O
Bispo de Cuernavaca (México), Dom Ramón Castro Castro, respondeu a várias
acusações feitas pelo governador do estado de Morelos, Graco Ramírez,
consideradas por muitos bispos mexicanos como "difamações e
perseguição".
Em declarações ao Grupo ACI,
Dom Castro Castro lamentou que “aqui quem tem uma opinião diferente do governo
do Estado, quem diz a verdade, é perseguido, caluniado e, sobretudo
processado”. Ele assegurou: “Eu não sou o único”, pois algo parecido aconteceu
com outros críticos da autoridade estatal.
Graco Ramírez, membro do Partido da Revolução Democrática (PRD),
fez várias acusações contra o Bispo de Cuernavaca. Entre elas, destacam a
conspiração contra o seu governo, enriquecer com dinheiro de uma feira
religiosa na região e intervir na política.
Para o Bispo de Cuernavaca, o conflito com o governador de
Morelos “é uma longa história” que começou quando chegou à diocese em 2013.
“Desde que cheguei (houvera) algumas divergências sobre os temas
do casamento igualitário e acerca do aborto”,
indicou.
Outros eventos que incomodaram a autoridade civil, assinalou,
foram as marchas pela paz e pela família, depois das quais “houve certa
preocupação por parte do governo do Estado, porque mobilizou muitas pessoas”.
O Prelado assinalou também: “Fui acusado de ser o culpado pela
violência de um santuário chamado Tepalcingo”, depois dos enfrentamentos
motivados pelos administradores da região.
O
Bispo recordou em um acordo entre os administradores, autoridades do governo do
Estado e do representante legal da diocese “chegaram à determinação de que
regressasse ao trabalho pastoral dos sacerdotes” e uma repartição equitativa
entre a Igreja e os administradores dos recursos
econômicos da feira.
“Mas há exatamente um ano, os administradores levaram 30 pessoas,
dançarinos mascarados, ficaram bêbados e destruíram a porta da casa do
peregrino e do sacerdote, destruíram a casa do sacerdote e queriam linchar o
pároco, profanaram o Santíssimo Sacramento, roubaram 120 mil pesos (6.341
dólares) que eram para comprar material religioso que o pároco havia pedido
emprestado, destruíram tudo o que estava na cozinha e roubaram os objetos
pessoais do pároco”, assinalou.
“Depois disso, nós, pro
bono pacis – para o
bem da paz –, seguimos trabalhando sem perceber absolutamente nenhum outro
benefício que não fosse pastoral”, acrescentou.
Dom Castro lamentou que “todo o ano passado foi assim. Eles
continuaram administrando, eles se sentem donos do santuário, não nos deixaram
trabalhar pastoralmente e este ano voltou a acontecer a mesma coisa e então
decidimos, ao não cumprir o acordo, da nosso parte retirar a celebração dos sacramentos”.
“Eles levaram dois sacerdotes idosos enganados e, finalmente, um
falso sacerdote que foi processado em três dioceses e um celebrante da palavra
que não está em comunhão com a Igreja Católica, e continuaram fazendo a feira”.
Outra acusação se deve a uma reunião do Dom Castro com alguns
líderes políticos e representantes da sociedade civil na qual os incentivou a
trabalhar pelo bem comum frente à difícil situação do Estado.
Dom Castro assinalou: “Agora, estou ameaçado”, pois “o governo
do Estado disse que, por me meter em política, vai me acusar ante a Conferência
Episcopal, ante a Nunciatura e ante o Governo”.
“Eu, como pastor, quero a paz, a harmonia, mas não se pode ter
paz e harmonia, sem verdade”, disse e sublinhou que “a verdade deve ser
consolidada, deve ser trabalhada e a verdade, como disse Jesus, nos fará
livres”.
Província
Eclesiástica do México manifesta o seu apoio
A
Província Eclesiástica do México, liderada pelo Arcebispo Primaz do México,
Cardeal Norberto Rivera, expressou sua “comunhão solidaria” a Dom Castro
Castro, ante “ataques, calúnias, difamação e perseguição da qual foi vítima
desde a sua chegada à diocese de Cuernavaca”.
“Conhecemos a sua probidade e a constatamos na responsabilidade
que a própria Conferência Episcopal Mexicana o confiou ao nomear um membro do
conselho da Presidência, como administrador dos recursos da igreja mexicana”.
O documento também tem a assinatura do Bispo de Toluca, Dom
Francisco Chavolla; do Bispo de Tenancingo, Dom Raul Gomez; do Bispo de
Atlacomulco, Dom Juan Martinez; e dos sete Bispos Auxiliares da Arquidiocese do
México.
Os bispos mexicanos expressaram a Dom Castro Castro: “Também
sabemos do seu entusiasmo, caridade e entrega pastoral como promotor incansável
a favor da justiça e da paz, assim como o pastor com cheiro de ovelha, como o
Papa Francisco nos pediu com insistência”.
Não
perde a paz
Apesar
da perseguição, o Bispo de Cuernavaca assegurou: “Eu não perco a paz, o Senhor
nos deixou a paz, tento construí-la e tê-la muito firme e forte”.
“Certamente não deixo de ter preocupação, mas isso faz eu me
ocupar, enquanto é necessário, mas sigo cumprindo com todos os meus outros
deveres como deve ser”, disse.
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ACI Digital
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