e o convite do diácono para os “não-fiéis” já enumerados retirarem-se¹.

Véu quaresmal que cobre todo o presbitério (Freiburg - Münster, Alemanha)

Tal convite – que num largo processo desembocou no atual “Ite, missa est”, “Ide, a missa terminou” ou “Ide, é a missa [missão, envio]” – marcava a saída dos catecúmenos e penitentes do recinto sagrado. Os penitentes eram reconciliados na manhã da Quinta-feira Santa, para participarem do Tríduo Pascal.

Segundo D. Prósper Guéranger e o Pe. João Batista Reus (p. 149-150), quando a penitência pública caiu em desuso e passou a ser praticada a penitência privada dada pelo confessor, o sentido da saída dos penitentes foi preservado com o uso litúrgico do “velum quadragesimale”, o “véu da quaresma”. Esse véu inicialmente recobria todo o presbitério, ocultando completamente o altar aos olhos de todos, como que advertindo-os de que é necessário fazer penitência antes de tomar parte nos Sagrados Mistérios.

O Pe. Edward McNamara conduz tal costume a uma tradição germânica:

Em seguida, tal prática foi simplificada. Desapareceu o véu quaresmal, ficando apenas o véu da cruz e das imagens.

... a origem histórica desta prática [...] provavelmente deriva do costume, existente na Alemanha desde o IX século, de estender um grande tecido na frente do altar desde o início da Quaresma. Este tecido, chamado “Hungertuch” (pano de fome), cobria inteiramente o altar para os fiéis durante a quaresma e não era removido até a leitura da Paixão na Quarta-feira Santa, às palavras “o véu do templo partiu-se em dois”. (tradução livre nossa – original em inglês)

Microcefalia e Zika Vírus: Perplexidades, dúvidas, hipóteses e direitos


NOTA DO GRUPO DE TRABALHO DA 
UNIÃO DOS JURISTAS CATÓLICOS DO RIO DE JANEIRO

MICROCEFALIA E ZIKA VÍRUS:

PERPLEXIDADES, DÚVIDAS, HIPÓTESES E DIREITOS

A atual crise na saúde pública brasileira, decorrente do aumento dos casos de microcefalia – e mais recentemente da Síndrome de Guillain-Barré – tem sido supostamente associada, em maior ou menor grau, a uma epidemia causada pelo Zika vírus. Este conturbado cenário soma-se a outras graves crises pelas quais passa a nossa nação. Correlacionado a isso, transparece o drama das pessoas e famílias atingidas, bem como direitos individuais e sociais, em especial os direitos constitucionais à saúde e à inviolabilidade do direito à vida, desde o início da existência no útero materno.

A partir de novembro de 2015, foi manifestada surpresa com o grande número de casos de microcefalia detectados no Sistema Único de Saúde, principalmente no Nordeste, levando à decretação de emergência nacional. No dia 1º de fevereiro de 2016, foi anunciado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) emergência de saúde pública internacional, na qual foi afirmado que a investigação sobre a causa dos novos conglomerados de casos de microcefalia e transtornos neurológicos deve intensificar-se para determinar se há uma relação de causalidade com o vírus da Zika e outros fatores ou cofatores.

Em que pese um tentador estabelecimento da relação de causa e efeito entre o Zika vírus e a microcefalia, ainda não há o reconhecimento pela comunidade científica da referida associação, pelo não preenchimento de todos os critérios necessários que normalmente são exigidos para esta conclusão. De fato, há surtos de Zika em outros países em que não se observa maior prevalência de microcefalia, sendo milhares os exemplos de mulheres grávidas infectadas com o referido vírus, na Colômbia, Cabo Verde e El Salvador. No Brasil, a quase totalidade dos novos casos confirmados de microcefalia está localizada no Nordeste (cerca de 98%), principalmente em Pernambuco e Bahia, apesar de 22 estados apresentarem “circulação autóctone do vírus Zika”.

