Nenhuma
comunidade se constrói sem a Palavra de Deus. Uma das provas irrefutáveis da
fragilidade de uma paróquia se revela na pouca profundidade que seus fiéis
possuem das Escrituras. A Palavra de Deus deve ser compreendida como o alimento
sólido que leva a comunidade a caminhar com passos firmes e seguros para o
futuro. Quando não nos alimentamos, o corpo enfraquece e desfalece. Imaginemos
todo o corpo de Cristo tomado por indisposição e letargia, marcado pela falta
de conhecimento bíblico e, com isso, fácil de ser levado para lá e para cá por
qualquer vento de falsa doutrina. O estudo das Sagradas Escrituras une irmãos e
irmãs ao redor da mesma fé e os torna responsáveis uns pelos outros.
Na aclamação ao Evangelho, a Liturgia separou algumas palavras, propondo-as como tema de reflexão para a homilia: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a Boa-Nova aos pobres. Trata-se de um oráculo do Profeta Isaías que Jesus aplica a si mesmo.
Jesus pronunciou estas palavras na Sinagoga de Nazaré, no início de seu ministério público; elas constituem por assim dizer um título colocado no início de todo o evangelho: Esta é a minha missão – parece dizer Jesus – e estes são seus destinatários! A importância de tais palavras para compreender o espírito do evangelho e a obra de Jesus é, portanto, imensa; dela depende diretamente a compreensão da bem-aventurança: Felizes os pobres de coração: deles é o Reino dos céus.
Naquele dia, na Sinagoga, Jesus disse: “Hoje se cumpriu esta Escritura” (Lc. 4,21). Nós também fechemos o livro do Evangelho do qual ouvimos estes ensinamentos (Lc 4,20): mas nem tudo pode acabar aqui; aliás, num certo sentido, tudo começa neste momento: “Se compreenderdes essas coisas, sereis felizes, sob condição de as praticardes (Jo 13,17). A Palavra de Deus cumpre-se de novo cada vez que há alguém que a escuta e a coloca em prática; o “hoje” por Ele pronunciado naquele dia prolonga-se na Igreja e dura ainda.
Também nós, em outras palavras, somos enviados a anunciar a Boa Nova do Evangelho.
Na Primeira Leitura (Ne 8, 2-10), encontramos o Povo reunido, em assembleia, lendo e estudando a Palavra de Deus. A Palavra interpela e provoca no povo uma atitude de conversão.
Diz Santo Agostinho: “ Devemos ouvir o Evangelho como se o Senhor estivesse presente e nos falasse. Não devemos dizer: “Felizes aqueles que puderam vê-Lo”. Porque muitos dos que O viram crucificaram-no; e muitos dos que não O viram creram nele. As mesmas palavras que saíam da boca do Senhor foram escritas, guardadas e conservadas para nós”.
Só se ama o que se conhece! Por isso, muitos cristãos reservam, todos os dias, alguns minutos para lerem e meditarem o Evangelho, e assim chegam espontaneamente a um conhecimento profundo e à contemplação de Jesus Cristo.
Seria muito difícil amar a Cristo, conhecê-Lo de verdade, se não se escutasse frequentemente a Palavra de Deus; se não se lesse o Evangelho com atenção, todos os dias. Essa leitura – bastam cinco minutos diários – alimenta a nossa piedade.
É urgente que tenhamos, cada vez mais, mais contato com a Palavra de Deus!
Nunca devemos considerar-nos suficientemente formados, nunca devemos conformar-nos com o conhecimento de Jesus Cristo e dos seus ensinamentos que já possuímos. O amor pede que se conheçam mais coisas da pessoa amada. Na vida profissional, um médico, um arquiteto, um advogado, se querem ser bons profissionais, nunca dão por concluídos os seus estudos ao saírem da Faculdade; estão sempre em contínua formação. Com o cristão acontece o mesmo. Pode-se aplicar-lhe também aquela frase de S. Agostinho: “Disseste basta? Pereceste.”
Para podermos dar a doutrina de Jesus Cristo, é preciso que a tenhamos no entendimento e no coração: que a meditemos e a amemos.
Que bons alto-falantes teria o Senhor se todos os cristãos se decidissem – cada um no seu lugar – a proclamar a doutrina salvadora de Cristo, a ser elos dessa corrente que se prolongará até o fim dos tempos!
