Segundo o jornal “O Globo”, desde 2010, uma
nova organização religiosa surge por hora no Brasil. A facilidade para a
abertura de novas igrejas, o fortalecimento do movimento neopentecostal e
efeitos da situação econômica são apontados como principais motivos.
De acordo com os relatórios publicados pelo jornal, de janeiro
de 2010 a março de 2017, todos os dias, em particular no Rio de Janeiro,
nasceram 25 novas organizações religiosas ou espirituais.
O
processo para abrir uma organização religiosa ou filosófica no Brasil é simples
e rápido. A Constituição Brasileira proíbe a cobrança de imposto de “templos de
qualquer culto”, que são isentos do pagamento de impostos sobre propriedade,
imposto de renda sobre as doações recebidas, além do IPVA sobre os veículos
adquiridos. Em alguns estados essas organizações também estão isentas do
pagamento do IVA.
O
texto constitucional estabelece a imunidade fiscal e a liberdade de culto. Não
há, portanto, a necessidade de apresentar requisitos teológicos ou doutrinários
para abrir uma igreja. A facilidade faz com que muitas organizações sequer
tenham um lugar, próprio ou alugado, para receber os fiéis, informando o
endereço de imóveis residenciais ou de outras empresas como sendo seus.
Dados
do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), mostram que há
21.333 CNPJs ativos de organizações religiosas. De janeiro de 2010 a fevereiro
deste ano, houve 9.670 registros. O estado campeão no período foi São Paulo,
com 17.052. Entre as denominações que surgiram, o Jornal o “Globo” citou
movimentos como a “Associação Ministerial Homens Corajosos”. O grupo não tem um
templo próprio e percorre diversas igrejas evangélicas com palestras sobre os
valores da vida em família.
O
crescimento das organizações religiosas no país despertou várias desconfianças.
Do ponto de vista tributário, a fiscalização sobre os impostos da União cabe à
Receita Federal, enquanto as secretarias estaduais e municipais de Fazenda
devem supervisionar os tributos a cargo dos estados e cidades. O Ministério
Público também tem o dever de averiguar possíveis irregularidades e desvios
provocados pela blindagem fiscal.
Outra
questão que tem suscitado debates é a presença maciça de programas
produzidos por igrejas evangélicas nas grades das emissoras abertas de
televisão, e despertou a atenção do Ministério Público Federal (MPF), que apura
possíveis irregularidades na prática. O caso mais notável é o canal “CNT”, que
em sua programação tem cerca de 90% da programação vendida para “Igreja
Universal do Reino de Deus”.
As
regras para radiodifusão não estabelecem limites para a produção de programas
por terceiros, o que, de acordo com esta interpretação, seria o caso, e não uma
relação publicitária. Segundo relatado na matéria do “jornal”, nos
documentos que constam do inquérito, as emissoras negam irregularidades,
sustentam que são responsáveis pelos conteúdos veiculados e garantem que
respeitam os limites determinados para a exibição de publicidade. (MD/O
Globo)
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Rádio Vaticano
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