Estamos vivendo o Ano Santo, o Jubileu
extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco instituiu este tema para nos
aproximar mais de Cristo, o rosto da misericórdia do Pai. A Quaresma,
é um tempo propício por excelência, para intensificarmos a vivencia
desse amor misericordioso.
Muitos ainda têm dúvidas sobre o que significa
indulgencia. É a remissão da pena devida, dos pecados que já fomos
perdoados. Sobre isso, escreveu o Papa Francisco: “No sacramento da Reconciliação,
Deus perdoa os pecados, que são verdadeiramente apagados; mas o cunho negativo
que os pecados deixaram nos nossos comportamentos e pensamentos permanecem. A
misericórdia de Deus, porém, é mais forte também do que isso. Ela se torna
indulgência do Pai que, através da Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado
e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado, habilitando-o a
agir com caridade, a crescer no amor em vez de recair no pecado” (Misericordiae
Vultus, 22).
Em cada Diocese há nas catedrais e santuários a
Porta Santa, pela qual os peregrinos podem passar para obter as indulgencias,
desde que confessem, comunguem, façam uma reflexão sobre a misericórdia,
acompanhem celebrações com a profissão de fé, façam oração pelo papa e para o
bem da Igreja.
Este ano santo não é restritivo, mas abre
para todos os caminhos.
O Papa estabeleceu que se um prisioneiro estiver na
cela e passar pela sua cela num ato de reconciliação tem as indulgências. Se
uma pessoa doente acompanhando pela TV daí meu empenho com os meios de
comunicação "que não pode ir à igreja por doença ou por idade avançada e
participar fielmente da celebração recebe indulgência."
Também é desejo do Papa que o povo cristão reflita,
durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia, diz ele que todas as vezes
que um fiel viver uma ou mais destas obras pessoalmente obterá sem dúvida a
indulgência jubilar.
As obras de misericórdia são 14. Sendo que, 7 são
corporais e 7 espirituais. Por mais que já tratamos sobre elas em uma antiga
edição, bem como no Livro “20 Passos para a Pz Interior”, vale a pena
relembrá-las:
Obras
de misericórdia corporais
1) Dar de
comer a quem tem fome
Várias vezes, Nosso Senhor Jesus Cristo
preocupou-se com a fome dos que O seguiam (Mc 6,30-44). É urgente e necessário
que avancemos em políticas sociais que atinjam a causa da fome, mas enquanto
não chegamos ao ideal, exercitemos a partilha para aplacar o sofrimento real. O
que Nosso Senhor falou aos apóstolos, no passado “Dai-lhes vós mesmos de
comer”(v.38) ecoa até hoje, e nos convida a refletir o que temos oferecido,
para que, de maneira concreta minimizemos a fome daqueles que nada tem.
2) Dar de
beber ao sedento
”Todo aquele que der ainda que seja somente um copo
de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu
vos digo: não perderá sua recompensa” (Mt 10,42).
O ato de dar um copo de água a um sedento pode
parecer insignificante, mas é um gesto que em Jesus pode adquirir dimensões
eternas.
Sabemos que água é vida, e, a médio e longo prazo,
tende a ser um “tesouro” cada vez mais raro e precioso. Precisamos adotar o uso
responsável da água, dessa forma, poderá chegar até quem necessita.
3) Vestir os
nus
Jesus nos exortou: “Quem tem duas túnicas dê uma ao
que não tem” (Lc 3, 11a). A nudez além de expor a pessoa às condições
climáticas a despoja a da própria dignidade. Vestir o nu é um gesto que
minimiza a humilhação. Precisamos praticar a partilha dos bens com atitude,
intenção e real motivação.
4) Dar
abrigo aos peregrinos
Tendo em vista que a realidade dos tempos de Jesus
era muito diferente da realidade dos tempos atuais, torna-se complicado,
perigoso e é até ingenuidade de nossa parte querer acolher em nossas casas,
pedintes ou moradores de rua. Porém, Deus suscita obras de acolhimento na
Igreja, através dos padres, religiosos (as), e leigos (as), que nos permite
praticar esta obra de misericórdia, com nossa ajuda concreta.
5) Assistir
os enfermos
Os Evangelhos relatam abundantemente,
momentos em que Jesus acolhe, atende, socorre e cura os doentes. As vezes
eram levados a Ele no entardecer (Mc 1,32-34); em outras pediam que Ele
fosse até a casa do enfermo, como fez o oficial que pediu a cura do filho que
estava morrendo (Jo, 4, 46-53). Vale lembrar a ação de Jesus, quando na casa de
Pedro, cura sua sogra (Mt 8, 14-15). Jesus se desdobrou em misericórdia para
com os doentes.
A obra de misericórdia na qual se assiste os
doentes começa na família, quando se lida com doenças prolongadas e, as vezes
irreversíveis. Trata-se também de trabalho voluntário em hospitais, casas
terapêuticas e pastorais urbanas que assistem aos que vivem a dor da
enfermidade na solidão e no esquecimento.