Façamos nossa a oração da Missa de hoje: “Deus eterno e todo poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras.”
Comentários
aos textos bíblicos
Textos: Ne 8,2-4a.5-6.8-10; 1Cor 12,12-30; Lc 1,1-4; 4,14-21
Meus caros irmãos e irmãs, a liturgia da Palavra deste domingo coloca no centro da nossa reflexão o início da pregação de Jesus. O Evangelista São Lucas, que nos acompanha durante este ano litúrgico, apresenta um significativo texto em que narra o começo do ministério de Jesus na sinagoga de Nazaré e tem seus paralelos sinóticos em Mc 6,1-6 e Mt 13,53-58. É o começo da intervenção salvífica de Deus em Jesus Cristo.
O texto evangélico nos situa em Nazaré, a cidade onde Jesus foi criado e, em um dia de sábado, Jesus entra na sinagoga da cidade. O culto sinagogal, como era o costume, consistia na leitura da palavra de Deus feita por turno, por alguns membros da comunidade. Lia-se inicialmente um trecho do livro da Lei ou seja, os primeiros cinco livros da Bíblia, e, em seguida, uma passagem dos livros dos Profetas, que pudesse elucidar o texto lido. Jesus se apresenta para ler o trecho profético e fazer o comentário. Ele escolhe um texto do profeta Isaías Is 61,1-2, que assim diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim (…) enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração e para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os prisioneiros e para publicar o ano da graça do Senhor” (v. 17-19). É um texto em que descreve como é que o Messias concretizará a sua missão.
É significativo cada momento da narrativa sobre o fato ocorrido naquela manhã na sinagoga de Nazaré. Inicialmente Jesus abre o volume que lhe é entregue. Em seguida, após a leitura, enrola o volume, o entrega ao assistente e toma o seu assento. Naquele tempo, quem se sentava para instruir os outros era considerado mestre. O evangelista São Lucas quer frisar que Jesus se tornou o nosso mestre. Todos os livros do Antigo Testamento têm a finalidade de nos conduzir até Ele. Nas celebrações dominicais sempre temos uma leitura tirada de algum livro do Antigo Testamento, porque estes textos são indispensáveis, visando nos preparar a escutar o Cristo.
Podemos dizer que neste trecho do Evangelho temos um programa que Jesus irá realizar ao longo da sua vida terrena. A sua missão consiste em fazer realizar a boa nova e elucidar que algo novo chegou ao coração e à vida de todos os prisioneiros do sofrimento, da opressão, da injustiça, do desânimo, do medo. O que é mais significativo, no entanto, é a “atualização” que Jesus faz desta profecia: Ele se apresenta como o profeta que Deus ungiu com o seu Espírito, a fim de concretizar essa missão.
E neste texto Jesus manifesta de forma bem nítida a consciência de que foi investido do Espírito de Deus e enviado para transformar tudo o que rouba a vida e a dignidade do homem. É ele que vem anunciar a plenitude da bênção de Deus para a humanidade. Ele vem, como diz o texto, para anunciar o Evangelho aos pobres. No sermão das bem-aventuranças, lemos: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3). Neste sermão Jesus se refere aos indigentes, aos carentes, aos fracos, aos humilhados. São os que trabalham dignamente e possuem apenas o trivial, os que vivem em condição de miséria absoluta. São ainda os desprovidos de socorro humano e material e que recorrem exclusivamente ao socorro de Deus e, por isso, são felizes. São felizes por não acumularem tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem corroem. São felizes porque foram cativados a servir a Deus e amar ao próximo. São felizes por terem encontrado a alegria do ser.
Jesus é aquele que também vem dar a vista aos cegos, não só os curando miraculosamente como sinal do seu poder, mas iluminando cada pessoa, para que ela possa conhecer a luz da fé e os preceitos da Lei de Deus. Ele vem livrar os cativos de toda a escravidão, quer material, quer espiritual, que desfigura a humanidade. Ele vem implantar no mundo a alegria da liberdade dos filhos de Deus.
Nas páginas do Evangelho encontramos uma orientação muito clara aos pobres e aos doentes, àqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos, aqueles que não têm como retribuir. Hoje e sempre, os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho (cf. FRANCISCO, Carta Encíclica “Evangelii Gaudium”, 48).
