O ser
humano tem dentro de si a noção de bem e de mal, à exceção de alguns com
distúrbios psíquicos. Se houver educação do caráter desde a infância, com
orientação para a busca e a prática de valores humanos e éticos, teremos
comportamentos mais altruístas e saudáveis. Ao contrário, o egoísmo pode
dominar a vontade das pessoas para elas seguirem mais os instintos não bem
canalizados.
Grandes
condicionamentos que formam profundamente a humanidade para a subjetividade
exacerbada são o consumismo e o hedonismo. Dentro disso se coloca muita
força na busca do ter e do prazer, rejeitando-se muito os valores da ética, da
verdade, do bem comum e da solidariedade. Divisões surgem com agressividade física
e moral entre pessoas, famílias e nações.
Mesmo
pessoas que se dizem religiosas muitas vezes aceitam o culto, a oração e certas
liturgias, mas não assumem as verdades e exigências da pessoa e do Evangelho de
Jesus, sendo incongruentes com sua profissão de fé. Aliás, estamos num mundo em
que, mesmo na esfera religiosa, não se querem aceitar determinadas regras de
conduta. Às vezes se muda de religião por conveniência e certas
facilitações de conduta. Há quem, em vez de aceitar as orientações de uma
instituição, quer determinar as próprias conveniências para elas.
Por
interesses econômicos e de domínio político fazem-se guerras, fabricam-se
armamentos e se invadem territórios, provocando-se até genocídio em relação a
povos e nações. Até se formam as crianças para a beligerância, em nome de
Deus e de sua Palavra. As guerras não resolvem as questões humanas e nem
engrandecem a quem as provoca e têm vantagens econômicas e de domínio sobre
outros. A maior grandeza das pessoas, instituições e nações está em sua colaboração
com a promoção da justiça e da paz, para se proteger a cidadania para todos. A
vingança não pode ser usada como arma para se fazer justiça com as próprias
mãos.
O
apóstolo Paulo exorta os cristãos a promoverem a concórdia: “Sejais todos
concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós. Pelo contrário,
sede bem unidos e concordes no pensar e no falar” (1 Coríntios 1,10). Para
isso, além do culto religioso, é preciso formar as pessoas desde o berço, no
cultivo da alteridade, que leva à prática da justiça, da misericórdia e do
amor.
A missão
dada por Jesus aos apóstolos os levou à doação total de si para ensinar as
pessoas de todos os lugares onde puderam ir para se conscientizarem da
necessidade de coerência no seguimento do Mestre. Isso exige união, compreensão
e doação de si pela promoção do entendimento e viver em harmonia. A superação
do egocentrismo é indispensável, mesmo se for necessário dar a própria vida em
bem do próximo. O entendimento e a união dos discípulos são indispensáveis para
se seguir o Senhor.
Dom José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, MG
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