Como não foi cientificamente demonstrada a etiopatogenia da microcefalia a partir do vírus Zika, o aumento do número de casos confirmados de microcefalia e/ou alterações do sistema nervoso central pode ser, pelo menos em tese, devido a outros fatores que não o Zika vírus. Porém, tem sido passada, direta ou indiretamente, a ideia  de “relação” entre o vírus e a microcefalia, algumas vezes dando a impressão de que o assunto está, do ponto de vista científico, definitivamente estabelecido, constituindo, portanto, matéria inquestionável. Por sua vez, algumas locuções  governamentais, a despeito da absoluta escassez de publicações científicas em plataformas acadêmicas de reputação nacional e internacional, têm, recentemente, abandonado a prudência, assumindo um ideário implícito de relação causa e efeito – na realidade não comprovada – embora possa ser ressalvada a existência de alguns textos oficiais mais cautelosos quanto a esta afirmação. 

Veio uma mulher da Samaria para tirar água


Veio uma mulher. Esta mulher é figura da Igreja, ainda não justificada, mas já a caminho da justificação. É disso que iremos tratar.

A mulher veio sem saber o que ali a esperava; encontrou Jesus, e Jesus dirigiu-lhe a palavra. Vejamos o fato e a razão por que veio uma mulher da Samaria para tirar água (Jo 4,7). Os samaritanos não pertenciam ao povo judeu; não eram do povo escolhido. Faz parte do simbolismo da narração que esta mulher, figura da Igreja, tenha vindo de um povo estrangeiro; porque a Igreja viria dos pagãos, dos que não pertenciam à raça judaica.

Ouçamos, portanto, a nós mesmos nas palavras desta mulher, reconheçamo-nos nela e nela demos graças a Deus por nós. Ela era uma figura, não a realidade; começou por ser figura, e tornou-se realidade. Pois acreditou naquele que queria torná-la uma figura de nós mesmos. Veio para tirar água. Viera simplesmente para tirar água, como costumam fazer os homens e as mulheres.

Jesus lhe disse: “Dá-me de beber”. Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. A mulher samaritana disse então a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” De fato os judeus não se dão com os samaritanos (Jo 4,7-9.)
Estais vendo que são estrangeiros. Os judeus de modo algum se serviam dos cântaros dos samaritanos. Como a mulher trazia consigo um cântaro para tirar água, admirou-se que um judeu lhe pedisse de beber, pois os judeus não costumavam fazer isso. Mas aquele que pedia de beber tinha sede da fé daquela mulher.

Escuta agora quem pede de beber. Respondeu-lhe Jesus? “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva (Jo 4,10).

Pede de beber e promete dar de beber. Apresenta-se como necessitado que espera receber, mas possui em abundância para saciar os outros. Se tu conhecesses o dom de Deus, diz ele. O dom de Deus é o Espírito Santo. Jesus fala ainda veladamente à mulher, mas pouco a pouco entra em seu coração, e vai lhe ensinando. Que haverá de mais suave e bondoso que esta exortação? Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’,tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva.

Que água lhe daria ele, senão aquela da qual está escrito: Em vós está a fonte da vida? (Sl 35,10). Pois como podem ter sede os que vêm saciar-se na abundância de vossa morada? (Sl 35,9).

O Senhor prometia à mulher um alimento forte, prometia saciá-la com o Espírito Santo. Mas ela ainda não compreendia. E, na sua incompreensão, que respondeu? Disse-lhe então a mulher: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la” (Jo 4,15). A necessidade a obrigava a trabalhar, mas sua fraqueza recusava o trabalho. Se ao menos ela tivesse ouvido aquelas palavras: Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos e eu vos darei descanso! (Mt 11,28). Jesus dizia-lhe tudo aquilo para que não se cansasse mais; ela, porém, ainda não compreendia.


Dos Tratados sobre o Evangelho de São João, de Santo Agostinho, bispo 

(Tract.15,10-12.16-17:CCL 36,154-156)            (Séc.V)

O demônio é mentiroso e pai da mentira


É muito importante conhecermos essa verdade, porque existem muitas mentiras no mundo em que vivemos, e essas são propagadas pelo “pai da mentira”, que, pouco a pouco, desvia-nos do caminho do céu e da verdade, que é Jesus.

Se lembrarmos como o pecado entrou na história da humanidade, recordaremos que foi por meio de uma mentira. Deus disse aos nossos primeiros pais: “‘Não comas desta árvore, porque se comeres morrerá’. E o demônio, contrariando a Deus, disse: ‘Se você comer, se tornará como Deus’”.