Jesus, após ler o trecho do livro do profeta Isaías, diz: “Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir” (v. 21). Ele anuncia repentinamente que essa palavra se cumpre hoje, nele. Na verdade o próprio Jesus é o “hoje” da salvação na história, porque leva a cumprimento a plenitude da redenção. O termo “hoje” já nos é apresentado com as palavras que o anjo dirigiu aos pastores: “Hoje nasceu para vós, na Cidade de Davi, um Salvador, o Cristo Senhor” (Lc 2, 11).
Aquele “hoje” pronunciado por Jesus naquele sábado em Nazaré vale para todo o sempre, porque Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre (cf. Hb 13,8). Este trecho interpela também a nós. Esta passagem do Evangelho também nos convida a interrogar-nos sobre a nossa capacidade de escuta. Antes de poder falar de Deus e com Deus, é preciso ouvi-lo, e a liturgia da Igreja é a escola desta escuta do Senhor que nos fala. Enfim, nos diz que cada momento pode tornar-se um “hoje” propício para a nossa conversão.
Também nós hoje somos chamados a anunciar aos necessitados uma palavra de estímulo e de esperança. Cada dia pode tornar-se o “hoje” salvífico, porque a salvação é história que continua para a Igreja e para cada discípulo de Cristo.
O “Hoje” é a novidade de Jesus e indica que o tempo está em desenvolvimento e que a história da humanidade está atravessando um momento excepcional de graça. O “hoje” prolonga-se no tempo da Igreja, o nosso tempo é o “hoje” de Deus.
A escuta da Palavra de Deus deve nos conduzir, como conduziu o povo da primeira leitura, a um exame de consciência, ao arrependimento e à conversão. A Palavra proclamada também é geradora de festa, de alegria e de felicidade: “Hoje é um dia consagrado a nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa fortaleza” (Ne 8,9), como consta na primeira leitura. O fato de Deus ainda hoje nos dirigir a sua palavra salvadora é fonte de alegria e de festa. Além disto, a Palavra de Deus é sempre palavra de salvação, que tem o seu pleno cumprimento em Jesus de Nazaré. E nele começa o eterno “hoje” da salvação que deve ser continuado pela ação da Igreja.
Cada momento pode tornar-se um “hoje” propício para a nossa conversão. Saibamos aproveitar o “hoje” que Deus nos concede em prol da nossa salvação. E que a participação em cada Celebração Eucarística, onde nos alimentamos não só do corpo e do sangue do Senhor, mas também da Palavra, lida e explicada, possa nos fazer compreender melhor a Palavra de Deus, Palavra de salvação para o nosso “hoje” concreto de cada dia.
À Virgem Maria, a quem sempre devemos ter como modelo e guia, peçamos que interceda incessantemente por cada um de nós, para que saibamos reconhecer e acolher, em cada dia da nossa vida, a presença de Deus, o Salvador nosso e de toda a humanidade. Assim seja.
O texto evangélico nos situa em Nazaré, a cidade onde Jesus foi criado e, em um dia de sábado, Jesus entra na sinagoga da cidade. O culto sinagogal, como era o costume, consistia na leitura da palavra de Deus feita por turno, por alguns membros da comunidade. Lia-se inicialmente um trecho do livro da Lei ou seja, os primeiros cinco livros da Bíblia, e, em seguida, uma passagem dos livros dos Profetas, que pudesse elucidar o texto lido. Jesus se apresenta para ler o trecho profético e fazer o comentário. Ele escolhe um texto do profeta Isaías Is 61,1-2, que assim diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim (…) enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração e para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os prisioneiros e para publicar o ano da graça do Senhor” (v. 17-19). É um texto em que descreve como é que o Messias concretizará a sua missão.
É significativo cada momento da narrativa sobre o fato ocorrido naquela manhã na sinagoga de Nazaré. Inicialmente Jesus abre o volume que lhe é entregue. Em seguida, após a leitura, enrola o volume, o entrega ao assistente e toma o seu assento. Naquele tempo, quem se sentava para instruir os outros era considerado mestre. O evangelista São Lucas quer frisar que Jesus se tornou o nosso mestre. Todos os livros do Antigo Testamento têm a finalidade de nos conduzir até Ele. Nas celebrações dominicais sempre temos uma leitura tirada de algum livro do Antigo Testamento, porque estes textos são indispensáveis, visando nos preparar a escutar o Cristo.
