sábado, 7 de setembro de 2019

Sínodo da Amazônia pode levar a cisma com Igreja Católica, alertam cardeais


Cardeais e lideranças católicas vêm alertando para o risco de um cisma a partir do Sínodo da Amazônia, que se realizará de 6 a 27 de outubro deste ano, no Vaticano. Os cardeais Walter Brandmüller e Raymond Burke escreveram cada um uma carta, em italiano, a outros membros do Colégio Cardenalicio, fazendo uma grave denúncia de alguns pontos do documento de trabalho do Sínodo (Instrumentum laboris), que caracterizaram de herético.

“Alguns pontos do Instrumentum laboris parecem não só estar em dissonância com o ensino autêntico da Igreja, mas são contrários a ela”, afirmou o Cardeal alemão Walter Brandmüller, em sua carta, no dia 28 de agosto.

O Cardeal também expressou sua preocupação sobre a participação do Cardeal brasileiro Claudio Hummes, em evento de caráter político-partidário contra o governo brasileiro. Dom Hummes preside a Rede Eclesiástica Panamazónica (Repam), instituição que, segundo o Bispo Emérito de Marajó (Brasil), Dom José Luis Azcona, teve um papel protagonista na redação do texto do Sínodo.

“O simples fato de que o Cardeal Hummes seja seu presidente lhe possibilitará uma grave influência no sentido negativo, e, isto nos basta para que nossa preocupação seja fundamentada e realista, de igual maneira no caso da participação dos bispos (Erwin) Kräutler, (Franz-Josef) Overbeck, etc.”, afirma Brandmüller.

Diversos bispos participantes do Sínodo vêm manifestando perigosa postura ideológica, ligada a movimentos e iniciativas políticas revolucionários. É o caso de Dom Overbeck, que em maio deste ano se manifestou a favor da “greve de mulheres” na Alemanha, protesto contra o Papa Francisco devido à negativa à ordenação de diaconisas. Além disso, o Bispo Erwin Kräutler, vice-presidente da Repam, defende a ordenação sacerdotal de homens casados.

Brandmüller advertiu também que “as formulações nebulosas do Instrumentum, como a pretendida criação de novos ministérios eclesiásticos para as mulheres e, sobretudo, a ordenação presbiteral dos chamados viri probati, suscitam a forte suspeita de que será colocado em questão até mesmo o celibato sacerdotal”. De fato, o Instrumentum Laboris propõe, que no caso da Amazônia, a ordenação de homens casados e de comprovada virtude poderá compensar a ausência de sacerdotes em algumas regiões.

Ante esta situação, continuou o Cardeal, “teremos que confrontar sérios ataques à integridade do Depositum fidei (o depósito da fé), à estrutura hierárquico-sacramental e à Tradição Apostólica da Igreja. Com tudo isto se criou uma situação nunca antes vista em toda a história da Igreja, nem sequer durante a crise ariana dos séculos IV e V”. Ario foi um bispo que negava a divindade de Cristo, que logo seria conhecida como a heresia do arrianismo.

O caráter de heresia objetiva em relação à doutrina da Igreja Católica é manifestado também pelo Cardeal americano Raymond Burke, em sua carta, também datada no 28 de agosto. Além dos pontos mencionados pelo Cardeal alemão, o Cardeal Burke advertiu que no documento de trabalho do Sínodo “a verdade de que Deus revelou a Si mesmo plenamente e perfeitamente através do mistério da Encarnação redentora de Deus Filho não só está obscurecida; ela é negada”. Burke considera o documento do Sínodo como um sinal claro de apostasia, abandono definitivo da fé católica.

Na mesma linha, o prefeito da Congregação para o Culto Divino, o Cardeal africano Robert Sarah, escreveu em seu livro mais recente que, caso o próximo Sínodo da Amazônia de fato permitir a ordenação sacerdotal de homens casados ​​e de mulheres a situação seria “extremamente grave” e representaria um rompimento com o ensino e a tradição católicos.

“Se por falta de fé em Deus e por efeito da miopia pastoral, o Sínodo da Amazônia decidisse sobre a ordenação de viri probati, a fabricação de ministérios para as mulheres e outras incongruências desse tipo, a situação seria extremamente séria”, ele escreveu Sarah.

“Suas decisões seriam ratificadas sob o pretexto de que são a emanação da vontade dos pais sinodais? O Espírito sopra onde quer, é claro, mas não se contradiz e não cria confusão e desordem. É o espírito de sabedoria. Sobre a questão do celibato, ele já falou através dos conselhos e pontífices romanos”, continuou ele.

“Se o Sínodo da Amazônia tomasse decisões nessa direção, romperia definitivamente com a tradição da Igreja Latina”, acrescentou.

O Vaticano receberá a 16ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que reúne 250 lideranças católicas de todo o mundo para discutir por 23 dias o tema “Amazônia: Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

“Um nome bonito para uma feroz ameaça religiosa, política e cultural, segundo o analista político, José Carlos Sepúlveda da Fonseca, que falou sobre o tema em um vídeo para o site Terça Livre.
Governo brasileiro teme ameaças à soberania

Do lado do governo, há o temor de que o Sínodo ameace a soberania nacional na região amazônica, em tempos de propostas de internacionalização da região e grande preocupação global com o meio ambiente. Em recente declaração, o General Eduardo Villas Bôas afirmou que o Sínodo tem viés político e se baseia em dados distorcidos sobre o que acontece na floresta amazônica.

Segundo matéria da revista Veja, Villas Bôas também disse que, independente do relatório apresentado, o governo não admitirá “interferência em questões internas” do país.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Villas Bôas disse que o governo Bolsonaro tem “preocupação” com os temas do Sínodo, que será realizado em outubro, em Roma, e como isso irá “chegar à opinião pública internacional porque, certamente, vai ser explorado pelos ambientalistas”. Na avaliação do atual assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o encontro “escapou para questões ambientais e também tem o viés político”.

Por: Cristian Derosa
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Estudos Nacionais
Informações: Aleteia, Templário de Maria, Terça Livre, Life Site News, Veja.

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