O Papa Francisco confirmou hoje em conferência de imprensa a
posição da Igreja Católica, que rejeita a ordenação sacerdotal de mulheres,
após uma viagem ecumênica à Suécia, onde se encontrou com luteranos, na qual se
implementou essa prática.
A pergunta foi feita pela jornalista sueca Cristina Kaplan, que, para introduzir este tema, referiu-se à líder da igreja luterana na Suécia, a Arcebispa de Upsala, Antje Jackelén, que é casada com o pastor Heinz Jackelén, também luterano.
Nos últimos dias, houve certa agitação nas redes sociais por uma fotografia em que aparece a líder luterana abraçando o Papa Francisco, o qual se aproximou dela como um gesto de cortesia durante a oração ecumênica realizada no dia 31 de outubro na catedral de Lund.
A pergunta de Kaplan na coletiva de imprensa a bordo do avião papal foi a seguinte: “A Suécia, que acolheu este importante encontro ecumênico, tem uma mulher como líder da própria Igreja. O que você acha? É realista pensar nas mulheres sacerdotes também na Igreja Católica, nas próximas décadas? E se não, por que os padres católicos têm medo da concorrência?”.
“Sobre a ordenação de mulheres na Igreja Católica, a última
palavra clara foi pronunciada por São João Paulo II e ela permanece. Isso
permanece”, disse aos jornalistas que o acompanharam no voo entre Malmo e Roma.
Francisco referia-se à carta apostólica ‘Ordinatio Sacerdotalis’,
de 1995, de João Paulo II.
“A Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a
ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como
definitiva por todos os fiéis da Igreja”, escreveu o santo polaco.
A jornalista insistiu na pergunta e o Papa
reiterou sua resposta para, em seguida, recordar o papel fundamental da mulher
na Igreja, algo que já foi mencionado em diversas ocasiões.
O Papa Francisco explicou que a eclesiologia católica tem uma
dimensão “petrina, isto é, episcopal”, e a “dimensão mariana”, ligada à missão
maternal da Igreja, “no sentido mais profundo”.
“Não existe Igreja sem esta dimensão feminina, porque ela mesma é
feminina”, insistiu.
Francisco disse que “as mulheres podem fazer
muitas coisas melhor do que os homens” e questionou: “O que é mais importante
na teologia e na mística da Igreja: os Apóstolos ou Maria no dia de Pentecostes? É Maria! A Igreja é mulher! É a Igreja, e não o
Igreja... é a Igreja esposa de Jesus Cristo. É um mistério esponsal”.
O pontífice argentino sustentou que o diálogo ecumênico deve
centrar-se na “compreensão” recíproca e no trabalho em favor dos mais
necessitados, com “grande respeito”.
Francisco confirmou a sua intenção de visita a Índia e o
Bangladesh em 2017, ano em que vai associar-se também ao 50.º aniversário do
Renovamento Carismático Católico, em Roma.
O Papa respondeu a uma pergunta sobre a secularização da Europa,
sublinhando que quando esta existe “há algo fraco na evangelização” da Igreja.
“Na secularização, penso que mais tarde ou mais cedo se chega ao
pecado contra Deus criador. O homem suficiente. Não é um problema de laicidade,
porque é desejável uma sã laicidade”, declarou.
O que
estabeleceu São João Paulo II
Em 1994, São João Paulo II escreveu a carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis,
sobre a ordenação sacerdotal reservada apenas aos homens.
Nesse texto, o Papa Wojtyla assinala que “a ordenação
sacerdotal, pela qual se transmite a missão, que Cristo confiou aos seus
Apóstolos, de ensinar, santificar e governar os fiéis, foi na Igreja Católica,
desde o início e sempre, exclusivamente reservada aos homens”.
Nesse documento, o Pontífice também escreveu: “para que seja
excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que
pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério
de confirmar os irmãos, declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade
de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser
considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”.
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Ancoradouro / ACI Digital
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