Podemos dizer que neste trecho do Evangelho temos um programa que Jesus irá realizar ao longo da sua vida terrena. A sua missão consiste em fazer realizar a boa nova e elucidar que algo novo chegou ao coração e à vida de todos os prisioneiros do sofrimento, da opressão, da injustiça, do desânimo, do medo. O que é mais significativo, no entanto, é a “atualização” que Jesus faz desta profecia: Ele se apresenta como o profeta que Deus ungiu com o seu Espírito, a fim de concretizar essa missão.
E neste texto Jesus manifesta de forma bem nítida a consciência de que foi investido do Espírito de Deus e enviado para transformar tudo o que rouba a vida e a dignidade do homem. É ele que vem anunciar a plenitude da bênção de Deus para a humanidade. Ele vem, como diz o texto, para anunciar o Evangelho aos pobres. No sermão das bem-aventuranças, lemos: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3). Neste sermão Jesus se refere aos indigentes, aos carentes, aos fracos, aos humilhados. São os que trabalham dignamente e possuem apenas o trivial, os que vivem em condição de miséria absoluta. São ainda os desprovidos de socorro humano e material e que recorrem exclusivamente ao socorro de Deus e, por isso, são felizes. São felizes por não acumularem tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem corroem. São felizes porque foram cativados a servir a Deus e amar ao próximo. São felizes por terem encontrado a alegria do ser.
Jesus é aquele que também vem dar a vista aos cegos, não só os curando miraculosamente como sinal do seu poder, mas iluminando cada pessoa, para que ela possa conhecer a luz da fé e os preceitos da Lei de Deus. Ele vem livrar os cativos de toda a escravidão, quer material, quer espiritual, que desfigura a humanidade. Ele vem implantar no mundo a alegria da liberdade dos filhos de Deus.
Nas páginas do Evangelho encontramos uma orientação muito clara aos pobres e aos doentes, àqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos, aqueles que não têm como retribuir. Hoje e sempre, os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho (cf. FRANCISCO, Carta Encíclica “Evangelii Gaudium”, 48).
Jesus, após ler o trecho do livro do profeta Isaías, diz: “Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir” (v. 21). Ele anuncia repentinamente que essa palavra se cumpre hoje, nele. Na verdade o próprio Jesus é o “hoje” da salvação na história, porque leva a cumprimento a plenitude da redenção. O termo “hoje” já nos é apresentado com as palavras que o anjo dirigiu aos pastores: “Hoje nasceu para vós, na Cidade de Davi, um Salvador, o Cristo Senhor” (Lc 2, 11).
Aquele “hoje” pronunciado por Jesus naquele sábado em Nazaré vale para todo o sempre, porque Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre (cf. Hb 13,8). Este trecho interpela também a nós. Esta passagem do Evangelho também nos convida a interrogar-nos sobre a nossa capacidade de escuta. Antes de poder falar de Deus e com Deus, é preciso ouvi-lo, e a liturgia da Igreja é a escola desta escuta do Senhor que nos fala. Enfim, nos diz que cada momento pode tornar-se um “hoje” propício para a nossa conversão.
Também nós hoje somos chamados a anunciar aos necessitados uma palavra de estímulo e de esperança. Cada dia pode tornar-se o “hoje” salvífico, porque a salvação é história que continua para a Igreja e para cada discípulo de Cristo.
O “Hoje” é a novidade de Jesus e indica que o tempo está em desenvolvimento e que a história da humanidade está atravessando um momento excepcional de graça. O “hoje” prolonga-se no tempo da Igreja, o nosso tempo é o “hoje” de Deus.
A escuta da Palavra de Deus deve nos conduzir, como conduziu o povo da primeira leitura, a um exame de consciência, ao arrependimento e à conversão. A Palavra proclamada também é geradora de festa, de alegria e de felicidade: “Hoje é um dia consagrado a nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa fortaleza” (Ne 8,9), como consta na primeira leitura. O fato de Deus ainda hoje nos dirigir a sua palavra salvadora é fonte de alegria e de festa. Além disto, a Palavra de Deus é sempre palavra de salvação, que tem o seu pleno cumprimento em Jesus de Nazaré. E nele começa o eterno “hoje” da salvação que deve ser continuado pela ação da Igreja.
