Razões políticas na Reforma
A Reforma protestante foi iniciada por Martinho
Lutero, embora tenha sido motivada primeiramente por razões religiosas, também
foi impulsionada por razões políticas e sociais os conflitos políticos entre
autoridades da Igreja Romana e governantes das monarquias européias, tais
governantes desejavam para si o poder espiritual e ideológico da Igreja e do
Papa, muitas vezes para assegurar o direito divino dos reis.
Práticas como a usura eram
condenadas pela ética católica romana, assim a burguesia capitalista que
desejava altos lucros econômicos sentiria-se mais "confortável" se pudesse
seguir uma nova ética religiosa, adequada ao espírito capitalista, necessidade
que foi atendida pela ética protestante e conceito de Lutero de que a fé sem as
obras justifica (Sola fide).
Algumas causas econômicas para a aceitação da
Reforma foram o desejo da nobreza e dos príncipes de se apossar das riquezas da
igreja romana e de ver-se livre da tributação papal que, apesar de defender a
simplicidade, era a instituição mais rica do mundo, não por falcatruas, mas por
doações de nobres, aristocratas, senhores feudais e até imperadores, quando se
convertiam a Cristo.
Também na Alemanha, a pequena nobreza estava
ameaçada de extinção em vista do colapso da economia senhorial. Muitos desses
pequenos nobres desejavam às terras da igreja. Somente com a Reforma, estas
classes puderam expropriar as terras da Igreja Católica.
Durante a Reforma na Alemanha, autoridades de
várias regiões do Sacro Império Romano-Germânico pressionadas pela população e
pelos luteranos, expulsavam e mesmo assassinavam sacerdotes católicos das
igrejas, substituindo-os por religiosos com formação luterana.
Lutero era radicalmente contra a revolta camponesa
iniciada em 1524 pelos anabatistas liderados por Thomas Münzer,que provocou a
Guerra dos Camponeses. Münzer comandou massas camponesas contra a nobreza
imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem
propriedade privada.
Lutero por sua vez defendia que a existência de
"senhores e servos" era vontade divina,motivo pelo qual eles romperam.Lutero
escreveu posteriormente:
"Contras as hordas de
camponeses (...), quem puder que bata, mate ou fira, secreta ou abertamente,
relembrando que não há nada mais peçonhento, prejudicial e demoníaco que um
rebelde".
Reforma : Na Alemanha, Suíça e França
No início do século XVI, o monge alemão Martinho
Lutero, abraçando as idéias dos pré-reformadores, proferiu três sermões contra
as indulgências entre 1516 a 1517.
Em 31 de outubro de 1517 foram pregadas as 95 Teses na porta da Catedral de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas (Prática comum e permitida pela Igreja na época).Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante.
Em 31 de outubro de 1517 foram pregadas as 95 Teses na porta da Catedral de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas (Prática comum e permitida pela Igreja na época).Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante.
Essas teses pediam um debate teológico sobre o que
as indulgências significavam. e de certa forma defendiam a Igreja e o Papado.As
95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas.
Após um mês se haviam espalhado por toda a Europa.
ALGUMAS DAS 95 TESES DE
LUTERO ACEITAS PELA IGREJA CATÓLICA:
1 Ao dizer: "Fazei penitência",
etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos
fiéis fosse penitência.
3 No entanto, ela não se refere
apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se,
externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
7 Deus não perdoa a culpa de
qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao
sacerdote, seu vigário.
16 Inferno, purgatório e céu
parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
17 Parece desnecessário, para as
almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.
18 Parece não ter sido provado,
nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram
fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19 Também parece não ter sido
provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao
menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.
25 O mesmo poder que o papa tem
sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e
paróquia em particular.
31 Tão raro como quem é penitente
de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
35 Não pregam cristãmente os que
ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir
breves confessionais.
36 Qualquer cristão
verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo
sem carta de indulgência.
38 Mesmo assim, a remissão e
participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse)
constituem declaração do perdão divino.
40 A verdadeira contrição procura
e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz
odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.
