Não basta quebrar
a imagem! Tem que filmar. E não basta filmar! Tem que postar no facebook… E o
escândalo incendeia as redes sociais.
O vídeo da"pastora" evangélica quebrando a imagem de Nossa Senhora Aparecida causou espanto em muita gente, desde ontem. Eu, que já estou cansado de me
espantar, simplesmente adscrevi o fato a essas boçalidades com as quais
precisamos conviver dia-a-dia.
O circo em que se
converteram certas "igrejas" oferece espetáculos de gosto mais que
duvidoso: desde camisas e facas sujas pelo sangue do "apóstolo
esfaqueado" que se transformam num Santo Graal ambulante, passando por
outros que se fantasiam de Fred Flintstone para bancar "o profeta",
até encenações pitorescas que os saltimbancos medievais considerariam cafonas…
E o povo não cai no ridículo, gosta, paga pra ver de novo, e paga, e paga, e
paga. Paga porque merece!
Qualquer padre
brasileiro já está acostumado com cenas como essas. Basta o fulano se
"converter" para qualquer desses grupos, e se transforma num
quebra-santo. Sim, há aqueles mais educados que deixam as imagens nas portas
das Igrejas ou que as jogam num lugar mais digno. Mas, parafraseando um
corinho-reteté cantado nessas garagens de fogo, "a ordem é pra
quebrar".
Isso não é de
hoje! Desde os tempos de Lutero e Calvino os protestantes se prodigalizaram por
seu ódio iconoclasta. A teologia, aqui, é totalmente descartável: vai desde a
pregação de que por trás de cada imagem há um demônio, coisa que aterroriza o
imaginário protestante aos arroubos (só quem é ex-protestante sabe do que estou
falando), até a acusação anti-católica de que somos idólatras porque aquelas
são representações de falsos deuses, deuses que a fantasia criativa desses
pregadores veem projetados anti-historicamente em nossas esculturas.
No início foram
apenas conveniências de dinheiro: os protestantes alemães em conluio econômico
com os bizantinos iconoclastas. Depois, veio a falsa apologética para aveludar
a ganância e justificar o revanchismo. E hoje é a pura ignorância, que chega a
esse monumento de truculência, ostentação do desprezo à fé e devoção de todo um
povo.
O que fazer
diante disso? Francamente, há pouco a fazer. Nesses 500 anos da Reforma de
Lutero, que dilacerou o cristianismo introduzindo nele o germe do
esfacelamento, eu, que acho que há pouco a se comemorar, digo apenas que a
Igreja Católica continuará a ser o que sempre foi: Mãe!
Somos católicos.
Nossa vocação é a unidade, é congregarmos pessoas, é criarmos sinfonias com
diferenças. Cristo estará voltando sobre os céus, e estarão ali os católicos
tentando colocar os fanáticos para conversar, para fazê-los pensar, para
pacificá-los.
Não precisamos nos
chocar com esse fato, que desgraçadamente é tão corriqueiro, e cujo ridículo só
não supera aos ridículos que estes mesmos fazem, ridículos que hoje não são
mais ocultos sob o curioso véu do mistério, mas são exibidos publicamente, em
rede nacional, em suas próprias cadeias de TV. Esse fato é apenas um entre tantos que
cairão no vazio, um exemplar entre muitos de uma crente quebra-santo.
Pe. José Eduardo,
Doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da
Santa Cruz (Roma)
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