“Embora pequeno, deitado em presépio,/ em todo o
Universo, ó Cristo, reinais./ Ó fruto bendito da Virgem sem mancha,/ que todos
vos amem num reino de paz” (Hino, estr. 3, Ofício das Leituras no Natal do
Senhor) – assim a Igreja saúda o Menino Jesus nesta noite santa. Depois da
espera de séculos, finalmente os olhos humanos puderam ver o Deus feito homem.
Nesta noite chegarão ao presépio muitas pessoas
para ver o Divino Infante. Até mesmo Papai Noel chegará para entregar o seu
presentinho ao recém-nascido, o Menino Jesus. Claro que sim: estou falando do
clássico Papai Noel aos pés do Menino Jesus! Ainda que noutros tempos
dediquei-me a falar contra o velhinho bondoso, decidi voltar atrás e
reabilitá-lo. Como lemos anteriormente, Cristo reina em todo o universo, e,
portanto, naquela manjedoura recebe a homenagem de todos os homens e mulheres.
O que tem de mau que também Papai Noel visite o Menino Jesus?
Falando nisso, que pena que eu não publiquei antes
o endereço do Papai Noel. Mas talvez você já saiba onde ele mora: lá na
Finlândia e o endereço é o seguinte: “FIN – 96930 Arctic Circle.
Rovaniemi – Finlândia”. Pena que eu só consegui o endereço agora e além do mais
é o do Papai Noel europeu. Parece que o Papai Noel norte-americano tem outro
endereço. Ou será que se trata do mesmo personagem que tem duas residências?
Talvez no próximo Natal eu consiga resolver esta dificuldade.
Quanto Papai Noel ficou sabendo que o cartunista
alemão Thomas Nast ia dar-lhe, em 1886, um novo visual com aquela roupagem
vermelha e detalhes brancos, ficou tão feliz que decidiu visitar o Menino Jesus
e mostrar-lhe a roupa com as cores que, de fato, tinham algo que ver com o
Natal. O bom velhinho pensou que Jesus ficaria feliz com o vermelho que
simbolizaria o martírio de Jesus pela salvação do mundo, o branco da pureza de
vida que o Redentor pediria a todos os mortais e o preto do cinturão que
representaria, na opinião do mesmo Santa Claus, o tom de renuncia que o
seguimento ao Senhor provocaria nos seus discípulos. Papai Noel estava decidido
então a visitar o Divino Menino, mas sabia também que o nascimento tinha
acontecido há dezoito séculos. O que fazer? Não podia entrar na caravana dos
Reis Magos. Porém decidiu visitar os presépios das igrejas e imaginou-se bem
perto do Rei Jesus. Quis então oferecer-lhe um presente. Quis também ser
representado num presépio que ele mesmo mandou construir na sua casa, na qual
ele, Papai Noel, se encontrava ajoelhado aos pés do Menino Jesus.
Logicamente, o bom velhinho não queria oferecer
ouro, incenso e mirra. Essas coisas já tinham sido oferecidas pelos Reis do
Oriente. Também não queria presentear o Menino Jesus com ovelhas, leite e
queijo. Os pastores já o tinham feito. Papai Noel pensou, pensou. Depois de
muita reflexão decidiu fazer uma coisa bem simples: continuaria fazendo o que
sempre fez. Ele continuaria a dar presentes às crianças e àquelas outras
crianças grandes, isto é, àquelas pessoas que apesar da idade continuavam
simples, francas, sinceras, humildes e boas. Mas o faria de maneira diferente a
partir daquele momento: daria os presentes contemplando em cada pessoa a
presença de Jesus. Papai Noel aprendeu a descobrir o rosto de Deus em cada
rosto humano. Desta maneira, Papai Noel aprendeu não só a colocar-se anualmente
como um personagem em adoração a Deus nos diversos presépios, mas também a ver
o rosto do adorável Menino recostado na manjedoura nos outros, nos homens e nas
mulheres, nas crianças e nos velhinhos. Neste Natal, ao vê-lo invadindo os
nossos presépios para presentear o Menino Jesus lembremo-nos que ele também
está dando um presente a cada um de nós vendo em nós o Divino Menino.
Não nos esqueçamos de que neste Natal o mais
importante é que consigamos ir até Belém, participar daquela cena entranhável e
dar um presente ao Menino Jesus: vejamos o rosto de Deus em cada rosto humano e
presenteemos as pessoas com o nosso sorriso, a nossa generosidade e o nosso
espírito de partilha. Não nos esquecemos de dar-lhes (não a todos
universalmente) um presentinho, desses que as lojas vendem: desta maneira
ajudaremos também aqueles que são comerciantes. Contudo, evitemos o espírito de
consumismo!
Também Papai Noel resolveu viver, desde 1931, a
moderação e a sobriedade. Você sabia? Aconteceu que no ano 31 do século passado
a Coca-Cola fez uma grande propaganda com o Papai Noel aproveitando o fato de
ele utilizar o vermelho e o branco. A Coca-Cola queria vender o produto também
no inverno. Para Papai Noel a ocasião foi ótima: descobriu que não devia beber
só a cervejinha do cartunista alemão ou a vodca russa que afasta o gélido
inverno dos ossos, mas também podia beber Coca-Cola. A partir daquele ano,
Papai Noel nunca mais se embriagou. Não sei se você sabia, mas ele é até membro
da Pastoral da Sobriedade. Outra coisa interessante para termos em conta neste
Natal: sobriedade!
Visitemos ao Senhor na Missa, nas Escrituras, na
Eucaristia e nos belíssimos presépios que foram feitos para que os
apreciássemos. Visitemo-lo também nos nossos irmãos e irmãs levando-lhes o
presente do amor, do perdão, da paz. Isso sim é Natal!
Pe. Françoá
Costa
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Presbíteros
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