Na
quinta-feira, 26 de janeiro, os bispos do México responderam energicamente à
recente ordem executiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que
busca construir de forma “imediata” um muro na fronteira com o México para
combater a migração ilegal.
Em um comunicado da Conferência do Episcopado Mexicano (CEM), os
bispos expressaram sua “dor e rechaço” pela decisão de Trump, anunciada no dia
25 de janeiro.
Deste modo, recordaram que, há mais de 20 anos, os prelados “da
fronteira do norte do México e da fronteira do sul dos Estados Unidos estamos
trabalhando” a fim de oferecer “a melhor atenção aos fiéis que habitam em dois
países irmãos, localizados propriamente em uma única cidade; comunidades de fé
atendidas por duas Dioceses (como Matamoros e Brownsville, ou Laredo e Nuevo
Laredo, por exemplo)”.
“A primeira coisa que nos causa dor é o fato de que muitas
pessoas que vivem sua relação de família, fé, trabalho ou amizade, ficarão
ainda mais bloqueadas por esta interferência desumana”, lamentaram.
Os bispos recordaram as palavras de Dom Joe Vasquez, Presidente
do Comitê de Migração da Conferência do Episcopado dos Estados Unidos e Bispo
da Diocese de Austin, que assinalou, entre outras coisas, que “a construção
desse muro fará com que os imigrantes, sobretudo os mais vulneráveis, mulheres
e crianças, sejam ainda mais explorados por traficantes e contrabandistas”.
Além disso, a construção dessa barreira desestabilizará muitas comunidades que
vivem pacificamente ao longo da fronteira”, disse.
Os bispos do México afirmam que, como Igreja no país, “seguiremos apoiando de
maneira próxima e solidária tantos irmãos que provêm do Centro e da América do
Sul e que passam pelo nosso país para chegar aos Estados Unidos”.
“Expressamos nossa dor e rechaço pela construção deste muro e
convidamos respeitosamente a fazer uma reflexão mais profunda a respeito de
como podemos buscar a segurança, o desenvolvimento, a ativação do emprego e
outras medidas, necessárias e justas, sem causar mais danos do que já sofrem os
mais pobres e vulneráveis”, indicaram.
Em seguida, os prelados exortaram as autoridades a fim de que,
“nos diálogos e busca de acordos com os Estados Unidos, defendam caminhos
justos, que protejam a dignidade e o respeito às pessoas, sem importar sua
nacionalidade nem credo e, sobretudo, apreciem a riqueza que contribuem em sua
busca de melhores oportunidades de vida.
Cada pessoa tem um valor intrínseco e incalculável como filho de Deus”.
Os bispos expressaram seu respeito pelo direito do governo dos
Estados Unidos de respeitar suas fronteiras, mas assinalaram que não consideram
que “uma aplicação rigorosa e intensiva da lei seja a maneira de alcançar seus
objetivos e que, pelo contrário, estas ações são alarmantes e causam temor
entre os imigrantes, desintegrando muitas famílias sem nenhuma consideração”.
Os prelados concluíram o seu comunicado pedindo a “nossa Mãe de
Guadalupe, Imperatriz de toda a América”, que “acompanhe as pessoas que têm a
responsabilidade das negociações em ambos os países” e que “dê consolo e
proteção aos nossos irmãos imigrantes”.
A
ordem do Trump para continuar o muro de Bill Clinton
Em 25 de janeiro, Trump, que havia prometido esta decisão
durante a sua campanha eleitoral, assinou a ordem executiva intitulada
“Segurança Fronteiriça e Melhoras no Controle da Imigração”.
Entre outras disposições, o documento determina “assegurar a
fronteira sul dos Estados Unidos através da imediata construção de um muro na
fronteira sul, monitorado e promovido por uma equipe adequada a fim de prevenir
a imigração ilegal, o tráfico de drogas e de pessoas e atos de terrorismo”.
Atualmente, existe um muro que foi construído durante o governo
de Bill Clinton, que está em diversos setores da fronteira entre os Estados
Unidos e o México.
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ACI Digital
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