41 Deve-se pregar com muita
cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue
erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42 Deve-se ensinar aos cristãos
que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma
forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
45 Deve-se ensinar aos cristãos
que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para
si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
47 Deve-se ensinar aos cristãos
que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
49 Deve-se ensinar aos cristãos
que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas,
porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
56 Os tesouros da Igreja, dos quais
o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem
conhecidos entre o povo de Cristo.
60 É sem temeridade que dizemos
que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo,
constituem este tesouro.
61 Pois está claro que, para a
remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.
71 Seja excomungado e maldito
quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
76 Afirmamos, pelo contrário, que
as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no
que se refere à sua culpa.
77 A afirmação de que nem mesmo
S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é
blasfêmia contra São Pedro e o papa.
78 Afirmamos, ao contrário, que
também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o
Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.
91 Se, portanto, as indulgências
fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas
objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
94 Devem-se exortar os cristãos a
que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e
do inferno;
95 e, assim, a que confiem que
entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da
paz.
Após diversos acontecimentos, em junho de 1518 foi
aberto um processo por parte da Igreja Romana contra Lutero, a partir da
publicação das suas 95 Teses.
Alegava-se, com o exame do processo, que ele incorria em heresia. Depois disso, em agosto de 1518, o processo foi alterado para heresia notória.
Finalmente, em junho de 1520 reapareceu a ameaça no escrito "Exsurge Domini" e, em janeiro de 1521, a bula "Decet Romanum Pontificem" excomungou Lutero.
Extensão da Reforma Protestante na Europa
Enquanto isso, em meio ao clero saxônio,
aconteceram renúncias ao voto de castidade, ao mesmo tempo em que outros tantos
atacavam os votos monásticos. Entre outras coisas, muitos realizaram a troca
das formas de adoração e terminaram com as missas, assim como a eliminação das
imagens nas igrejas e a ab-rogação do celibato.
Ao mesmo tempo em que Lutero escrevia "a todos
os cristãos para que se resguardem da insurreição e rebelião". Seu
casamento com a ex-freira cisterciense Catarina von Bora incentivou o casamento
de outros padres e freiras que haviam adotado a Reforma.
Com estes e outros atos consumou-se o rompimento
definitivo com a Igreja Romana.Em janeiro de 1521 foi realizada a Dieta de
Worms, que teve um papel importante na Reforma, pois nela Lutero foi convocado
para desmentir as suas teses, no entanto ele defendeu-as e pediu a reforma.
Autoridades de várias regiões do Sacro Império
Romano-Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e
mesmo assassinavam sacerdotes católicos das igrejas,substituindo-os por
religiosos com formação luterana.
Toda essa rebelião ideológica resultou também em
rebeliões armadas, com destaque para a Guerra dos camponeses (1524-1525). Esta
guerra foi, de muitas maneiras, uma resposta aos discursos de Lutero e de
outros reformadores.
Revoltas de camponeses já tinham existido em pequena
escala em Flandres (1321-1323), na França (1358), na Inglaterra (1381-1388),
durante as guerras hussitas do século XV, e muitas outras até o século
XVIII.
Em 1530 foi apresentada na Dieta imperial convocada
pelo Imperador Carlos V, realizada em abril desse ano, a Confissão de
Augsburgo, escrita por Felipe Melanchton com o apoio da Liga de Esmalcalda.
Os representantes católicos na Dieta resolveram
preparar uma refutação ao documento luterano em agosto, a Confutatio Pontificia
(Confutação), que foi lida na Dieta. O Imperador exigiu que os luteranos
admitissem que sua Confissão havia sido refutada. A reação luterana surgiu na
forma da Apologia da Confissão de Augsburgo, que estava pronta para ser
apresentada em setembro do mesmo ano, mas foi rejeitada pelo Imperador.
A Apologia foi publicada por Felipe Melanchton no
fim de maio de 1531, tornando-se confissão de fé oficial quando foi assinada,
juntamente com a Confissão de Augsburgo, em Esmalcalda, em 1537.
