Iniciamos
o Advento, mais do que a gestante espera o nascimento de seu bebê. A vinda à
luz de nova criança é corriqueira, mas é especial para a família que a acolhe.
No entanto, o nascimento entre nós do Menino-Deus é diferente e fato inusitado
na história da humanidade. Trata-se do Salvador.
A
história humana, considerada na visão puramente horizontal ou social, é uma
sucessão de atividades sem sentido, assumindo-se o humano por ele mesmo e
finalizando em seus limites. No entanto, o ser humano não se contenta em ser
confinado nos próprios limites. Tem sede de infinito. Só o material, e
percebido pelos sentidos, não sacia tal sede. Aliás, o Criador inocula na
consciência de cada ser humano, com uso normal da razão, a vontade de se
encontrar com Ele. Tal encontro é o coroamento da realização plena do humano.
Como sozinho o ser humano não é capaz de ir ao encontro do divino, Deus vem a
seu encontro de forma humana, na pessoa do Emanuel. Por isso, recebê-lo torna
possível nosso abraço ao Criador.
Esse
tempo de preparação para o abraço de Deus-humanizado à humanidade não é
conhecido por todos. Quem tem o dom da fé cristã é encarregado de mostrar aos
outros que é possível ter esperança na humanidade feliz. Na abertura de si ao
transcendente, que vem à nossa história, cada um de nós pode viver na certeza
de sua real possibilidade de vida de sentido e realizadora. O esperado das
nações vem ensinar-nos a fazer deste planeta uma terra com superação dos males.
Para isso, é preciso seguir o exemplo da criança que vem e nos ensina a sermos
também crianças na sinceridade, na abertura à aceitação do outro, na
colaboração para darmos de nós para a promoção da vida digna de todos, na
corresponsabilidade em tirarmos as causas das desavenças, dos mecanismos de
morte, da droga, do desrespeito aos mais frágeis…
A
preparação para a aceitação daquele que está para chegar no Natal, deixa-nos
vigilantes e faz-nos limpar a consciência de toda maldade e egoísmo. Leva-nos a
sermos mais compreensivos, solidários, dialogais e compassivos. A oração
pessoal, em família e comunidade, dá-nos força espiritual para aceitarmos a
transformação de nosso coração e de nossas atitudes, trazida pelo Deus-conosco.
Para isso, a novena do Natal é um subsídio rico e facilitador. Preparamo-nos
com nossa penitência para juntarmos nossa generosa oferta a darmos em nossa
comunidade, no 3.o fim de semana do Advento, para colaborarmos com a
evangelização.
Vem,
Senhor Jesus!
Dom José Alberto
Moura
Arcebispo de Montes Claros, MG
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