Os
antigos judeus costumavam oferecer sacrifícios de animais para mostrar sua
adoração, gratidão, petição do perdão dos pecados e outros favores a Deus.
Estando para sair da escravidão do Egito, liderados por Moisés, por ordem
divina sacrificaram cordeiros de um ano. Com o sangue dos mesmos, tingiam os
umbrais das entradas das casas para que, à passagem do anjo exterminador, não
morresse ninguém deles, ao contrário dos egípcios que não tinham esse sinal e
tiveram mortos os filhos mais velhos.
No
entanto, tais sacrifícios não tinham força, por si mesmos, de perdoarem pecados
e sim de solicitar a ajuda divina, tentando agradar a Deus. Seu sacerdócio era
como mediação de oração e culto. Jesus, no entanto, exerceu a mediação
salvadora, ou seja, o sacrifício foi de si mesmo. Ele mesmo foi o cordeiro
imolado em nome da humanidade toda e de todos os tempos. Por ser Ele o Filho
natural de Deus, seu sacrifício foi de verdadeiro pontífice. Por isso mesmo,
realizou a redenção ou salvação de todos os seres humanos.
João
Batista, precursor de Jesus, declara, em relação a Ele: “Eis o cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1,29). De fato, Jesus tem o poder de
tirar os pecados. Ele mesmo o atesta quando curou o paralítico, mostrando que
tinha poder de perdoar e, da mesma forma, de fazer milagres (Cf. Lc 5,17-26).
Jesus
quis dar a própria carne e seu sangue para nos alimentar. Mas o fez da forma
miraculosa da Eucaristia. Com o poder divino Ele podia transformar o pão e o
vinho em seu corpo e sangue, para termos real possibilidade de nos alimentarmos
dele. Não é só símbolo. Ele mesmo disse: “É o meu corpo… fazei isto em memória
de mim” (Lucas 22,19).
Na
contemplação do sacrifício do Cordeiro de Deus somos levados à gratidão a Ele.
Poderíamos oferecer a todos nós em sacrifício, mas não teríamos o efeito de
alcançarmos a vida eterna. Uma só vez Jesus morrendo em sua natureza humana
bastou para todos termos condição de salvação eterna. No entanto, para isso
precisamos de nos colocar junto ao sacrifício do Cordeiro Divino. Nós o fazemos
acompanhando seus passos e ensinamentos. Assim, implantaremos mais justiça
nesta terra. Faremos a inclusão social de quem é deixado de lado. Seremos mais
solidários com os que sofrem. Daremos de nós para melhorar o convívio social, a
família, a política… Não nos omitiremos em promover a cidadania para todos,
dentro da ética, da moral pessoal e social. Seremos pessoas corresponsáveis com
o bem de todos.
Tendo
a presença de Jesus o povo se acercava dele com grande esperança de resolver
seus problemas. Com fé nele resolvemos, acima de tudo, nossos problemas de
busca de sentido para a vida, a ponto de também nos sacrificarmos, a seu
exemplo, para colaborarmos com a promoção da vida plena e de sentido para
todos.
Dom José Alberto
Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
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