O triste dessa história é que demos ouvidos ao “pai da mentira”, e as mentiras dele têm graves consequências em nossa vida. É muito importante conhecermos a Palavra de Deus e permitirmos que ela faça morada em nosso coração, porque assim podemos desmascarar todas as mentiras do maligno.

O que é a Nova Era?

Por trás da Nova Era está satanás. Não se trata exatamente de uma religião, porque não tem fundador, uma estrutura organizada nem um corpo de doutrina fixa. É uma espécie de movimento transversal, que fala sobre temas espirituais, sobre o homem, a salvação etc. Notamos que existem muitos movimentos e autores, não só escritores, mas pessoas dentro do mundo do cinema e da música que vivem essa espiritualidade.

Embora não haja um corpo doutrinal bem definido, existem algumas mentiras que todos partilham. Grande parte das pessoas que procuro ajudar já fizeram contato com as mentiras da Nova Era. Por meio dela, o demônio consegue pescar muitas almas para as trevas.

Diversos livros da Nova Era são encontrados por todos os lados. As mentiras mais perigosas não são aquelas que são 100% mentira, mas as que trazem 88% de mentira, que misturam algumas verdades com mentiras. Fala-se muito de amor e anjos. É tudo lindo! As pessoas têm uma aparência de bem, mas é tudo muito envenenado, e por trás disso tudo está o inimigo.

Meditemos a Palavra da II Carta de Timóteo 2,23-26: “Rejeita as discussões tolas e absurdas, visto que geram contendas. Não convém a um servo do Senhor altercar; bem ao contrário, seja ele condescendente com todos, capaz de ensinar, paciente em suportar os males. É com brandura que deve corrigir os adversários, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento e o conhecimento da verdade, e voltem a si, uma vez livres dos laços do demônio, que os mantém cativos e submetidos aos seus caprichos”.

Refletiremos sobre sete perigosas mentiras que o demônio conseguiu semear em toda a humanidade pela Nova Era. 

São Serapião


Serapião foi um grande monge e bispo de Thmuis, no Egito. Temos poucas informações sobre ele, mas sabemos que estudo na escola catequética de Alexandria. Aí conheceu Santo Antão, de quem se fez discípulo e de quem herdou uma túnica de pêlo. São Serapião também foi grande amigo de Atanásio e lutou contra o arianismo.

Quando recebeu a indicação para tornar-se bispo, São Serapião mostrou um pouco triste em ter que abandonar a vida monástica. Para ele a vida de perfeição cristã era a vida do monge.

O santo que hoje comemoramos escreveu muitos livros e cartas pastorais. Quando Atanásio foi preso, Serapião foi até o imperador Constâncio II interceder pelo amigo, mas o grupo dos defensores da heresia ariana conseguiram derrubar Serapião e martirizá-lo em 370 no Egito.

O historiador Eusébio de Cesaréia registra seu martírio, com as seguintes palavras: "Preso Serapião em sua casa, foram-lhe infligidas cruéis torturas. Desfizeram-lhe todas as juntas dos membros e o precipitaram do andar de cima da casa, de cabeça para baixo".  


Querido Deus, mais uma vez celebramos a vida de um mártir. Ajudai-nos a seguir o exemplo da vida de São Serapião e buscar em primeiro lugar a Verdade, que vem do seu filho Jesus. Que nossa vida seja testemunha do amor de Deus e vivamos a vocação de ser sal da terra e luz do mundo. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Papa a jesuítas mexicanos: trabalhem pela dignidade de quem sofre


JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA

JUBILEU DA CÚRIA ROMANA

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica Vaticana
Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2016


A festa litúrgica da Cátedra de São Pedro vê-nos congregados para celebrar o Jubileu da Misericórdia como comunidade de serviço da Cúria Romana, do Governatorado e das Instituições ligadas à Santa Sé. Atravessando a Porta Santa, viemos até ao túmulo do Apóstolo Pedro para fazer a nossa profissão de fé; e hoje a Palavra de Deus ilumina de modo especial os nossos gestos.

