O
mês de maio e das rosas é, para os católicos, tradicionalmente dedicado a Nossa
Senhora e à oração do Rosário, "coroa de rosas". O maio das rosas e
de Nossa Senhora tem origem antiga, enraizada em uma tentativa de cristianizar
as festividades pagãs em honra a natureza, quando se pensava que Maria, "Rosa
Mística”, poderia unir a natureza e a Mãe de Deus. Sabemos que muito antes do
cristianismo, desde a Idade da Pedra, existiam templos dedicados à Grande Mãe:
a antropologia cultural nos diz que quando o cristianismo chega em ambientes
onde a religião da Mãe tinha raízes antigas, Maria torna-se automaticamente
"Mãe de Deus" (Theotokos), bem antes da aprovação do Conselho de
Éfeso, e por séculos Maria, o "rosto materno de Deus" é a boa mãe, a
dispensadora de graças.
Suas
aparições entre povos da montanha ou do mar são frequentes e recorrentes,
especialmente em tempos de grande dificuldade. É tão bonito ver os pequenos
santuários em honra a Nossa Senhora presentes em toda a nossa região da
Calábria, na Itália: ao longo dos rios, perto de algumas lagoas, entre as
rochas, nas raízes de uma grande árvore, perto da fonte na colina. E mesmo após
o mês de maio, no verão da Calábria, muitas cidades, povoados e comunidades
paroquiais celebram festas em homenagem a Nossa Senhora, graciosamente honrada
com vários títulos: como Mãe do Porto, da Montanha, das Graças. Em suma, com
infinitos nomes, como para dizer as inúmeras graças que a boa mãe obtém para
seus filhos.
Certamente
as festividades religiosas também têm um grande significado antropológico: em
Atenas, as grandes festas panateneias eram momentos de ‘auto identidade da
cidade’, tanto que quando foram restituídas, durante a Guerra do Peloponeso,
Atenas relançou-se como imagem. Assim como as nossas procissões: carregar uma
imagem, entoando canções sagradas entre as casas das pessoas significa agregar
a comunidade, reafirmar sua pertença a um território, entrar em contato com o
sobrenatural através do gesto sacro, e tem um forte impacto psicológico com a
oração em movimento, que leva a ter consciência de sua condição de peregrino nesta
terra, pela qual está passando, "Salve Rainha! A vós suspiramos neste vale
de lágrimas..."
E
se o próprio Deus escolheu ter uma mulher como mãe, isso significa que não há
uma hermenêutica adequada ao que é humano, sem uma referência adequada para o que
é feminino. Apenas a diferença entre o ''eu feminino" e o ''eu masculino”
poderá agregar e completar a expressão humanum em todos os âmbitos da
sociedade, como nos recorda o belo pensamento de Pavel Evdokimov: “O mundo
fundamentalmente masculino, onde o carisma feminino não representa papel algum,
mostra-se um mundo cada vez mais sem Deus por ser um mundo sem mãe, impendido
Deus de aí nascer”.
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ZENIT
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