Cada momento pode tornar-se um “hoje” propício para a nossa conversão. Saibamos aproveitar o “hoje” que Deus nos concede em prol da nossa salvação. E que a participação em cada Celebração Eucarística, onde nos alimentamos não só do corpo e do sangue do Senhor, mas também da Palavra, lida e explicada, possa nos fazer compreender melhor a Palavra de Deus, Palavra de salvação para o nosso “hoje” concreto de cada dia.
À Virgem Maria, a quem sempre devemos ter como modelo e guia, peçamos que interceda incessantemente por cada um de nós, para que saibamos reconhecer e acolher, em cada dia da nossa vida, a presença de Deus, o Salvador nosso e de toda a humanidade. Assim seja.
Para Refletir
Há três aspectos na Liturgia da Palavra de hoje dignos de particular atenção.
Primeiro. O evangelho apresenta-nos o início da obra de Lucas. Aí tem-se uma dedicatória e uma apresentação da obra a um certo “Teófilo”. E Lucas afirma expressamente que “após um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti… Deste modo poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste”. Estas palavras nos revelam a seriedade do testemunho dos evangelhos. Não são fábulas, não são delírios! São, isto sim, um testemunho de fé! Testemunho de quem crê, de quem tem razões para crer e querem fazer com que outros creiam e creiam com razão profunda!
Num mundo de tantas verdades, de tantas mentirinhas, de tantas seitas, lendas e mitos… Num mundo que virou um enorme coquetel de religiões, onde cada um faz a sua, na sua medida e do seu modo, na proporção e no gosto do seu comodismo, é preciso recordar que somente em Cristo Deus revelou-se plenamente; somente Cristo é a Verdade do Pai; somente ele, o Caminho para Deus; somente nele, a Vida em abundância! Mas, ainda aqui, é preciso dizer mais, por mais chato que possa parecer! Cristo é o único Caminho, Verdade e Vida… mas não qualquer Cristo! Não um Cristo inventado, não um Cristo “meu”, do meu tamainho e do meu gosto! O Cristo que o Pai revelou, o Cristo vivo e atuante, é aquele presente na Palavra guardada, pregada e testemunhada pela Igreja com a assistência do Espírito Santo; é aquele que se dá nos sacramentos da Igreja; é aquele presente na Igreja que no Credo professamos como sendo única, católica e apostólica. Num mundo de tantas dúvidas, Cristo presente na sua Igreja católica seja a nossa certeza, a nossa segurança, o nosso rochedo!
Um segundo aspecto. Ainda o evangelho de hoje, nos apresenta Jesus na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção”. Quando deu-se esta consagração? No batismo às margens do rio Jordão. Há quinze dias meditávamos sobre este mistério: o Pai, o Senhor, ungiu Jesus com o Espírito Santo como Messias de Israel. E qual a sua missão? “consagrou-me com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista, para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Eis a missão de Jesus, o Messias: acolher, consolar, perdoar, libertar, fazer viver. Mas, para que experimentemos Jesus assim, é necessário que nós mesmos descubramos que somos pobres, que somos tão carentes, tão limitados, tão pequenos. Quando descobrimos isso, quando vemos que o mundo é assim, então experimentamos também que, em Jesus, Deus veio a nós, Deus deu-se a nós, Deus estendeu-nos as mãos, abriu-nos os braços e aconchegou-nos no coração.
É por isso que a pessoa, os atos e as palavras de Jesus são Boa-nova, Boa-notícia, ou, em grego, Evangelho! E a Boa-nova é precisamente esta: Deus nos ama, está conosco em Jesus; veio para ficar, para permanecer para sempre na nossa vida e no coração do mundo!
Aqui entra, precisamente, o terceiro aspecto da Palavra deste domingo: este Jesus permanece conosco na potência sempre presente e atuante do seu Espírito Santo, presente de modo potente e soberano na Igreja que Jesus fundou. Já no domingo passado, vimos que a Igreja é a Esposa do Cristo, cheia do vinho abundante do Espírito Santo, que nela suscitava tantos dons, tantos carismas, tantos ministérios, tanta vida. Pois bem, a segunda leitura da missa de hoje insiste nesta idéia e aprofunda-a ainda mais.