Ao mesmo tempo em que ocorria uma reforma em um
sentido determinado, alguns grupos protestantes realizaram a chamada Reforma
Radical. Queriam uma reforma mais profunda. Foram parte importante dessa
reforma radical os Anabatistas, cujas principais características eram a defesa
da total separação entre igreja e estado e o "novo batismo" (que em
grego é anabaptizo).
João Calvino:
Enquanto na Alemanha a reforma era liderada por
Lutero, Na França e na Suíça a Reforma teve como líderes João Calvino e Ulrico
Zuínglio.
João Calvino foi inicialmente um humanista. Foi
integrante do clero, todavia não chegou a ser ordenado sacerdote romano. Depois
do seu afastamento da Igreja romana, este intelectual começou a ser visto como
um representante importante do movimento protestante.Vítima das perseguições aos
huguenotes na França, fugiu para Genebra em 1533 onde faleceu em 1564. Genebra
tornou-se um centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece desde
então como uma figura central da história da cidade e da Suíça. Calvino
publicou as Institutas da Religião Cristã, que são uma importante referência
para o sistema de doutrinas adotado pelas Igrejas Reformadas.
Os problemas com os huguenotes somente concluíram
quando o Rei Henry IV, um ex-huguenote, emitiu o Édito de Nantes, declarando
tolerância religiosa e prometendo um reconhecimento oficial da minoria
protestante, mas sob condições muito restritas.
O catolicismo romano se manteve como religião
oficial estatal e as fortunas dos protestantes franceses diminuíram
gradualmente ao longo do próximo século, culminando na Louis XIV do Édito de
Fontainebleau, que revogou o Édito de Nantes e fez de Roma a única Igreja legal
na França. Em resposta ao Édito de Fontainebleau, Frederick William de
Brandemburgo declarou o Édito de Potsdam, dando passagem livre para franceses
huguenotes refugiados e status de isenção de impostos a eles durante 10 anos.
Ulrico Zuínglio
Foi o líder da reforma suíça e fundador das igrejas
reformadas suíças. Zuínglio não deixou igrejas organizadas, mas as suas
doutrinas influenciaram as confissões calvinistas. A reforma de Zuínglio foi
apoiada pelo magistrado e pela população de Zurique, levando a mudanças
significativas na vida civil e em assuntos de estado em Zurique.
No Reino Unido
O curso da Reforma foi diferente na Inglaterra.
Desde muito tempo atrás havia uma forte corrente anticlerical, tendo a
Inglaterra já visto o movimento Lollardo, que inspirou os Hussitas na Boémia.
No entanto, ao redor de 1520 os lollardos já não eram uma força ativa, ou pelo
menos um movimento de massas.
Henrique VIII:
Embora Henrique VIII tivesse defendido a Igreja
Romana com o livro Assertio Septem Sacramentorum (Defesa dos Sete Sacramentos),
que contrapunha as 95 Teses de Martinho Lutero, Henrique promoveu a Reforma
Inglesa para satisfazer as suas necessidades políticas. Sendo este casado com
Catarina de Aragão, que não lhe havia dado filho homem, Henrique solicitou ao
Papa Clemente VII a anulação do casamento.
Perante a recusa do Papado, Henrique fez-se
proclamar, em 1531, protetor da Igreja inglesa. O Ato de Supremacia, votado no
Parlamento em novembro de 1534, colocou Henrique e os seus sucessores na
liderança da igreja, nascendo assim o Anglicanismo.
Os súditos deveriam submeter-se ou então seriam
excomungados, perseguidos e executados, tribunais religiosos foram instaurados
e católicos foram obrigados à assistir cultos protestantes,muitos importantes
opositores foram mortos, tais como Thomas More, o Bispo John Fischer e alguns
sacerdotes, frades franciscanos e monges cartuxos.
Quando Henrique foi sucedido pelo seu filho Eduardo
VI em 1547, os protestantes viram-se em ascensão no governo. Uma reforma mais
radical foi imposta diferenciando o anglicanismo ainda mais do catolicismo
romano.
