O Papa Francisco convocou ao Vaticano bispos
dos nove países que abrangem a Amazônia. Entre 6 e 27 de outubro de 2019, eles
vão debater os principais problemas da região e a presença da Igreja Católica
junto aos povos amazônicos.
O encontro é uma assembleia do chamado
"Sínodo dos Bispos". Deve colocar a Amazônia no centro das atenções
da Igreja ao menos durante um mês, mas também deve despertar a atenção de
governos, ambientalistas e empresas que atuam na região.
O grande encontro, que acontecerá no Vaticano,
em Roma, ganhou as atenções da mídia internacional e está impactando na
internet. Isso porque entre os pontos a serem debatidos estão:
- a complexa situação das comunidades
indígenas e ribeirinhas, em especial os povos isolados;
- a exploração internacional dos recursos
naturais da Amazônia;
- a violência, o narcotráfico e a exploração
sexual dos povos locais;
- o extrativismo ilegal e/ou insustentável;
- o desmatamento, o acesso à água limpa e
ameaças à biodiversidade;
- o aquecimento global e possíveis danos
irreversíveis na Amazônia;
- a conivência de governos com projetos
econômicos que prejudicam o meio ambiente.
POLÍTICOS VETADOS NO SÍNODO!!!
A um mês da realização do Sínodo da Amazônia,
marcado para outubro em Roma, o Vaticano prepara a lista final de convidados
especiais do Papa Francisco para participar das discussões sobre a floresta
tropical, com veto à participação de políticos com mandato.
“Não virão políticos com mandato, nem
militares. Não participarão!” – essa foi a declaração direta e bem clara que o
cardeal dom Cláudio Hummes, relator-geral do Sínodo, nomeado pelo pontífice,
deu à imprensa esta semana. O papa abriu espaço para convidados não religiosos,
os chamados auditores e peritos, e deve convidar personalidades mundiais,
cientistas e ambientalistas para participar das consultas de aconselhamento. “O
papa fala muito da necessária fundamentação científica”, acrescentou dom
Cláudio.
O Sínodo dos Bispos é uma reunião de
autoridades da Igreja Católica com o Papa para discutir e propor soluções para
um tema específico da Igreja. Vale lembrar que Francisco é, até hoje, o Papa
que mais se dedicou à pauta ambiental, motivo pelo qual o sínodo está
tendo forte repercussão mundial.
VIDA AMEAÇADA
"...a vida na Amazônia está ameaçada pela
destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos
humanos elementares da população amazônica. De modo especial a violação dos
direitos dos povos originários, como o direito ao território, à
autodeterminação, à demarcação dos territórios e à consulta e ao consentimento
prévios”, diz a pauta do Sínodo.
EXTRATIVISMO E CONSERVACIONISMO
"Os projetos extrativos e agropecuários
que exploram inconsideradamente a terra estão destruindo este território, que
corre o risco de 'se savanizar'. A Amazônia está sendo disputada a partir de
várias frentes. Uma responde aos grandes interesses econômicos, ávidos de
petróleo, gás, madeira, ouro, monoculturas agroindustriais, etc. Outra é a de
um conservacionismo ecológico que se preocupa com o bioma, porém ignora os
povos amazônicos”.
DESENVOLVIMENTO E GOVERNOS
"... os clamores amazônicos refletem três
grandes causas de dor: (a) a falta de reconhecimento, demarcação e titulação
dos territórios dos indígenas, que fazem parte integral de suas vidas; (b) a
invasão dos grandes projetos chamados de 'desenvolvimento', mas que na
realidade destroem territórios e povos (por ex.: hidroelétricas, mineração –
legal e ilegal – associada aos garimpeiros ilegais [mineiros informais que
extraem ouro], hidrovias – que ameaçam os principais afluentes do Rio Amazonas
– exploração de hidrocarbonetos, atividades pecuárias, desmatamento, monocultura,
agroindústria e grilagem [apropriação de terras valendo-se de documentação
falsa] de terra). Muitos destes projetos destrutivos, em nome do progresso são
apoiados pelos governos locais, nacionais e estrangeiros; e (c) a contaminação
de seus rios, de seu ar, de seus solos, de suas florestas e a deterioração de
sua qualidade de vida, culturas e espiritualidades”.
TERRA: "O território se transformou em um
espaço de desencontros e de extermínio de povos, culturas e gerações. Há quem
se sente forçado a sair de sua terra; muitas vezes cai nas redes das máfias, do
narcotráfico e do tráfico de pessoas (em sua maioria mulheres), do trabalho e
da prostituição infantil. Trata-se de uma realidade trágica e complexa, que se
encontra à margem da lei e do direito”.
______________________________________
Coluna do Italo/ Vaticano e Agências Internacionais
Nenhum comentário:
Postar um comentário