Tornou
lugar-comum dizer que estamos mergulhados numa profunda crise política, com
graves reflexos na economia e na vida social, a saber: desaceleração da
atividade econômica, aumento do desemprego e perplexidade da população diante
do futuro do país.
Estamos
sim vivendo aguda crise política, que se agrava à medida que o tempo avança e
não se vislumbram caminhos para solucioná-la. Infelizmente, neste momento
em que mais se precisa da política e de políticos, há um descrédito geral em
relação a ambos. A política perdeu o valor intrínseco de seu significado
semântico, isto é, de verdadeira vocação a serviço da comunidade. Deixou de
ser, como afirma Paulo VI a forma mais elevada da caridade, para tornar-se mero
instrumento de busca de poder e de interesse pessoal ou de grupos, pautado pelo
amoral princípio maquiavélico de que “o fim justifica os meios”. Uma das
consequências naturais da adoção desse princípio é a corrupção.
Perante
tal situação, não é de estranhar o crescente desencanto pela política e pelos
políticos e, igualmente, a descrença na democracia devido ao não cumprimento de
promessas feitas nas campanhas eleitorais, de uma vida melhor e mais justa para
os cidadãos.
Estamos
diante de uma crise insolúvel? Não, se dela, extrairmos lições positivas para a
reabilitação de nossas práticas políticas.
De
pronto, para enfrentar a crise, temos de considerar que, no regime democrático,
o objetivo maior da política é a procura do bem comum, que deve ser perseguido
por todos – políticos e cidadãos -, nas diferenças de programas partidários e
de projetos de governo concretos e realizáveis, sem que se ceda às fáceis e
alienantes tentações populistas. Dessa forma, esperamos que nossos políticos,
agora mais do que nunca, sejam capazes de colocar o bem comum acima de
interesses particulares.
De nossos
políticos e de nossas autoridades, estamos também a esperar disposição e
competência para dialogar. O diálogo político e a busca de consensos em torno
dos problemas nacionais e o respeito às instituições são fundamentais para se
encontrarem soluções justas e pacíficas para que a paz e a segurança reinem no
país, levando-o ao caminho do desenvolvimento sustentável com justiça social.
Não podemos nos esquecer de que, na democracia, a responsabilidade pela solução
dos próprios problemas cabe a todos, no espírito de solidariedade. Dessa forma,
esperamos que, na esfera dos três Poderes da República e no seio da população,
prevaleça, nesse grave momento da vida nacional, o senso de equilíbrio, para
que se construam soluções duradouras para nossos problemas.
Outro item
refere-se à corrupção. Sem dúvida, que o anseio da população é o dos Bispos,
reunidos em Aparecida, quando declararam que “as suspeitas de corrupção devem
continuar sendo, rigorosamente, apuradas. Os acusados sejam julgados
pelas instâncias competentes, respeitando o seu direito de defesa; culpados
punidos e os danos devidamente reparados, a fim de que sejam garantidas a
transparência, a recuperação da credibilidade das instituições e restabelecida
a justiça.”
“A crise
atual, afirma a CNBB, evidencia a necessidade de uma autêntica e profunda
reforma política, que assegure efetiva participação popular, favoreça a
autonomia dos Poderes da República, restaure a credibilidade das instituições,
assegure a governabilidade e garanta os direitos sociais.”
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