6) Socorrer
os presidiários
“Então o Rei dirá aos que estão à direita: - Vinde,
benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a
criação do mundo, porque... estava na prisão e viestes a mim” (Mt 25,
34.36b)
Hoje, o acesso aos presídios não é livre, havendo
certo rigor na triagem de visitas aos presidiários. A Igreja se faz presente
através da pela pastoral carcerária. Esta obra de misericórdia também se
estende aos seus familiares, por meio de auxílio financeiro e apoio emocional
para superarem os preconceitos.
7) Enterrar
os mortos
”Filho, derrama lágrimas sobre o morto, e chora
como um homem que sofreu um rude golpe. Sepulta o seu corpo segundo o costume,
e não desprezes a sua sepultura”. (Eclo 38,16)
Cada pessoa é templo do Espírito Santo e, mesmo
depois de morta, seu corpo merece respeito. A Igreja permite a cremação do
corpo, desde que não seja um ato que se faça numa manifestação de contrariedade
à fé na ressurreição dos mortos (cf. CIC § 2301). Bem como a doação
gratuita de órgãos quando desejado pela própria pessoa.
Obras
de misericórdia espirituais
1)
Aconselhar (Dar bons conselhos aos que necessitam)
Dar bons conselhos significa orientar e ajudar a
quem precisa. Para isso, é preciso mergulhar na graça do Espírito Santo, a fim
de perceber os sinais de Deus que nos auxiliam na compreensão e no
discernimento dos fatos.
2) Instruir
(Ensinar os que não sabem)
Instruir não é simplesmente transmitir
conhecimentos, mas também corrigir os que erram, ensinando-lhes os valores do
Evangelho e formando-os na doutrina e nos bons costumes éticos e morais.
3) Corrigir
os que erram
Esta obra de misericórdia nos lembra que, antes de
qualquer julgamento e condenação, nossa atitude deve ser de corrigir na fraternidade
aqueles que estão no erro.
O Apóstolo Paulo cita a correção como um gesto de
maturidade na fé «Vós sois capazes de vos corrigirdes uns aos outros» (Rm
15,14). Deus, como um Pai amoroso nos corrige, para nosso próprio bem.
Quando recebemos a correção nos entristecemos, porem depois ela produz frutos
de paz e justiça ((cf. Hb 12,10-11).
4) Consolar
(aliviar o sofrimento dos aflitos)
Consolar consiste numa presença afetuosa, nas
palavras de encorajamento e de proximidade. Consolar com o consolo que vem de
Deus, Ele é o nosso consolador, para que possamos consolar os que estão em
qualquer tribulação (cf. 2Cor 1,3-4).
Na prática, essa obra concretiza-se por meio das
seguintes atitudes: exercitar os olhos para as tragédias alheias; aguçar os
ouvidos para escutar os soluços dos que sofrem; oferecer o ombro para deixar
reclinar-se sobre ele quem chora; estender a mão para levantar quem tropeça e
cai, significa estar incondicionalmente ao lado de quem necessita.
5) Perdoar
(Superar as ofensas de boa vontade)
“Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão
pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus respondeu: “Não lhe digo até sete
vezes, mas até setenta vezes sete”.
Ao dizer isto Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensina
que devemos perdoar sempre e sem limites. Para não cometermos um ato de
injustiça com Deus, conosco e com nossos irmãos, devemos sempre, à luz do
Espírito Santo, exercitar e aprimorar o perdão.
O perdão não elimina o mal sofrido, mas renova a
relação entre ofensor e ofendido. Perdoar não quer dizer esquecer, o ato
sofrido, mas lembra-lo sem sofrer, sem raiva ou ressentimento.
6) Suportar
com Paciência (Lidar com as fraquezas do próximo)
“Sejam humildes, amáveis, pacientes e suportem-se
uns aos outros no amor” (Ef 4,2)
Esta obra espiritual recomenda que suportemos com
paciência os que estão próximos a nós, com todas as suas limitações, fraquezas,
falhas, adversidades e misérias. Sejamos pois, acolhedores e pacientes com
todos.
7) Rogar a
Deus pelos vivos e pelos mortos
Devemos rezar pelas pessoas que amamos, pelas que
se recomendaram a nossa oração e por aquelas que temos obrigação de rezar.
Também exercitar esta obra de misericórdia rezando
pelos mortos.
As almas merecem a lembrança e as orações dos seus,
e que as ajudem a alcançar o repouso eterno, o refrigério e a luz que não se
apaga. Ao socorrer com oração as almas do purgatório, praticamos a caridade em
toda a sua extensão.
Filhos e filhas é uma benção podermos viver este
Ano Santo da Misericórdia, quando temos a oportunidade de expiar a
pena pelos nossos pecados. Acredito que este Ano Santo é para
aqueles que já estão na igreja., mas principalmente para os que estão fora
dela. É para manter os que estão e buscar os que ainda não receberam a
mensagem e não conhecem o rosto do Pai, revelado em Jesus.
Padre
Reginaldo Manzotti
é fundador e
presidente da Associação Evangelizar é Preciso – Obra considerada benfeitora
nacional que objetiva a evangelização pelos meios de comunicação – e pároco
reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR). Apresenta
diariamente programas de rádio e TV que são retransmitidos e exibidos em
parceria com milhares de emissoras no país e algumas no exterior. Site: www.padrereginaldomanzotti.org.br
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Zenit
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