Neste momento, a cada um de nós o Senhor Jesus repete a sua pergunta: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» (Mt 16, 15). Uma pergunta clara e directa, diante da qual não é possível fugir nem permanecer neutro, e nem sequer adiar a resposta ou delegá-la a uma outra pessoa. Mas ela não contém nada de inquisitivo, aliás, está cheia de amor! O amor do nosso únco Mestre, que hoje nos chama a renovar a fé nele, reconhecendo-o como Filho de Deus e Senhor da nossa vida. E o primeiro a ser chamado a renovar a sua profissão de fé é o Sucessor de Pedro, que tem a responsabilidade de confirmar os irmãos (cf. Lc 22, 32).

Deixemos que a graça volte a plasmar o nosso coração para acreditar, e abra a nossa boca para cumprir a profissão de fé e alcançar a salvação (cf. Rm 10, 10). Portanto, façamos nossas as palavras de Pedro: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo!» (Mt 16, 16). O nosso pensamento e o nosso olhar permaneçam fixos em Jesus Cristo, princípio e fim de qualquer obra da Igreja. Ele é o fundamento, e ninguém pode pôr outro diferente (cf. 1 Cor 3, 11). Ele é a «pedra» sobre a qual devemos edificar. Recorda-o santo Agostinho com palavras expressivas, quando escreve que a Igreja, não obstante agitada e abalada pelas vicissitudes da história, «não desaba, porque está fundamentada sobre a pedra, da qual deriva o nome Pedro. Não é a pedra que haure o seu nome de Pedro, mas é Pedro que o recebe da pedra; assim como não é o nome Cristo que deriva de cristão, mas o nome cristão que provém de Cristo. [...] A pedra é Cristo, sobre cujo fundamento também Pedro foi edificado» (In Joh. 124, 5: PL 35, 1972).

Desta profissão de fé deriva para cada um de nós a tarefa correspondente ao chamamento de Deus. Em primeiro lugar, aos Pastores é pedido que tenham como modelo o próprio Deus que cuida do seu rebanho. O profeta Ezequiel descreveu o modo como Deus age: Ele vai à procura da ovelha tresmalhada, reconduz ao aprisco a perdida, cura aquela que se feriu e restabelece a que está doente (cf. 34, 16). Um comportamento que é sinal do amor sem fim. É uma dedicação fiel, constante e incondicional, para que a sua misericórdia possa chegar a todos aqueles que são os mais frágeis. E, todavia, não devemos esquecer que a profecia de Ezequiel nasce da constatação das faltas dos pastores de Israel. Portanto far-nos-á bem, também a nós, chamados a ser Pastores na Igreja, deixar que a Face do Deus Bom Pastor nos ilumine, nos purifique, nos transforme e nos restitua plenamente renovados à nossa missão. Que também nos nossos ambientes de trabalho possamos sentir, cultivar e praticar um forte sentido pastoral, antes de tudo em relação às pessoas que encontramos todos os dias. Que ninguém se sinta ignorado nem maltratado, mas cada um possa experimentar, antes de tudo aqui, a atenção carinhosa do Bom Pastor. 

Papa: nenhuma condenação à morte seja executada no Ano da Misericórdia


PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Praça São Pedro
II Domingo de Quaresma, 21 de Fevereiro de 2016


Amados irmãos e irmãs, bom dia!

O segundo domingo de Quaresma apresenta-nos o Evangelho da Transfiguração.

A viagem apostólica que realizei nos dias passados ao México foi uma experiência de transfiguração. Porquê? Porque o Senhor nos mostrou a luz da sua glória através do corpo da sua Igreja, do seu Povo tantas vezes oprimido, desesperado, violado na sua dignidade. Com efeito, os diversos encontros vividos no México foram cheios de luz: a luz da fé que transfigura os rostos e ilumina o caminho.

O «centro de gravidade» espiritual da minha peregrinação foi o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe. Permanecer em silêncio diante da imagem da Mãe era o que antes de tudo me propunha. E dou graças a Deus porque mo concedeu. Contemplei, e deixei-me olhar por aquela que tem impressos nos seus olhos os olhares de todos os seus filhos, e recolhe os sofrimentos devidos à violência, aos raptos, aos assassínios, aos abusos com dano para tanta pobre gente, tantas mulheres. Guadalupe é o Santuário mariano mais frequentado no mundo. De toda a América vão rezar ali onde a Virgen Morenita se mostrou ao índio são Juan Diego, dando início à evangelização do continente e à sua nova civilização, fruto do encontro entre as diversas culturas.

