Legítimo é aquilo que está de acordo com a lei. E necessariamente com a lei de
Deus No êxodo, capítulo XXI, quando Deus trata do homicídio, há vários casos em
que Deus ressalta o direito de defesa.
Ademais, se Cristo pregou o perdão dos que nos ofendem, e mandou oferecer a face esquerda, quando nos golpearem a face direita, você deve lembrar que, quando o próprio Cristo foi esbofeteado, na noite de seu julgamento por Anás, Ele mesmo não ofereceu a outra face, mas protestou contra aquele que o esbofeteava dizendo-lhe:
"Se falei mal, mostra-me o que eu disse de mal; mas se falei bem, por que me feres?" (Jo. XVIII, 23).
Portanto, há casos em que se deve dar a outra face, e há casos em que se deve resistir e legitimamente defender-se.
Deve-se dar a outra face, sem resistir, quando vemos que essa atitude pode converter o nosso agressor.
Caso contrário devemos resistir e defender-nos legitimamente. Porque se não reagindo, levamos a pessoa a nos ofender de novo, estaremos cooperando para que ela peque outra vez.
Por isso, na Sagrada Escritura, se contam tantos casos de guerras justas feitas por homens santos, em legítima defesa, como Davi, os Macabeus, etc.
Foi por isso que Nosso Senhor não mandou Pedro jogar fora a espada. E noutra ocasião disse:
"Agora, quem não tem uma espada, venda o manto e compre uma". Eles responderam: "eis aqui duas". Jesus disse-lhes: "Basta". (Luc XXII, 37-38).
Logo, é legítimo ter armas, para se defender.
Você me
pergunta se foi justo Deus mandar exterminar todos os habitantes da Palestina,
quando lá chegaram os hebreus. É claro que se Deus mandou isso, foi justo
fazê-lo.
Você não deve se esquecer que é Deus quem nos dá a vida, e que Deus no-la tira, quando quer, fazendo-nos morrer de câncer ou pela espada, de febre ou de velhice, quando for melhor para nós. Morrer não é o principal mal. O pior mal é o pecado, que nos faz morrer eternamente no inferno.
Por isso, para nos ensinar muitas coisas, Deus fez exterminar aqueles povos, ensinando-nos que, em certas circunstâncias, tal coisa, ordenada diretamente por Deus, é justa.
Você me
pergunta depois, se as encíclicas papais são infalíveis em tudo o que nelas há.
Esse problema é bem complexo. Recomendo-lhe a leitura de um livro que bem trata desse tema: "Les Encycliques: une source doctrinale" de Dom Paul Nau (As encíclicas: uma fonte doutrinal.) Nessa obra se explica que as encíclicas, normalmente, são atos do Magistério Ordinário do Papa.
Esse problema é bem complexo. Recomendo-lhe a leitura de um livro que bem trata desse tema: "Les Encycliques: une source doctrinale" de Dom Paul Nau (As encíclicas: uma fonte doutrinal.) Nessa obra se explica que as encíclicas, normalmente, são atos do Magistério Ordinário do Papa.
O Papa é sempre infalível no seu Magistério extraordinário.
Isso não significa que em seu Magistério Ordinário o papa seja sempre falível.
No seu Magistério Ordinário, quando o Papa ensina algo invocando o poder das chaves, tratando de Fé e Moral, ensinando toda a Igreja, e definindo um tema, ele usa aí seu poder de Magistério extraordinário e infalível. Não só nesse caso pode haver ensinamento infalível numa encíclica. O Papa ensina infalivelmente numa encíclica, quando repete a doutrina ensinada a toda a Igreja, universalmente, por muitos papas, durante longo tempo. Nesse caso, mesmo sendo em documento do Magistério Ordinário, o papa é também infalível.
É claro que é difícil verificar, concretamente, em que casos isso se dá, e há muita discussão a respeito de um ou outro caso concreto. Mas a doutrina é essa.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.
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Montfort
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