sexta-feira, 4 de março de 2016

Não se pode dar unção dos enfermos a quem planeja um suicídio assistido, diz Arcebispo


Ante a possível legalização da eutanásia no Canadá, o Arcebispo de Ottawa, Dom Terrence Prendergast, indicou que a pessoa que pede o suicídio assistido não tem direito de receber a unção dos enfermos, pois está “rechaçando a esperança que supõe e que este sacramento tenta contribuir”. 

Este sacramento é concedido às pessoas idosas ou aos doentes em estado grave. Uma das graças concedidas é o perdão dos pecados. “Mas, não podemos ser previamente perdoados por algo que vamos fazer, como por exemplo realizar um suicídio assistido, o qual é um pecado grave”, comentou Dom Prendergast a ‘Canadian Catholic News.

Em fevereiro do ano passado, a Suprema Corte do Canadá aprovou por unanimidade que os médicos podem ajudar a acabar com a vida daqueles pacientes que sofrem de doenças severas ou incuráveis. Anteriormente, a lei penalizava o suicídio assistido com até 14 anos de prisão.

No dia 25 de fevereiro, o governo publicou um relatório final no qual indicava que todas as instituições públicas de saúde deviam praticar a eutanásia e o suicídio assistido. Esta resolução também afeta os centros e hospitais católicos.

Este relatório não protege os médicos que por motivos morais e religiosos rechacem aplicar o suicídio assistido. Esperam que o Parlamento tenha uma resposta em junho de 2016. 

A reação dos bispos canadenses

Em janeiro deste ano, o Presidente da Conferência Episcopal do Canadá, Dom Douglas Crosby, manifestou ao Parlamento que “cuidar dos doentes não permite matá-los ou ajudá-los a cometer o suicídio” e que o governo deve garantir os direitos de consciência.

Dom Crosby também disse que o governo canadense deveria priorizar os cuidados paliativos, financiar as investigações e formações a fim de encontrar a forma de aliviar a dor dos pacientes e melhorar os programas de prevenção para o suicídio.

Por sua parte, os bispos da Diocese de Alberta lançaram uma mensagem pelo Dia Mundial do Enfermo, na qual advertiram que este tipo de resoluções acabava com os direitos de consciência dos médicos e outros profissionais de saúde que são contra o suicídio.

“A decisão da Suprema Corte do Canadá tornou legalmente permissível em algumas circunstâncias o que é moralmente incorreto: a privação da vida humana inocente. Isto é algo inaceitável em uma sociedade justa e ética”, assinalaram.

Do mesmo modo, disseram que “nenhum católico pode advogar, participar em certa forma, tanto pelo ato como pela omissão, no assassinato intencional de outro ser humano, realizado por meio do suicídio assistido ou da eutanásia”.

“Quando uma vida pode ser interrompida conforme a nossa vontade, a dignidade de todas as vidas é corroída e acabamos perdendo todo respeito pela vida humana na sociedade”.

Além disso, disseram que caso obriguem um médico a praticar um suicídio ou uma eutanásia, “deverá redefinir fundamentalmente o que significa ser um médico. Matar não é medicina”, expressaram.
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ACI Digital

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