Não existe coisa
mais linda do que ouvir alguém dizer: “Eu te amo, eu te quero bem!”. Quando
alguém nos estima, não nos sentimos sós, caminhamos com segurança, conseguimos
enfrentar também dificuldades e situações críticas. E quando o “querer-se bem”
se torna recíproco, a esperança e a confiança se consolidam e nos sentimos
protegidos. Todos nós sabemos que as crianças, para crescerem saudavelmente,
precisam estar circundadas por um ambiente cheio de amor, por pessoas que lhes
queiram bem. Mas isso vale para qualquer idade. Por isso, a Palavra de Vida nos
convida a sermos “bondosos e compassivos” uns para com os outros, ou seja, a
nos querermos bem. E ela nos dá como modelo o próprio Deus.
É justamente o
exemplo Dele que nos lembra que “querer-se bem” não é um mero sentimento; é um
concretíssimo e exigente “querer o bem do outro”. Em Jesus, Deus se tornou
próximo dos doentes e dos pobres, sentiu compaixão das multidões, usou de
misericórdia para com os pecadores, perdoou àqueles que o tinham crucificado.
Também para nós,
querer o bem do outro significa escutá-lo, demonstrar uma atenção sincera,
compartilhar as alegrias e as provações, cuidar dele, acompanhá-lo na sua
caminhada. O outro nunca é um estranho, mas um irmão, uma irmã que me pertence,
a quem eu quero servir. É exatamente o oposto do que acontece quando se vê o
outro como um rival, um concorrente, um inimigo, chegando a desejar-lhe o mal,
inclusive a esmagá-lo, até mesmo a eliminá-lo, como infelizmente nos descreve o
noticiário de cada dia. Embora sem chegar a esse ponto, será que também nós não
acumulamos rancores, desconfianças, hostilidades ou simplesmente indiferença ou
desinteresse para com pessoas que nos prejudicaram, ou que consideramos
antipáticas, ou que não pertencem ao nosso círculo social?
Querer o bem uns
dos outros – é o que nos ensina a Palavra de Vida – significa embocar o caminho
da misericórdia, prontos a nos perdoarmos cada vez que erramos. A esse respeito
Chiara Lubich conta que, nos inícios da experiência da sua nova comunidade
cristã, para atuar o mandamento de Jesus ela tinha feito um pacto de amor mútuo
com as suas primeiras companheiras. E mesmo assim, apesar disso, “sobretudo em um primeiro tempo, não era
sempre fácil para um grupo de moças viver o radicalismo do amor. Éramos pessoas
como todas as outras, embora sustentadas por um dom especial de Deus; e também
entre nós, nos nossos relacionamentos, poderia ‘entrar areia’, e a unidade
poderia desvanecer-se. Isso acontecia, por exemplo, quando nos apercebíamos dos
defeitos, das imperfeições dos outros e os julgávamos, o que fazia a corrente
de amor mútuo arrefecer.
Para reagir a essa situação, pensamos um dia
em selar entre nós um acordo, um pacto, que denominamos ‘pacto de
misericórdia’. Decidimos que a cada manhã veríamos o outro que encontrávamos –
no focolare, na escola, no trabalho etc. – como alguém novo, novíssimo, não nos
lembrando mais absolutamente de seus senões, de seus defeitos, mas cobrindo tudo
com o amor. Significava encontrar a todos com essa anistia completa do nosso
coração, com o perdão universal. Era um compromisso forte, assumido por todas
nós em conjunto, que ajudava a termos sempre a iniciativa no amor, imitando o
Deus misericordioso, que perdoa e esquece”.1
Um pacto de
misericórdia! Não poderia ser esse um modo de crescer na bondade e compaixão?
Fabio Ciardi
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1O amor ao próximo.
Conversação com os amigos muçulmanos. Castel Gandolfo, 1º de novembro de
2002.
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Movimento dos
Focolares – Brasil
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