“Não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais
distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada,
o que é perfeito”, porque “nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos
o Espírito que vem de Deus, para conhecermos os dons que Deus nos concedeu”,
nos admoesta São Paulo (Rm 12, 2 e 1 Cor 2, 12).
O mundo “está sob o poder do Maligno” (1Jo 5, 19).
O cristão, como seu mestre Jesus, não é deste mundo (Jo 17, 14). “Se o mundo
vos odeia, sabei que primeiro odiou a mim. Se fosseis do mundo, o mundo vos
amaria como ama o que é seu” (Jo 15, 18).
Na esteira de Jesus e dos Apóstolos, o Papa
Francisco ensina: “Há um problema que não faz bem aos cristãos: o espírito do
mundo, o espírito mundano, o mundanismo espiritual. Isto faz-nos sentir
autônomos, viver o espírito do mundo, e não o de Jesus” (18/5/2013).
“Desde o primeiro batizado, todos somos Igreja e
todos devemos caminhar pela senda de Jesus, que percorreu Ele mesmo um caminho
de despojamento. Tornou-se servo, servidor; quis ser humilhado até à Cruz. E se
nós quisermos ser cristãos, não há outro percurso. Mas não podemos fazer um
cristianismo um pouco mais humano – dizem – sem cruz, sem Jesus, sem
despojamento? Desta forma tornar-nos-íamos cristãos de pastelaria, como lindos
bolos, como boas coisas doces! Muito lindos, mas não cristãos verdadeiros! Alguém
dirá: ‘Mas do que se deve despojar a Igreja?’ Deve despojar-se hoje de um
perigo gravíssimo, que ameaça todas as pessoas na Igreja, todos: o perigo do
mundanismo. O cristão não pode conviver com o espírito do mundo. O mundanismo
nos leva à vaidade, à prepotência, ao orgulho. E isto é um ídolo, não é Deus. É
um ídolo! E a idolatria é o maior pecado!... Todos nós devemos nos despojar
desse mundanismo: o espírito contrário ao espírito das bem-aventuranças, o
espírito contrário ao espírito de Jesus. O mundanismo nos faz mal. É tão triste
encontrar um cristão mundano, convencido – ao seu parecer – daquela certeza que
a fé lhe dá e certo da segurança que lhe oferece o mundo. Não se pode misturar
os dois espíritos. A Igreja – todos nós – deve despojar-se do mundanismo, que a
leva à vaidade, ao orgulho, que é a idolatria. O próprio Jesus dizia-nos: ‘Não
se pode servir a dois senhores: ou serves a Deus ou serves ao dinheiro’ (cf. Mt
6, 24). No dinheiro estava todo este espírito do mundo; dinheiro, vaidade,
orgulho. É triste cancelar com uma mão o que escrevemos com a outra. O
Evangelho é o Evangelho! Deus é único! E Jesus fez-se servo por nós e o
espírito do mundo não tem lugar aqui...”
“O mundanismo espiritual mata! Mata a alma! Mata as
pessoas! Mata a Igreja! Quando Francisco, aqui, fez aquele gesto de se
despojar... foi a força de Deus que o estimulou a fazê-lo, a força de Deus que
nos queria recordar o que Jesus nos dizia sobre o espírito do mundo... Que o
Senhor dê a todos nós a coragem de nos despojarmos... do espírito do mundo, que
é a lepra, é um cancro da sociedade... O espírito do mundo é o inimigo de
Deus!” (Assis, 4/10/2013).
Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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