A família
do menino que morreu afogado em uma praia depois do naufrágio de uma embarcação
de refugiados sírios, e cuja foto comoveu o mundo, tentou fugir várias vezes
dos combates na Síria e queria emigrar para o Canadá.
Aylan, de
três anos de idade, morreu afogado na quarta-feira junto com seu irmão Ghaleb,
de 5 anos, e sua mãe Rihanna ao largo da costa da cidade turca de Bodrum.
Apenas o
pai, Abdallah, conseguiu sobreviver. Muito emocionado, ele relatou os momentos
de desespero no mar. “Meus filhos escorregaram de minhas mãos”, contou,
acrescentando que todos “estavam com coletes salva-vidas, mas o barco virou
subitamente porque algumas pessoas se levantaram”.
“Estava
escuro e todo mundo gritava. Foi por isso que minha esposa e meus filhos não
escutaram minha voz. Tentei nadar em direção a eles, mas não os encontrei”,
explicou Ebdi. Uma vez em terra, “fui ao hospital e lá recebi a notícia”.
Os corpos
serão repatriados do hospital local para onde foram levados na cidade síria de
Kobane para serem enterrados nas próximas 48 horas, indicou à AFP Mustefa Ebdi,
um jornalista desta cidade que recebeu o pai.
A
imprensa turca identificou a família como Kurdi, provavelmente em referência a
sua origem étnica, mas Ebdi afirmou que o sobrenome da família é Shenu.
Originária
de Kobane, uma cidade do norte da Síria na fronteira com a Turquia, a família
morava em Damasco quando o país mergulhou na crise e na guerra em 2011.
“Eles
deixaram Damasco em 2012 para Aleppo”, a segunda maior cidade do país, “e
quando os combates começaram, partiram para Kobane”, informou Ebdi. Mas a
cidade curda foi alvo do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que tentou em
vão conquistá-la no outono de 2014, repelidos pela forte resistência dos
curdos.
A família
migrou então para a Turquia, segundo o jornalista. E, assim que o cerco a
Kobane pelo EI terminou em janeiro, retornaram para a cidade, esperando dias
mais tranquilos.
Mas, em
junho, os jihadistas lançaram uma nova ofensiva contra Kobane, onde os combates
fizeram mais de 200 mortos entre os civis.
A família
tentou imigrar para o Canadá com a ajuda de uma tia que vive neste país.
Teema
Kurdi, que reside em Vancouver (oeste) há 20 anos, disse que entrou com um
pedido de imigração na condição de refugiado para seu irmão, sua cunhada e os
dois filhos.
“Tentei
servir de avalista, com ajuda de amigos e vizinhos, para as garantias bancárias,
mas não conseguimos”, explicou Kurdi ao jornal Ottawa Citizen.
O serviço
de imigração canadense rejeitou seu pedido de refúgio em junho, segundo Kurdi,
devido à complexidade dos pedidos de asilo procedentes da Turquia.
Consultado
a respeito, o secretário de Imigração canadense, Chris Alexander, afirmou que o
número de refugiados aumenta rapidamente e que cerca de 2.500 refugiados sírios
foram acolhidos pelo Canadá este ano.
Depois de
ter seu pedido de imigração negado, a família tentou então fugir por mar, e sua
embarcação acabou naufragando.
A foto de
um dos meninos afogado em uma praia da Turquia gerou comoção no Canadá e na
Europa, confrontada a uma pressão crescente para gerenciar a chegada de
milhares de refugiados ao continente.
As duas
embarcações que naufragaram tinham saído da cidade turca de Bodrum com destino
à ilha grega de Kos, porta de entrada da União Europeia.
A guarda
costeira turca foi alertada por gritos de passageiros dos barcos e conseguiram
resgatar os corpos de 12 pessoas, entre eles o de um menino pequeno que jazia
de bruços na praia.
No
naufrágio morreram cinco menores e sete adultos, enquanto 15 pessoas puderam
ser resgatadas.
A
fotografia de um agente turco carregando o menino foi divulgada por meios de
comunicação e pelas redes sociais com a hashtag #KiyiyaVuranInsanlik (A
humanidade é um fracasso, em turco).
Um dos
agentes do resgate disse à AFP que as autoridades turcas ouviram o depoimento
da família do menino e acreditam que todos procediam da cidade síria de Kobane.
Meios de
comunicação turcos reportaram que o menino se chamava Aylan Kurdi e que tinha
três anos.
Jornais
de toda a Europa repercutiram a comoção provocada pela imagem e a foto estampou
a primeira página.
Ilustrações na internet homenageiam menino sírio morto em praia:
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Aleteia
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