Seguiu-se uma breve reação romana durante o reinado
de Maria I (1553-1558). De início moderada na sua política religiosa, Maria
procura a reconciliação com Roma, consagrada em 1554, quando o Parlamento votou
o regresso à obediência ao Papa.
Um consenso começou a surgir durante o reinado de
Elizabeth I. Em 1559, Elizabeth I retornou ao anglicanismo com o
restabelecimento do Ato de Supremacia e do Livro de Orações de Eduardo VI.
Através da Confissão dos Trinta e Nove Artigos
(1563), Elizabeth alcançou um compromisso entre o protestantismo e o
catolicismo romano: embora o dogma se aproximasse do calvinismo, só admitindo
como sacramentos o Batismo e a Eucaristia, foi mantida a hierarquia episcopal e
o fausto das cerimônias religiosas.
John Knox:
A Reforma na Inglaterra procurou preservar o máximo
da Tradição Romana (episcopado, liturgia e sacramentos). A Igreja da Inglaterra
sempre se viu como a ecclesia anglicanae, ou seja, A Igreja cristã na
Inglaterra, e não como uma derivação da Igreja de Roma ou do movimento
reformista do século XVI. A Reforma Anglicana buscou ser a "via
média" entre Roma e o protestantismo.
Em 1561 apareceu uma confissão de fé com uma
Exortação à Reforma da Igreja modificando seu sistema de liderança, pelo qual
nenhuma igreja deveria exercer qualquer autoridade ou governo sobre outras, e
ninguém deveria exercer autoridade na Igreja se isso não lhe fosse conferido
por meio de eleição.
Esse sistema, considerado "separatista"
pela Igreja Anglicana, ficou conhecido como Congregacionalismo.Richard Fytz é
considerado o primeiro pastor de uma igreja congregacional, entre os anos de
1567 e 1568, na cidade de Londres. Por volta de 1570 ele publicou um manifesto
intitulado As Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo.
Em 1580 Robert Browne, um clérigo anglicano que se
tornou separatista, junto com o leigo Robert Harrison, organizou em Norwich uma
congregação cujo sistema era congregacionalista,sendo um claro exemplo de
igreja desse sistema.
Na Escócia, John Knox (1505-1572), que tinha
estudado com João Calvino em Genebra, levou o Parlamento da Escócia a abraçar a
Reforma Protestante em 1560, sendo estabelecido o Presbiterianismo. A primeira
Igreja Presbiteriana, a Church of Scotland (ou Kirk), foi fundada como
resultado disso.
Nos Países Baixos e na Escandinávia:
A Reforma nos Países Baixos, ao contrário de muitos
outros países, não foi iniciado pelos governantes das Dezessete Províncias, mas
sim por vários movimentos populares que, por sua vez, foram reforçados com a
chegada dos protestantes refugiados de outras partes do continente.
Enquanto o movimento Anabatista gozava de
popularidade na região nas primeiras décadas da Reforma, o calvinismo, através
da Igreja Reformada Holandesa, tornou a fé protestante dominante no país desde
a década de 1560 em diante. No início de agosto de 1566, uma multidão de
protestantes invadiu a Igreja de Hondschoote na Flandres (atualmente Norte da
França) com a finalidade de destruir as imagens católicas,esse incidente
provocou outros semelhantes nas províncias do norte e sul, até Beeldenstorm, em
que calvinistas invadiram igrejas e outros edifícios católicos para destruir
estátuas e imagens de santos em toda a Holanda, pois de acordo com os calvinistas,
estas estátuas representavam culto de ídolos.
Duras perseguições aos protestantes pelo governo
espanhol de Felipe II contribuíram para um desejo de independência nas
províncias, o que levou à Guerra dos Oitenta Anos e eventualmente, a separação
da zona protestante (atual Holanda, ao norte) da zona católica (atual Bélgica,
ao sul).
Erasmo de Roterdão
Teve grande importância durante a Reforma um
teólogo holandês: Erasmo de Roterdã. No auge de sua fama literária, foi
inevitavelmente chamado a tomar partido nas discussões sobre a Reforma.