Porque Cristo ressuscitou e nos deu o seu Espírito Santo, nós, como Igreja, desde o nosso Batismo, somos o Corpo de Cristo: “Vós, todos juntos, sois o Corpo de Cristo e, individualmente, sois membros deste Corpo”. É juntos, como Comunidade, como membros da Igreja, que somos o Corpo vivo do Cristo; Corpo vivificado pelo Espírito Santo! É uma idéia, esta, que deveria estar sempre diante de nós! A Igreja não existe por ela mesma: ela vive do Espírito do Cristo; a Igreja não escolheu o Cristo: ela foi por ele amada, por ele fundada, por ele escolhida e é por ele sustentada e vivificada; o Cristo não pertence a Igreja: a Igreja é que pertence a Cristo e, na força do Espírito é sempre amada e renovada por ele. Ele nunca vai abandoná-la, nunca vai traí-la, nunca vai renegá-la!
E mais ainda: no seu Amor, isto é, no seu Espírito, ele suscita no corpo da Igreja, que é o seu Corpo, tantos membros diferentes, com dons e carismas tão diversos! É o que São Paulo nos recorda na leitura de hoje. Ninguém pode ser cristão sozinho! Cristo não é salvador pessoal de ninguém! Ele é o Salvador do Corpo que é a Igreja (cf. Ef 5,23)! Nós somos salvos no Corpo de Cristo, enquanto membros do povo da Aliança, que é a Igreja. Nesta, quem nos une é o Amor de Cristo e nela, cada um de nós tem uma missão, uma função! Qual é a sua? Quais são as suas? Pai ou mãe de família, educando novos membros para o Corpo de Cristo? Agente de pastoral engajado diretamente na evangelização? Jovem que se esforça para dar um generoso testemunho de coerência e amor a Cristo? Empresário, funcionário público, empregado, que no seu trabalho procura ter um comportamento digno do Evangelho? Qual o seu papel na Igreja? Rico ou pobre, forte ou fraco, jovem ou ancião, todos temos como honra e dignidade ser membros do Corpo do Senhor, sustentados e vivificados pelo Espírito do Senhor, destinatários da salvação e da consolação que ele nos trouxe, do carinho e da ternura do Pai que ele derramou sobre nós.
Desde domingo passado que a Palavra vem nos questionando sobre o nosso modo de ser e viver nossa pertença a Cristo e à sua Igreja. Pensemos, e não recebamos em vão a graça de Deus, para que, um dia, possamos participar da vida plena daquele que Senhor que, feito homem por nós, vive e reina para sempre. Amém.
Primeiro. O evangelho apresenta-nos o início da obra de Lucas. Aí tem-se uma dedicatória e uma apresentação da obra a um certo “Teófilo”. E Lucas afirma expressamente que “após um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti… Deste modo poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste”. Estas palavras nos revelam a seriedade do testemunho dos evangelhos. Não são fábulas, não são delírios! São, isto sim, um testemunho de fé! Testemunho de quem crê, de quem tem razões para crer e querem fazer com que outros creiam e creiam com razão profunda!
Num mundo de tantas verdades, de tantas mentirinhas, de tantas seitas, lendas e mitos… Num mundo que virou um enorme coquetel de religiões, onde cada um faz a sua, na sua medida e do seu modo, na proporção e no gosto do seu comodismo, é preciso recordar que somente em Cristo Deus revelou-se plenamente; somente Cristo é a Verdade do Pai; somente ele, o Caminho para Deus; somente nele, a Vida em abundância! Mas, ainda aqui, é preciso dizer mais, por mais chato que possa parecer! Cristo é o único Caminho, Verdade e Vida… mas não qualquer Cristo! Não um Cristo inventado, não um Cristo “meu”, do meu tamainho e do meu gosto! O Cristo que o Pai revelou, o Cristo vivo e atuante, é aquele presente na Palavra guardada, pregada e testemunhada pela Igreja com a assistência do Espírito Santo; é aquele que se dá nos sacramentos da Igreja; é aquele presente na Igreja que no Credo professamos como sendo única, católica e apostólica. Num mundo de tantas dúvidas, Cristo presente na sua Igreja católica seja a nossa certeza, a nossa segurança, o nosso rochedo!
