Vários textos na Sagrada
Escritura ajudam entender o sentido de muitas coisas, no caso, sobre o Celibato
ou a Virgindade. Esse citado abaixo parece ser de melhor clareza, até mesmo em
relação ao matrimônio, porque são sacramentos que cultivam valores semelhantes.
Por isso começaremos a reflexão com ele.
No Evangelho de São Mateus vamos encontrar: “Alguns fariseus se aproximaram de Jesus, e querendo pô-lo à prova perguntaram: É lícito repudiar a própria mulher por qualquer motivo que seja? Jesus respondeu: Não lestes que desde o princípio o Criador os fez homem e mulher? E que disse: por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne? De modo que os eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não deve separar”.
Os discípulos ficam indignados com tudo o que Jesus afirma e dizem que se é assim a condição do homem e da mulher não vale a pena casar-se. Jesus acrescentou: “Nem todos são capazes de compreender essa palavra, mas só aqueles a quem foi concedido. Com efeito, há eunucos que nasceram assim, desde o seio materno. E há eunucos que foram feito eunucos pelos homens. E há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem tiver a capacidade para compreender que compreenda”. (Mt 19)
Por que o padre não pode casar? Paralelo a isso pode ser feito outra pergunta: Por que o casal não pode se separar?
Se a primeira pergunta for respondida que o padre pode casar, pode ser respondida a Segunda dizendo que o casal pode se separar. No entanto, “desde o princípio não era assim”. Onde está o valor da opção fundamental na liberdade e fidelidade ao Celibato? E onde está o valor da opção fundamental na liberdade e fidelidade ao Sacramento do Matrimônio (prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te na alegria e tristeza, saúde e doença todos os dias de nossa vida)?
O Celibato, assim como
qualquer opção consagrada, ou até mesmo de estar a serviço do outro, deve ser
irrigado e sustentado pela Sabedoria divina. Caso contrário, tudo isso não
passa de uma "loucura". Mesmo porque isso é um Dom de Deus
para seus filhos. Ainda mais para uma mentalidade hedonista que se respira nos
tempos hodiernos. O Celibato ou Virgindade têm um valor que extrapola os
raciocínios humanos, justamente por ser um Dom de Deus; assim como é um Dom de
Deus a fidelidade no Matrimônio para a União e a Procriação.
Para assumir o Celibato
como Dom, assim como qualquer outra opção de liberdade pessoal, necessariamente
deve haver renúncias, as mais "duras" são aquelas que partem
do interior, ou seja, renunciar a si mesmo. “Quem não renunciar a tudo que
possui e até a própria vida, não pode ser meu discípulo”. Tudo isso,
humanamente é impossível.
Sendo assim, jamais se
pode desmerecer e negar o valor de um Dom Sacramental como o Celibato, o
Matrimônio, ou ainda, qualquer opção de amor, por causa de um ou outro que
transgride o "mandamento" da opção feita. A função do pecado é
dividir, destruir, e nenhuma pessoa pode dizer: “dessa água eu não beberei”.
“Quem está de pé, tome cuidado para não cair”. Qualquer caminho oferece
combate. Com plena consciência de toda a realidade envolvente fica muito
difícil negar o valor e a necessidade desse estado de vida. O pecado corrompe
todos os valores, fazendo com que cada um prefira servir a voz do próprio
"eu", não levando em consideração o "tu",
"ignorando" que a vida e a felicidade próprias estão na doação
total de si mesmo. O padre se casar ou não se casar, não é a questão mais
importante, quando o Celibato é uma opção como um Dom de Deus. Da mesma forma o
Matrimônio ser desconsiderado, sabendo-se do valor indiscutível da fidelidade e
do respeito que deve haver um para com o outro.
O que complica todas as
situações é querer dar razões meramente humanas não levando em conta o Dom da
Fé. Uma coisa é certa: Deus vai muito mais, muito mais longe do que se pode
imaginar com a vida daqueles que procuram simplificar as coisas. As respostas
sensatas vão surgindo à medida que a Vida é vista (não só a própria) como Dom
de Deus e, que a Vida e o Dom de cada um devem ser respeitados acima de
qualquer coisa, sobretudo acima do “eu acho ou eu não acho” sem
fundamento. Jesus, que é o exemplo de tudo isso para todos os seres humanos,
convida a todos a satisfazer as mais modestas exigências do próximo, a não
induzir os fracos ao mal, a acautelar-se contra as tentações e contra o engano
de si mesmo. Jesus afirma também que todo discípulo deverá ser salvo pelo fogo
purificador da dor e da provação, não deverá perder o sal do entusiasmo da
opção que fez e só viverá em paz se possuir o sal de sua doutrina (Evangelho).
Qual é a sua opção? E como está respondendo a ela?
Pe. Geraldo José Urbinatti
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