Comemoramos, no último domingo de 2015, a Festa da
Sagrada Família, a Família de Nazaré, Jesus, Maria e José. Diante desse modelo
de família, avaliamos a identidade de nossas famílias no decorrer do ano. Ano
de sofrimento e ameaças, que afetaram profundamente muitos lares. Violência,
assassinatos, mortes no trânsito, terrorismo, roubos nas casas, derrame de
rejeitos etc.
O fato de Jesus ficar “perdido” em Jerusalém causou
grande sofrimento para seus pais. Não é diferente do sofrimento de tantas mães
e tantos pais diante dos desvios dos filhos, principalmente quando esses entram
para o mundo da droga. As consequências não deixam de ser desastrosas. Muitos
são assassinados e outros acabam sendo jogados no sofrimento da prisão.
Devemos dizer também que as famílias são
comunidades de amor, de estima mútua e de desenvolvimento das capacidades
humanas e espirituais. Mas tem sido frequente o drama das que se encontram
desintegradas pela separação ou má conduta dos pais. Tudo isso afeta
profundamente a identidade psicológica e espiritual dos filhos. Deixam de ser
base de sustentação para eles.
Ao começar um novo ano, as famílias são convocadas
para renovar seus compromissos de amor, superar as dificuldades no lar e
restaurar os elementos fraturados que impedem a prática da doação total. A
relação pais e filhos deve ser expressão de ternura e de superação de tudo
aquilo que impede um verdadeiro e fecundo afeto.
Creio ser sugestiva, gratificante e providencial,
ao falar de família, a leitura do texto bíblico: Livro do Eclesiástico 3,3-17.
É fundamental que haja relacionamento familiar. Todos se beneficiam com isso e
a vida social torna-se mais saudável, porque uma família estruturada consegue
preparar melhor os filhos para os embates sociais. Assim poderemos vivenciar
2016 com novas dimensões.
No momento paira uma incógnita nos cidadãos
brasileiros: onde vamos chegar com tanta corrupção e com um nível tão baixo de
grande parte de nossos políticos? A consequência maior é o sofrimento das
pessoas, das instituições, atingindo drasticamente as famílias. Vamos torcer
para que a crise traga frutos positivos para a família.
Dom Paulo
Mendes Peixoto
Arcebispo de
Uberaba (MG)
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