Na
perseguição terrível do Imperador Dioclesiano pelo ódio e sanha contra os
cristãos, destacou-se a figura emblemática de São Sebastião. Membro do corpo de
elite da guarda imperial, aproveitava sua influência para visitar e consolar os
irmãos(ãs) presos pela fé. Descoberto, foi condenado a morrer flechado amarrado
a uma árvore, pelo seus colegas. Dado como morto foi curado por uma piedosa
senhora chamada Irene.
Recomposto
foi até o Imperador, outras versões colocam o Cônsul ou Chefe da Guarda
Pretoriana, e com voz clara acusa a autoridade do abuso e injustiça da
perseguição contra os cristãos. Novamente é condenado a morte desta feita com
açoites e espancamento até o seu óbito, sendo o seu corpo deixado escondido num
esgoto.
A saga
sebastiana revela coragem, determinação mas também um novo tipo de soldado que
hoje chamamos objetor de consciência. Levando a sério a frase de Pedro, no
Sinédrio de Jerusalém, que importa obedecer antes a Deus que aos homens,
tornou-se um exemplo e modelo de todos os que pertencentes às forças armadas,
desobedecem uma ordem injusta e contrária à consciência e aos direitos humanos.
Mais, ele com sua atitude e opção radical por Cristo, mostra o caminho da não
violência e da defesa não armada, que foi a prática normal dos cristãos que
serviam o exército imperial até o século IV, depois as Igrejas cristãs mais
identificadas com esta vivência do desarmamento espiritual como os Quakers,
Menonitas e Irmãos Moravos deram prosseguimento a esta sequela de mansidão e de
paz. Na 50ª mensagem do dia mundial da paz, o Papa Francisco apresentou a não
violência como um estilo de política para a paz.
Certamente
o Reino de Cristo inaugura um caminho novo, não mais o preparar-se para a
guerra tanto interna como externa, mas acreditar que a paz não é apenas uma
meta ou um resultado, mas um caminho espelhado nas bem aventuranças, que vencem
o medo, o ódio e a violência homicida. A não violência longe de ser uma
estratégia de rendição e de compactuação com o crime e as forças do mal,
manifesta a firmeza da verdade, do bem e do amor, que serão sempre as sementes
transformadoras da historia. Que São Sebastião inspire uma segurança pública,
democrática, pacificadora, e voltada sempre à vida, o respeito aos direitos
humanos e a justiça. Deus seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
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