Inicialmente, Erasmo se simpatizou com os
principais pontos da crítica de Lutero, e ambos demonstraram admiração mútua,
porém Erasmo hesitou em apoiar Lutero devido a seu medo de mudanças na
doutrina.
Em seu Catecismo (intitulado Explicação do Credo
Apostólico, de 1533), Erasmo tomou uma posição contrária a Lutero por aceitar o
ensinamento da "Sagrada Tradição" não escrita como válida fonte de
inspiração além da Bíblia, por aceitar no cânon bíblico os livros
deuterocanônicos e por reconhecer os sete sacramentos.Estas e outras
discordâncias, como por exemplo, o tema do Livre arbítrio fizeram com que
Lutero e Erasmo se tornassem opositores.
Na Dinamarca, a difusão das idéias de Lutero deveu-se a Hans Tausen:
Em 1536 na Dieta de Copenhaga, o rei Cristiano III
aboliu a autoridade dos bispos católicos, tendo sido confiscados os bens das
igrejas e dos mosteiros. O rei atribuiu a Johann Bugenhagen, discípulo de
Lutero, a responsabilidade de organizar uma Igreja Luterana nacional.
A Reforma na Noruega e na Islândia foi uma
conseqüência da dominação da Dinamarca sobre estes territórios; assim, logo em
1537 ela foi introduzida na Noruega e entre 1541 e 1550 [55] na Islândia, tendo
assumido neste último território características violentas.
Na Suécia, o movimento reformista foi liderado pelos irmãos Olaus Petri
e Laurentius Petri:
Teve o apoio do rei Gustavo I Vasa,que rompeu com
Roma em 1525, na Dieta de Vasteras. O luteranismo, então, penetrou neste país
estabelecendo-se em 1527.
Em 1593, a Igreja sueca adotou a Confissão de
Augsburgo. Na Finlândia, as igrejas faziam parte da Igreja sueca até o início
do século XIX, quando foi formada uma igreja nacional independente, a Igreja
Evangélica Luterana da Finlândia.
Em outras partes da Europa
Na Hungria, a disseminação do protestantismo foi
auxiliada pela minoria étnica alemã, que podia traduzir os escritos de Lutero.
Enquanto o Luteranismo ganhou uma posição entre a população de língua alemã, o
Calvinismo se tornou amplamente popular entre a etnia húngara.
Provavelmente, os protestantes chegaram a ser
maioria na Hungria até o final do século XVI, mas os esforços da Contra-Reforma
no século XVII levaram uma maioria do reino de volta ao catolicismo romano.
Fortemente perseguida, a Reforma praticamente não
penetrou em Portugal e Espanha. Ainda assim, uma missão francesa enviada por
João Calvino se estabeleceu em 1557 numa das ilhas da Baía de Guanabara, localizada
no Brasil, então colônia de Portugal. Ainda que tenha durado pouco tempo,
deixou como herança a Confissão de Fé da Guanabara.
Por volta de 1630, durante o domínio holandês em
Pernambuco, a Igreja Cristã Reformada (Igreja Protestante na Holanda) instalou-se
no Brasil. Tinha ao conde Maurício de Nassau como seu membro mais ilustre. Esse
período teve o Massacre de Cunhaú e Urusassu no Rio Grande do Norte e se
encerrou com a guerra de Restauração portuguesa.
Na Espanha, as ideias reformadas influíram em dois
monges católicos: Casiodoro de Reina, que fez a primeira tradução da Bíblia
para o idioma espanhol, e Cipriano de Valera, que fez sua revisão,originando a
conhecida como Biblia Reina-Valera.
Consequências
1)- A Contrarreforma: Uma vez que
a Reforma Protestante desconsiderou e combateu diversas doutrinas e dogmas
católicos, e provocou as maiores divisões no cristianismo, a Igreja Católica
Romana convocou o Concílio de Trento (1545-1563),que resultou no início da
Contrarreforma ou Reforma Católica, na qual os Jesuítas tiveram um papel
importante.