Foi precisamente esta a herança entregue pelo Senhor ao México: preservar a riqueza da diversidade e, ao mesmo tempo, manifestar a harmonia da fé comum, uma fé genuína e robusta, acompanhada por uma grande carga de vitalidade e de humanidade. Tal como os meus Predecessores, também eu fui para confirmar a fé do povo mexicano, mas contemporaneamente para ser confirmado; recolhi de mãos-cheias este dom para que seja em benefício da Igreja universal.

Um exemplo luminoso do que estou a dizer é dado pelas famílias: as famílias mexicanas acolheram-me com alegria como mensageiro de Cristo, Pastor da Igreja; mas por sua vez deram-me testemunhos límpidos e fortes, testemunhos de fé vivida, de fé que transfigura a vida, e isto para a edificação de todas as famílias cristãs do mundo. E o mesmo se pode dizer para os jovens, para os consagrados, para os sacerdotes, para os trabalhadores e para os presos.

Por isso dou graças ao Senhor e à Virgem de Guadalupe pelo dom desta peregrinação. Além disso, agradeço ao Presidente do México e às demais Autoridades civis pelo caloroso acolhimento: agradeço vivamente aos meus irmãos no Episcopado, e a todas as pessoas que colaboraram de tantas maneiras.

Elevemos um louvor especial à Santíssima Trindade por ter querido que, nesta ocasião, se realizasse em Cuba o encontro entre o Papa e o Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia, o querido irmão Cirilo; um encontro tão desejado inclusive pelos meus Predecessores. Também este evento é uma luz profética de Ressurreição, da qual hoje o mundo precisa como nunca. A Santa Mãe de Deus continue a guiar-nos no caminho da unidade. Rezemos a Nossa Senhora de Kazan’, da qual o Patriarca Cirilo me ofereceu um ícone.

Depois do Angelus 

Imagem da Virgem de Lourdes foi profanada no Chile


O Santuário de Lourdes localizado na capital Santiago (Chile) sofreu um novo ataque na madrugada da segunda-feira, 22. Desconhecidos invadiram o lugar e destruíram o local onde se acendem velas e os arranjos de flores deixados como oferta pelos devotos à Virgem e cortaram a fiação elétrica e o som do local.

Quando os funcionários, religiosos e também peregrinos do Santuário viram os estragos deste ataque, começaram a organizar, limpar e sobretudo manter um clima de calma e oração para participar logo depois de uma Eucaristia de desagravo presidida pelo Bispo Auxiliar de Santiago, Dom Galo Fernández, neste mesmo dia.

Em sua homilia Dom Fernández convidou a “pensar naquelas pessoas que tiveram experiências negativas em suas famílias, que estão sofrendo, ou estão com raiva pelas perdas de um ser querido devido a alguma doença. Às vezes, não sabem enfrentar adequadamente esta situação e revelam-se contra Deus”.

“Jesus nos pede olhar aqueles que não o conhecem, aqueles que por algum motivo têm o coração rebelde e muito longe d’Ele. Jesus Cristo sempre está com o olhar e o coração atento para ver mais longe, para aproximar-se daqueles que estão longe”, disse o Prelado segundo informou o Escritório de Comunicações do Arcebispado de Santiago. 

Falsear o nome ou figura de Jesus «desqualifica» os seus autores


O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou hoje à Agência ECCLESIA que a utilização da frase “Jesus também tinha dois pais” num cartaz sobre a adoção por casais do mesmo sexo “falseia uma verdade” e “desqualifica quem a propaga”.

D. Manuel Clemente disse que Jesus sempre se referiu a Deus “como Seu Pai”, tinha uma mãe, Maria, e um pai adotivo, na “terminologia atual”, que era José.

“Utilizar o nome de Jesus ou a figura de Jesus para dizer outra coisa é uma mentira que desqualifica quem a propaga”, sustentou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

D. Manuel Clemente disse a respeito do cartaz divulgado esta quinta-feira pelo Bloco de Esquerda, onde se apresenta a figura de Jesus com a afirmação de que “também tinha dois pais” que é a “pior das mentiras”.

“O meu comentário só pode ser negativo porque falseia uma verdade e essa é a pior das mentiras”, sublinhou. 

