Os reality shows tomaram conta dos
horários nobres da TV em muitos países. O gancho destes programas é apresentar
pessoas “reais” (não atores) com problemas “reais”. Algo parecido com a vida
cotidiana. Na realidade, muitas vezes eles não têm nada de cotidiano; muito
menos de real.
Na medida em que o tempo vai passando, esses
programas se tornam mais provocativos, mais extremos e mais explícitos em seus
conteúdos. Mesmo que ainda não se tenha muito claro o motivo pelo qual este
gênero faz tanto sucesso.
Parece que tem a ver com o desejo do público de
participar de um deles. Tem a ver também com a “autenticidade” das emoções dos
participantes, com as situações a que eles se submetem, com a curiosidade, o
ego, a juventude, a beleza a vontade de atuar e, claro, com o fator monetário.
Seja como for, esses programas estão presentes em nossas vidas, sobretudo, na
vida de adolescentes e jovens adultos, influenciando-as.
Há duas semanas, li uma notícia sobre um novo reality,
que terá como tema o “primeiro encontro”. Mas com um detalhe: o encontro
acontece na cama. Os produtores afirmam que, se “começar pelo fim” e o
participante conhecer a pessoa com roupa íntima e em cima de uma cama, não
haverá muito o que se esconder, as inseguranças desaparecerão e os encontros
acontecerão.
A diretora comenta que é complicado encontrar um
parceiro ou uma parceira no mundo real e que, no programa, os participantes
podem conversar com alguém que “lhes dê um pouco de compreensão e carinho… um
simples abraço”.
Este post não pretende indicar a que assistir e a
que não assistir na TV. Para isso existe a liberdade, o discernimento e a
maturidade. Mas o objetivo é tentar deixar claras algumas coisas que esses
programas não estão deixando ver, pois confundem muito, principalmente os
jovens.
1.
Reality não necessariamente significa realidade
Os reality shows estão longe de
mostrar a realidade. Primeiro porque são programas que seguem um formato e
várias regras. Quer dizer: armam uma realidade que não existe. Além disso, se
uma câmera está seguindo você o tempo todo e você sabe que milhões de pessoas
estão assistindo, este negócio de autenticidade é um pouco duvidoso, não é? Há
vários fatores que mostram que o simples fato de saber que alguém o está
observando impacta diretamente em seu comportamento e, no final, você acaba
atuando, não sendo autêntico. Um reality show tem situações
que não são as mesmas do mundo “real”. São realidades montadas. As TV´s mostram
somente o que querem mostrar ou o que mais vai impactar na audiência.
2.
Não se conquista a
intimidade tirando a roupa
A entrega da intimidade implica conhecer, e
conhecer implica entregar e também receber. A entrega completa, comprometida,
fiel e por toda a vida (como acontece no amor conjugal, em um casamento) é algo
completamente diferente de se colocar em cima de uma cama, com roupas íntimas e
com um perfeito desconhecido em frente a milhares de telespectadores. De íntimo
e profundo isso não tem nada. Sinto um pouco de pesar por saber que esta
mensagem pode ficar na mente de muitos jovens e que logo eles começam a imitar
esses programas, gerando consequências que podem deixar cicatrizes profundas.
3.
O pudor serve para
nos proteger; não é uma simples vergonha da qual temos de nos desfazer
O que é pudor? Parafraseando o filósofo espanhol
Juan Fernando Sellés, é um simples sentimento natural de vergonha ou, talvez,
uma virtude. Nestes momentos, eu prefiro a segunda opção.
O pudor é uma proteção da pessoa. O corpo humano
serve para expressar visualmente a pessoa que somos. Mas há muitos aspectos que
ficam em nosso interior, que, por mais desnudos que estejamos, jamais poderão
ser desvendados. Mas podem, sim, ser violados pelo abuso e pelo uso indevido de
nosso corpo. Neste sentido, o pudor não é algo que deva ser “eliminado”, como
defendem alguns especialistas hoje em dia. O pudor protege nossa intimidade e
nosso próprio corpo.
4.
É admirável descobrir
quem é o outro e se surpreender. E isso não passa na tela da TV
Talvez, em nossos dias, seja muito complicado
estabelecer uma relação sentimental sincera e duradoura. Mas vale a pena lançar-se
nesta busca. O amor não se conforma com um “pouco de compreensão e algum
carinho”. O amor é tudo, entrega total e total aceitação. Não é preciso ficar
sem roupa para que duas pessoas sejam capazes de se comunicar e de se tornarem
íntimas. A entrega e o conhecimento pessoas requerem muito mais que isso.
Queimar etapas, inclusive, poderia ir contra o objetivo. Estar sem roupa pode
deixar a pessoa vulnerável, mas também sem vergonha. Você não vai comunicar sua
intimidade, quem você é verdadeiramente desta maneira. E mais: talvez, com este
comportamento, você somente conseguirá se despersonalizar e se tornar incapaz
de reconhecer-se a si mesmo.
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Catholic Link
Disponível em: Aleteia
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