Cerca de 950 milhões de fiéis atravessaram a
Porta Santa nas dioceses e santuários de todo o mundo, uma percentual que
pode ter superado 80% dos católicos. Pela primeira vez na história dos jubileus
as Portas para o Ano Santo foram abertas não somente em Roma, mas ao redor do
mundo. A estimativa foi apresentada pelo Presidente do Pontifício Conselho para
a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, responsável pela
organização do Ano Santo.
Um Jubileu que partiu sob ameaça de uma onda de violências na
Europa, mas foi vivido com tranquilidade. Na coletiva de imprensa de
apresentação da Carta Apostólica do Papa Francisco publicada ao final do
Jubileu na manhã desta segunda-feira (21), Dom Fisichella se manifestou sobre
temas fortes do documento intitulado “Misericórdia e mísera”.
Sacerdotes poderão absolver o pecado do
aborto, nenhum laxismo
Entre os temas mais requisitados pelos jornalistas, a grande
novidade da Carta Apostólica de que Francisco tenha concedido a todos os
sacerdotes a faculdade de absolver quem incorreu no pecado do aborto. Dom
Fisichella reitera que não se trata de laxismo:
Dom Fisichella – O Santo Padre reitera muito claramente para evitar equívocos de
quem quiser ler somente até essa primeira parte: ‘Gostaria de enaltecer com
todas as minhas forças que o aborto é um pecado grave porque põe fim a uma vida
inocente. Com a mesma força posso e devo, todavia, afirmar que não existe
nenhum pecado que a misericórdia não possa alcançar e destruir quando encontra
um coração arrependido que procura reconciliar-se com Deus’. Então, não há
nenhuma forma de laxismo. Há, sim, uma forma com a qual a pessoa é consciente
da gravidade do pecado, mas se arrependeu e quer se reconciliar com o Senhor.
A Fraternidade de São Pio X
Uma outra questão retomada na coletiva de imprensa é que
prossegue, inclusive depois do Jubileu e até nova disposição à proposito, a
absolvição sacramental dos pecados aos fiéis que frequentam as igrejas
oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X.
Dom Fisichella – O Papa reitera o que escreveu na carta endereçada a mim em virtude
do Jubileu. Aqui, obviamente, usa uma expressão que é singularmente
significativa. O Papa diz explicitamente: ‘Estabeleço por minha própria decisão
de estender essa faculdade para além do período jubilar, até novas disposições
sobre o assunto’. Então, acredito que o ponto em questão seja aquele; seja mais
uma vez a mão estendida.
Os momentos marcantes do Jubileu e outras novidades da Carta
Dom Fisichella abordou, também, o Dia Mundial dos Pobres
proposto na Carta Apostólica e sobre o domingo dedicado inteiramente à Palavra
de Deus. O Presidente do Pontifício comentou ainda sobre momentos marcantes
vividos durante as Sextas-Feiras da Misericórdia em que o Papa fez as visitas
privadas, como aquela às mulheres libertadas da escravidão da prostituição e
aquela à unidade hospitalar de neonatos. Dom Fisichella fez menção ainda à
colaboração dos 4 mil voluntários do Jubileu: o mais velho de 84 anos e o mais
jovem de 18.
Aumentar a “cultura da misericórdia”
Dom Fisichella foi inclusive no profundo da nova Carta
Apostólica: aumentar a cultura da misericórdia.
Dom Fisichella – Papa Francisco na sua Carta não faz mais que aprofundar o tema
muito caro a ele sobre a misericórdia como dimensão essencial da fé e do
testemunho cristão. A provocação de reinterpretar as tradicionais obras de
misericórdia corporal e espiritual frente às novas pobrezas do mundo atual é um
convite concreto para que as comunidades cristãs e cada fiel deem espaço à
fantasia da misericórdia para aumentar uma ‘cultura da misericórdia’ baseada na
redescoberta do encontro com os outros: uma cultura em que ninguém olha o outro
com indiferença nem vira o rosto quando vê o sofrimento dos irmãos.
Com o Jubileu o desejo do Papa foi aquele de fazer com que os
fiéis realizassem a experiência da misericórdia para se transformar, por sua
vez, instrumentos de misericórdia. (AC)
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Rádio Vaticano
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