Milícia do Rio ameaça padre que acolhe refugiados em Brasília


A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga ameaças de morte ao padre polonês Pedro Stepien, que desde ano passado acolhe no Distrito Federal 15 pessoas de cinco famílias cariocas expulsas de um condomínio do 'Minha Casa, Minha Vida', em Campo Grande, Zona Oeste.

A região é controlada pela milícia chamada 'Liga da Justiça'. Os policiais milicianos invadiram e se apossaram de dezenas de apartamentos. Há relatos até agora de sete mortes de quem resistiu às ordens. E um homem entrou no programa de proteção a testemunhas, do governo do Estado.

E pelo ocorrido com o padre, os milicianos estão muito bem informados sobre os paradeiros das famílias na capital federal. As famílias também correm risco de vida.


Há três dias, o padre Stepien passou a receber mensagens ameaçadoras no seu celular, pelo aplicativo Whatsapp, e o caso chegou ontem ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O ministro avalia pedir a Polícia Federal para entrar na investigação, pelo cenário envolver denúncias em um programa federal.

O religioso já entregou seu celular às autoridades. “O que você está fazendo no Congresso? Não adianta pedir ajuda a político porque muitos nos devem favores'', registra a última mensagem recebida pelo padre.

Busquemos a Deus, único bem verdadeiro


Onde está o coração do homem está também o seu tesouro; pois Deus não costuma negar o bem aos que lhe pedem.

Porque o Senhor é bom, e é bom sobretudo para os que nele esperam, unamo-nos a ele, permaneçamos com ele de toda a nossa alma, de todo o coração e de todas as forças, para vivermos na sua luz, vermos a sua glória e gozarmos da graça da felicidade eterna. Elevemos nossos corações para esse bem, permaneçamos e vivamos unidos a ele, que está acima de tudo quanto possamos pensar ou imaginar; e concede a paz e a tranquilidade perpétuas, uma paz que ultrapassa toda a nossa compreensão e sentimento.

É esse o bem que tudo penetra; todos vivemos nele e dele dependemos; nada lhe é superior, porque é divino. Só Deus é bom e, portanto, o que é bom é divino e o que é divino é bom; por isso se diz no salmo: Vós abris a mão e todos se fartam de bens (Sl 103,28). É, com efeito, da bondade de Deus que nos vêm todos os bens, sem nenhuma mistura de mal.

Esses bens são os que a Escritura promete aos fiéis, dizendo: Comereis dos bens da terra (Is 1,19).

Nós morremos com Cristo e trazemos em nosso corpo a morte de Cristo, para que também a vida de Cristo se manifeste em nós. Portanto, já não é a nossa própria vida que vivemos, mas a vida de Cristo: vida de inocência, vida de castidade, vida de sinceridade e de todas as virtudes. Também ressuscitamos com Cristo; vivamos, pois, unidos a ele, subamos com ele, a fim de que a serpente não possa encontrar na terra o nosso calcanhar e feri-lo.

Fujamos daqui. Podes fugir com o espírito, embora permaneças com o corpo; podes ficar aqui e estar ao mesmo tempo junto do Senhor, se teu coração estiver unido a ele, se teus pensamentos se fixarem nele, se percorreres seus caminhos, guiado pela fé e não pelas aparências, se te refugiares junto dele – que é nosso refúgio e nossa força, como disse Davi: Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor, que eu não seja envergonhado para sempre (Sl 70,1).

Já que Deus é o nosso refúgio, e Deus está nos céus e no mais alto dos céus, é preciso fugir daqui para as alturas onde reina a paz, onde repousaremos de nossas fadigas, onde celebraremos o banquete do grande sábado, como disse Moisés: O repouso sabático da terra será para vós ocasião de festim (Lv 25,6). Descansar em Deus e contemplar as suas delícias é, na verdade, um banquete, cheio de alegria e felicidade.

Fujamos, como os cervos, para as fontes das águas. Que a nossa alma sinta a mesma sede de Davi. Qual é esta fonte? Escuta o que ele diz: Em vós está a fonte da vida (Sl 35,10). Diga minha alma a esta fonte: Quando terei a alegria de ver a face de Deus? (Sl 41,3). Porque a fonte é o próprio Deus. 


Do Tratado sobre a fuga do mundo, de Santo Ambrósio, bispo

(Cap.6,36; 7,44: 8,45;9,52:CSEL32,192.198-199.204)            (Séc.IV)