O homem alcança o seu destino imortal e a salvação
eterna fazendo o bem e evitando o mal.
Jesus disse: Se me amais, guardareis os meus mandamentos
(Jo 14, 15). É fácil estabelecer o princípio geral de que é preciso fazer o bem
e evitar o mal; mas não é fácil saber – em cada circunstância, aqui, agora – o
que é bom e o que é mau.
Há princípios básicos de moral cristã com os quais
todos os católicos devem estar familiarizados. Dentre eles, um dos
primeiríssimos é este: para que qualquer ação possa ser qualificada moralmente,
tem de ser consciente, humana. Um ato humano procede do conhecimento e do livre
arbítrio; se faltarem a liberdade ou o conhecimento devidos, o ato não é
completamente humano e, portanto, não é completamente moral. Assim, a digestão,
o crescimento, o movimento do sangue nas veias, etc., uma vez que não estão sob
o controle da nossa vontade, não podem de forma alguma ser chamados de atos
morais. São atos da pessoa humana, mas não podem ser considerados “atos
humanos”.
Um ato inteiramente humano, ou seja, um ato que
procede do conhecimento e do livre arbítrio, pode ser moralmente bom ou
moralmente mau. Como podemos fazer a distinção? Baseados em uma experiência de
séculos, os teólogos chegaram à conclusão de que há três determinantes para a
qualidade moral das nossas ações: o objeto, o fim ou a intenção, e as
circunstâncias.
O objeto é aquilo em a ação consiste essencialmente,
por exemplo: mentir, rezar o terço, roubar, ajudar um cego a atravessar a rua.
Para que um ato seja moralmente bom, o seu objeto – aquilo que ele é –, deve
estar conforme com a lei de Deus.
O segundo determinante da qualidade moral de
qualquer ato humano é a intenção, fim ou propósito. Todo o ato humano, não
importando quão trivial seja, é feito com algum propósito. O motorista
domingueiro que atrapalha o trânsito e parece estar dirigindo sem qualquer
destino tem um propósito: ele pode não querer chegar a lugar nenhum, mas busca
a alegria de contemplar a paisagem do volante do seu carro. Para que um ato
humano seja bom, o agente, aquele que o pratica, tem de ter boa intenção – tem
de querer fazer algo que seja bom. Algumas ações, como blasfemar e roubar, são
sempre erradas e nenhuma finalidade ulterior, não importando quão nobre seja,
pode torná-las boas. Outras ações podem ser boas ou más dependendo de para que
as praticamos. Beber não é pecado; já beber para ficar bêbado é. A moralidade
de muitas coisas que fazemos é determinada pela intenção: andar, conversar,
ler, etc. Muitas atividades consideradas moralmente indiferentes em si recebem
a sua qualidade moral da intenção que está por trás delas.
Para que as nossas ações sejam boas, as nossas
intenções devem ser boas. É bom ajudar os pobres, mas se eu os ajudo por
vaidade ou despeito, então não pratico uma boa ação, mesmo que, em última
análise, os pobres sejam beneficiados. Por outro lado, não podemos cair no erro
contemporâneo segundo o qual toda a moralidade de uma ação é determinada pela
intenção. A mais nobre das intenções não pode tornar bom um ato intrinsecamente
mau. Assim, as explosões e as mortes causadas por terroristas com o objetivo de
mudar alguma forma de governo são assassinatos, independentemente da intenção
com que se praticam. Roubar dos ricos para ajudar os pobres, como um Robin
Hood, continua a ser roubo. A ideia de que “os fins justificam os meios” é
muito comum hoje em dia. Pessoas mal informadas que se preocupam com a
superpopulação do planeta ou com a educação apropriada das crianças consideram
bom o recurso ao aborto para diminuir o número de nascimentos e evitar crianças
não desejadas; mas uma boa intenção, não importa qual, não transforma algo
essencialmente mau como o aborto em algo moralmente bom.
As circunstâncias do ato, por fim, são o terceiro
determinante da moralidade de qualquer ação. Circunstâncias são, por exemplo,
as pessoas envolvidas, a hora, o local, a ocasião. Embora distintas do objeto,
as circunstâncias podem modificar e mesmo alterar completamente a moralidade de
um ato. As circunstâncias podem, por exemplo:
– tornar má uma ação que, de outra forma, seria
boa, como no caso de um soldado que deliberadamente durma durante o serviço;
– aumentar ou diminuir a culpa de quem pratica a
ação. Como quando uma menininha mente para a sua mãe (culpa aumenta), ou alguém
conta uma mentira inventada na hora para se livrar de uma situação embaraçosa
(culpa diminui).
Uma vez que todas as ações ocorrem em um momento e
um lugar determinados, as circunstâncias devem ser sempre levadas em conta na
hora avaliar a qualidade moral de qualquer ato humano.
Não devemos ficar alarmados com o crescente uso do
princípio de que “os fins justificam os meios”. Um católico bem formado sabe
que a moralidade de cada ato humano é determinada pelos três elementos vistos
acima – o objeto, a intenção e as circunstâncias. Basta que apenas um deles
seja mau para que possamos considerar uma ação má e saibamos que devemos
evitá-la.
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Fonte: Catholic Educators Resource Center
Tradução: Quadrante
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