Quando o Papa Pio XI instituiu, em
1925, a festa de Cristo Rei, queria reagir contra os excessos do laicismo
moderno que pretende passar sem Deus, algo que atualmente está em alta. A festa
de Cristo Rei coloca em contraste o Reino de Cristo, que "não é deste
mundo" (Jo 18,36), e o reino do "príncipe deste mundo" (Jo
12,31), e nos leva a perguntarmos a nós mesmos: de que lado estou? Do lado do
Reino de Deus, ou do reino de Satanás?
O relativismo tem levado inúmeros à
perdição. Hoje em dia o "tanto faz" e o discurso do "amor
misericordioso" de um Deus que aceita tudo de qualquer forma porque é
bondoso, tem sido arraigado na mente de muitos católicos, inclusive. Desde
então se "aceita e perdoa tudo, sem a exigência de um arrependimento sincero, e se negligencia as obras feitas para
Deus". Como há católicos negligentes com Deus! São estilo "paz e
amor", aceitam todas as doutrinas e, com vergonha, escondem a sua cruz a
fim de não serem identificados como discípulos de Cristo. São
partícipes do reino do príncipe deste mundo, sentem vergonha do evangelho e
procuram agradar a todos.
A Igreja Católica, por sua vez,
acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todos, oferece aos homens
pelo seu Espírito a luz e a força para poderem corresponder à sua altíssima
vocação; nem foi dado aos homens sob o céu outro nome, no qual devam ser
salvos. Acredita também que a chave, o centro e o fim de toda a história humana
se encontram no seu Senhor e Mestre. E afirma, além disso, que, subjacentes a todas
as transformações, há muitas coisas que não mudam, cujo último fundamento é
Cristo, o mesmo ontem, hoje, e para sempre. - Gaudium et Spes,10
O mal de muitos movimentos
esquerdistas presentes no interior da Igreja de Cristo, está o de querer
estabelecer o Reino de Deus neste mundo terreno. Cristo disse que o "Reino
de Deus está no meio de nós" (Lc 17,21), mas “ele não é daqui" (Jo
18,36), não é uma comunidade política e social que deve, como erroneamente
publicaram em uma das preces do semanário litúrgico "O Domingo",
"erradicar a pobreza". A Igreja, como muito bem disse o Papa
Francisco, “não é uma ONG”. Erradicar a pobreza é papel dos governos constituídos
deste mundo.
A expectativa da nova terra não deve,
porém, enfraquecer, mas antes ativar a solicitude em ordem a desenvolver esta
terra, onde cresce o corpo da nova família humana, que já consegue apresentar
uma certa prefiguração do mundo futuro. Por conseguinte, embora o progresso
terreno se deva cuidadosamente distinguir do crescimento do reino de Cristo,
todavia, na medida em que pode contribuir para a melhor organização da
sociedade humana, interessa muito ao reino de Deus. - Gaudium et Spes,39
Todos estes valores da dignidade
humana, da comunhão fraterna e da liberdade, fruto da natureza e do nosso
trabalho, depois de os termos difundido na terra, no Espírito do Senhor e
segundo o Seu mandamento, voltaremos de novo a encontrá-los, mas então
purificados de qualquer mancha, iluminados e transfigurados, quando Cristo
entregar ao Pai o reino eterno e universal: «reino de verdade e de vida, reino
de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz». Sobre a terra, o
reino já está misteriosamente presente; quando o Senhor vier, atingirá a
perfeição. - Gaudium et Spes,39
Ignoramos o tempo em que a terra e a
humanidade atingirão a sua plenitude, e também não sabemos que transformação
sofrerá o universo. Porque a figura deste mundo, deformada pelo pecado, passa
certamente, mas Deus ensina-nos que se prepara uma nova habitação e uma nova
terra, na qual reina a justiça e cuja felicidade satisfará e superará todos os
desejos de paz que se levantam no coração dos homens. Então, vencida a morte, os
filhos de Deus ressuscitarão em Cristo e aquilo que foi semeado na fraqueza e
corrupção, revestir-se-á de incorruptibilidade; permanecendo a caridade e as
suas obras, todas as criaturas que Deus criou para o homem serão libertadas da
escravidão da vaidade. - Gaudium et Spes,39
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