A Inquisição (Que Já existia), e a censura exercida
pela Igreja Romana foram igualmente determinantes para evitar que as ideias
reformadoras encontrassem divulgação em Portugal, Espanha ou Itália, países católicos.
As igrejas protestantes por sua vez, ao mesmo tempo
em que propagavam a bíblia e suas idéias graças a invenção da máquina
tipográfica de Johannes Gutenberg,também tornaram proibidos uma série de livros
católicos e outros que contrariavam suas doutrinas.
Edward Macnall Burns observou que "do câncer
maligno da intolerância", "não escaparam católicos nem
protestantes".
O biógrafo de João Calvino, o francês Bernard
Cottret, escreveu: "Com o Concílio de Trento (1545-156), trata-se da
racionalização e reforma da vida do clero.
Segundo Bernard Cottret, "A reforma cristã, em
toda a sua diversidade, aparece centrada na teologia da salvação. A salvação,
no Cristianismo, é forçosamente algo de individual, diz mais respeito ao
indivíduo do que à comunidade",diferente da pregação Católica Romana que defende a salvação não pela Igreja, mas
pela intermediação do Corpo de Cristo que é a própria Igreja, coluna e
sustentáculo da verdade (I Tim 3,15), e bem como a fundamentação bíblica de:
1)- “Quem
vos ouve, a mim ouve, e quem vos rejeita, a
mim rejeita; e quem me rejeita , rejeita aquele que me enviou” (Lucas 10,16).
2)- Ele "deseja
que TODOS os homens sejam salvos" (1 Timóteo 2,4).
3)- Ele retarda tanto a volta de Cristo por
paciência, "não querendo que
nenhum pereça, senão que TODOS cheguem ao arrependimento" .(2
Pedro 3,9).
4)- Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa. (Atos 16,31)
Seguiram-se uma série de importantes acontecimentos
e conflitos entre as duas religiões, como o Massacre da noite de São
Bartolomeu, ocorrido como parte das Guerras Francesas, organizada pela casa
real francesa contra os calvinistas franceses (huguenotes), em 24 de Agosto de
1572 e duraram vários meses, inicialmente em Paris e depois em outras cidades
francesas.
Nos países protestantes por sua vez, foi feita a
expulsão e o massacre de sacerdotes católicos,bem como a matança em massa pelos próprios protestantes de
aproximadamente 30.000 anabatistas, desde o seu surgimento em 1535, até os próximos
dez anos posteriores.
Na Inglaterra por sua vez, católicos foram
executados em massa, tribunais religiosos foram instaurados e muitos foram
obrigados à assistir cultos protestantes,forçando assim sua conversão ao
protestantismo mediante o terror.
Um dos pontos de destaque da reforma é o fato de
ela ter possibilitado um maior acesso à Bíblia, graças às traduções feitas por
vários reformadores (entre eles o próprio Lutero) a partir do latim para as
línguas nacionais.Apesar de serem inverídicas as afirmações de que a Igreja
Católica proibia a leitura da bíblia e as traduções em língua Vernácula, pois
foi a própria Igreja Católica a fazer estas primeiras traduções em língua
Vernácula. O que a Igreja proibia era a livre interpretação, baseando-se na autoridade
da própria escritura que afirma:
“Nenhuma profecia da Escritura procede de qualquer interpretação particular.” (2 Pedro 1,20)
“Nenhuma profecia da Escritura procede de qualquer interpretação particular.” (2 Pedro 1,20)
Tal liberdade de interpretação fez com que fossem
criados diversos grupos independentes, conhecidos como denominações. Nas
primeiras décadas após a Reforma Protestante, surgiram diversos grupos,
destacando o Luteranismo e as Igrejas Reformadas ou calvinistas
(Presbiterianismo e Congregacionalismo).
Nos séculos seguintes, surgiram outras denominações
com destaque para os Batistas e os Metodistas.
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Fonte: Wikipédia
Disponível: Beraká
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