Um segundo aspecto. Ainda o evangelho de hoje, nos apresenta Jesus na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção”. Quando deu-se esta consagração? No batismo às margens do rio Jordão. Há quinze dias meditávamos sobre este mistério: o Pai, o Senhor, ungiu Jesus com o Espírito Santo como Messias de Israel. E qual a sua missão? “consagrou-me com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista, para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Eis a missão de Jesus, o Messias: acolher, consolar, perdoar, libertar, fazer viver. Mas, para que experimentemos Jesus assim, é necessário que nós mesmos descubramos que somos pobres, que somos tão carentes, tão limitados, tão pequenos. Quando descobrimos isso, quando vemos que o mundo é assim, então experimentamos também que, em Jesus, Deus veio a nós, Deus deu-se a nós, Deus estendeu-nos as mãos, abriu-nos os braços e aconchegou-nos no coração.
É por isso que a pessoa, os atos e as palavras de Jesus são Boa-nova, Boa-notícia, ou, em grego, Evangelho! E a Boa-nova é precisamente esta: Deus nos ama, está conosco em Jesus; veio para ficar, para permanecer para sempre na nossa vida e no coração do mundo!
Aqui entra, precisamente, o terceiro aspecto da Palavra deste domingo: este Jesus permanece conosco na potência sempre presente e atuante do seu Espírito Santo, presente de modo potente e soberano na Igreja que Jesus fundou. Já no domingo passado, vimos que a Igreja é a Esposa do Cristo, cheia do vinho abundante do Espírito Santo, que nela suscitava tantos dons, tantos carismas, tantos ministérios, tanta vida. Pois bem, a segunda leitura da missa de hoje insiste nesta idéia e aprofunda-a ainda mais.
Porque Cristo ressuscitou e nos deu o seu Espírito Santo, nós, como Igreja, desde o nosso Batismo, somos o Corpo de Cristo: “Vós, todos juntos, sois o Corpo de Cristo e, individualmente, sois membros deste Corpo”. É juntos, como Comunidade, como membros da Igreja, que somos o Corpo vivo do Cristo; Corpo vivificado pelo Espírito Santo! É uma idéia, esta, que deveria estar sempre diante de nós! A Igreja não existe por ela mesma: ela vive do Espírito do Cristo; a Igreja não escolheu o Cristo: ela foi por ele amada, por ele fundada, por ele escolhida e é por ele sustentada e vivificada; o Cristo não pertence a Igreja: a Igreja é que pertence a Cristo e, na força do Espírito é sempre amada e renovada por ele. Ele nunca vai abandoná-la, nunca vai traí-la, nunca vai renegá-la!
E mais ainda: no seu Amor, isto é, no seu Espírito, ele suscita no corpo da Igreja, que é o seu Corpo, tantos membros diferentes, com dons e carismas tão diversos! É o que São Paulo nos recorda na leitura de hoje. Ninguém pode ser cristão sozinho! Cristo não é salvador pessoal de ninguém! Ele é o Salvador do Corpo que é a Igreja (cf. Ef 5,23)! Nós somos salvos no Corpo de Cristo, enquanto membros do povo da Aliança, que é a Igreja. Nesta, quem nos une é o Amor de Cristo e nela, cada um de nós tem uma missão, uma função! Qual é a sua? Quais são as suas? Pai ou mãe de família, educando novos membros para o Corpo de Cristo? Agente de pastoral engajado diretamente na evangelização? Jovem que se esforça para dar um generoso testemunho de coerência e amor a Cristo? Empresário, funcionário público, empregado, que no seu trabalho procura ter um comportamento digno do Evangelho? Qual o seu papel na Igreja? Rico ou pobre, forte ou fraco, jovem ou ancião, todos temos como honra e dignidade ser membros do Corpo do Senhor, sustentados e vivificados pelo Espírito do Senhor, destinatários da salvação e da consolação que ele nos trouxe, do carinho e da ternura do Pai que ele derramou sobre nós.
Desde domingo passado que a Palavra vem nos questionando sobre o nosso modo de ser e viver nossa pertença a Cristo e à sua Igreja. Pensemos, e não recebamos em vão a graça de Deus, para que, um dia, possamos participar da vida plena daquele que Senhor que, feito homem por nós, vive e reina para sempre. Amém.
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