“Sentinela,
o que acontece durante a noite?” (Isaías, 21,11).
O
sentinela é um vigilante atento, que percebe os movimentos mais perigosos e
avisa imediatamente àquelas pessoas que devem intervir na defesa das demais,
especialmente das pessoas mais frágeis.
A
vigilância é uma atitude tão recomendada nas páginas bíblicas, como
demonstração direta do amor de Deus por tudo que Ele criou e salvou, que causa
perplexidade e indignação o avanço perigoso e veloz das mais variadas
expressões do mal no mundo de hoje.
Onde
estão, diante do avanço dessa onda de maldades, os corajosos e atentos,
sentinelas do bem?
A
Igreja Católica, nos tempos atuais da história da humanidade, deve assumir cada
vez mais a atitude do sentinela do bem e ficar mais atenta aos perigos que
ameaçam o nosso país. Ao fundar a sua Igreja sobre a pedra de Pedro, Jesus
insistiu inúmeras vezes, que um dos seus papéis no mundo do século XXI, seria
vigiar: “Vigiai, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor”
Não se
identifica com a Igreja Católica, quem não se identificar com essa missão de
vigilância atenciosa e corajosa!
Atualmente,
existe no Brasil uma estratégia bem pensada por alguns e bem regida por outros,
para que iniciativas culturais, legislativas, judiciárias, em favor da
descriminalização do aborto e da manipulação ideológica das mentes infantis e jovens,
tenham um raio de ação mais amplo na nossa sociedade.
Assim
as correntes de pensamento e os âmbitos de decisão do nosso país, sem
perceberem ou percebendo nitidamente, vão influenciando a população brasileira,
para que o povo pense e decida de acordo com as ideologias destruidoras da vida
e da família, da sexualidade humana, dos valores que unem as pessoas entre si.
O marxismo político-partidário, a ideologia do gênero, o relativismo moral e
sua destruição dos costumes, o consumismo materialista-capitalista, e tantas
outras ondas de mentiras, maldades, violências, drogas, etc., atuam na noite
escura da morte de Deus e da perda do sentido da vida, determinando as linhas
diretrizes de ação de políticos, professores, jornalistas, novelistas,
artistas, etc..
A
vigilância é uma das mais expressivas provas da caridade cristã, especialmente
com as pessoas mais frágeis e vulneráveis na sociedade. Não preveni-las, não
protegê-las, não esclarecê-las dessas estratégias perversas, passa a ser uma
das mais graves omissões presentes no seio da Igreja Católica nesses tempos
últimos.
O amor
à verdade e o amor ao próximo não devem estar distantes entre si. Vigiar e
chamar a atenção para a presença de um ‘tsumani’ invadindo, com suas ondas
enormes, viscosas e sujas a televisão brasileira, os plenários do judiciário,
os espaços legislativos, as escolas e universidades, as famílias, tornaram-se
para os discípulos-missionários do século XXI graves deveres de caridade
cristã.
A Rede
Globo de Televisão tornou-se um depósito poluído dessa sujeira moral, pois ao
estar presente nos lares do povo brasileiro, derrama nele, gota a gota, por
exemplo, a Ideologia do Gênero. O programa “Fantástico” nos últimos domingos e
a próxima novela intitulada “A força do querer” têm como pauta essa arrasadora
e malévola ideologia, que de feminismo não tem nada de autêntico.
A
Ideologia do Gênero é um falso feminismo de matriz marxista, que destrói a
dignidade das mulheres, tirando-lhes toda a beleza do gênio feminino, já que
enquanto mulheres, esposas, mães, educadoras dos filhos, profissionais atuantes
e não adversárias dos homens, elas são as verdadeiras construtoras de um mundo
mais humanizado.
Com
relação à novela citada, o economista Rodrigo Constantino, de forma corajosa,
critica a falta de critério e de prudência cautelar dessa rede televisiva, que
vendendo “a sua alma” aos ideólogos do gênero, acaba sendo a “picareta” de
destruição da família, da integridade moral das crianças e jovens e,
finalmente, da natural identidade sexual do ser humano.
Com
muita clareza científica, esse economista, num recente artigo do seu blog,
escreveu: “fazer da biologia uma tábula rasa é algo absurdo, irresponsável. Tem
muito a ver, contudo, com os tempos modernos, a era das ideologias, do
narcisismo sem limites, da perda de qualquer autoridade, até mesmo a da
biologia”.
Dirigindo
o olhar vigilante para outro lado, na penumbra de um tribunal superior,
encontra-se em andamento a descriminalização do aborto até o terceiro mês,
devido a uma iniciativa cruel do PSOL, um partido infectado de marxismo, que
utilizando-se do anarquismo social e das ideias de Gramsci, assumiu, no vácuo
da descrença popular do PT, a missão de trabalhar para o “bem da democracia
brasileira”, atribuição de supina altivez e irreal.
Depois
de promover em 2013 o anarquismo urbano, destruindo o patrimônio público e
privado, o PSOL agora promove o anarquismo jurídico, solicitando, por meio de
uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), o assassinato de uma
pessoa em gestação, que seria “constitucional” se realizado até a décima
segunda semana da gravidez.
Segundo
esse partido “missionário do mal” em matéria de aborto, a criminalização desse
ato “afeta desproporcionalmente mulheres negras e indígenas pobres, de baixa
escolaridade e que vivem distantes de centros urbanos, onde os métodos para a
realização do aborto são mais inseguros do que aqueles utilizados por mulheres
com maior acesso à informação e poder econômico, resultando em uma grave
afronta ao princípio da não discriminação”.
Será a
ministra do STF Rosa Weber, mulher branca e de alto poder aquisitivo, residente
numa grande cidade e com acesso total à informação, a relatora da ação
protocolada em favor do aborto no último dia 8 de março pelo PSOL e o Instituto
Anis.
Em
outros julgamentos, essa mulher branca, rica, bem informada e bem escolarizada
já deu sinais de ser a favor da descriminalização do aborto, sendo, portanto,
contrária à maioria do povo brasileiro, constituído por brancos, negros,
pardos, ricos e pobres, indígenas e mamelucos, imigrantes e estrangeiros com
cidadania adquirida há anos e, sobretudo, por mulheres e homens que sonham com
um Brasil mais justo e mais protetor dos mais frágeis, como são as crianças em
gestação no seio materno.
O povo
brasileiro é contra o aborto, não importa se querem discriminalizá-lo via STF
ou aprová-lo via Congresso Nacional.
A
Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) deveria vigiar melhor os hospitais da
rede pública, para verificar se o PSOL está entrando em seus corredores e
enfermarias, salas de cirurgia e ambulatórios, para se conscientizarem dos maus
procedimentos médicos e sanitários, que tornam as mulheres vítimas do
desrespeito de uma medicina, que não é exercida com o mínimo dos recursos
necessários.
Aqui
reside a verdadeira questão de saúde pública, e não a descriminalização do
aborto. Caso haja uma sentença favorável do STF, só vai agravar o deficiente
atendimento a nível nacional das mulheres, que continuarão sendo desrespeitadas
pelos responsáveis da política de saúde do Brasil.
Finalmente
o olhar vigilante dos católicos cariocas deve dirigir-se ao plenário da Câmara
de Vereadores, onde os legisladores aí sediados, eleitos pelo povo carioca,
devem defender os verdadeiros e necessários direitos humanos. Porém, uma mulher
bem escolarizada e com um bom salário, Marielle Franco, entrou com um projeto
de lei número PL 16/2017 para instituir nos hospitais municipais o “Programa de
Atenção Humanizada ao Aborto Legal e Juridicamente Autorizado no Âmbito do
Município do Rio de Janeiro”.
Quem
não é sentinela vigilante do bem e da verdade vai acabar “filtrando mosquitos e
engolindo camelos”, e entender que havendo uma lei municipal que legitima o
aborto, as mulheres deverão ter essa atenção humanizada nos hospitais da rede
municipal.
Nada mais
contrário à realidade. Não há aborto legal, e esse programa proposto por essa
vereadora é tão irreal e manipulador da inteligência do povo, pois não se deve
falar de atenção humanizada para uma ação tão desumana, como é o homicídio de
uma pessoa inocente e indefesa presente no útero materno.
A Exma.
Sra. Marielle Franco deveria ser mais verdadeira, e dizer ao povo carioca a
quem ela está servindo. Quem é que está por trás dela, de que organismo
internacional ela é servente e quais são os seus compromissos ideológicos?
O
primeiro ato de vigilância que deve ser realizado pelos católicos e pelas
pessoas de boa vontade que queiram ser os sentinelas do bem e da verdade seria
levantar a voz para gritar bem alto: “basta, chega de argumentos falsos, de
iniciativas legislativas e de ações judiciárias viciadas com ideologias
destruidoras e violentadoras da dignidade dos cidadãos brasileiros, sobretudo
dos ainda em gestação!”.
É
chegada a hora do povo brasileiro não só de ir às ruas, demonstrando civilidade
e defesa do patrimônio público e privado, e protestando contra a corrupção,
contra medidas políticas que prejudicarão as famílias e o emprego. Chegou a
hora de sair da frente da televisão ou até desligá-la, quando ela faz
proselitismo da ideologia marxista-gramscista do gênero; chegou a hora de
denunciar partidos, políticos, ministros e instituições que só se interessam
pela cultura da morte e não pela construção de um futuro melhor para as
crianças e doentes.
“Quem
sabe faz a hora, não espera acontecer”, cantava o povo brasileiro de forma
unânime, levantando a bandeira da autêntica democracia. Os sentinelas do amanhã
melhor devem sair na hora certa da passividade, para que aconteça hoje e agora
um ‘tsunami’ de e-mails para o STF, para a TV Globo e para a Câmara Municipal
de Vereadores carioca, protestando diante de tantas arbitrariedades contra a
vida humana nascente, contra a dignidade das crianças e jovens, contra a
violação da Constituição Federal, fazendo novelistas, políticos e ministros
descerem dos seus pedestais, onde se sentem donos da verdade e do bem e do mal,
para pisarem na realidade do povo, e enxergarem, assim, as verdadeiras
necessidades humanas.
Quem
vigia, protege!
Quem
protege de modo vigilante, exorta as outras pessoas a serem mais conscientes de
seus deveres e direitos fundamentais!
Quem
está conscientizado, promove, com coragem e de forma positiva, a construção de
uma sociedade mais humanizada e justa!
Quem é
construtor de um mundo melhor estimula mais sentinelas, mais pessoas
conscientizadas e mais defensores da vida e da família!
Dom Antonio
Augusto Dias Duarte
Bispo Auxiliar do
Rio de Janeiro
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