MENSAGEM DA PASTORAL AFRO-BRASILEIRA
POR OCASIÃO DA MEMÓRIA DA
ABOLIÇÃO DA
ESCRAVATURA
O calendário assinala, neste dia 13 de maio, os 127
anos da Assinatura da Lei Áurea que declarou extinta legalmente qualquer forma
de trabalho escravo. Foi um fato marcante para o Brasil, mas que exige um
complemento, pois a abolição da escravatura é uma obra inconclusa, devido às
precárias condições de vida da população negra. A lembrança desta data
traz para a nação brasileira a oportunidade de renovar o compromisso de
solidariedade para com a população Afro-brasileira, majoritariamente vivendo em
condições de pobreza e miséria. A escravidão e a discriminação racial
contribuem para a situação de degradação social.
A Igreja Católica no Brasil, consciente da sua
missão de “ser a advogada da justiça de defensora dos pobres” (DAp 395),
coloca-se ao lado destes irmãos ainda marginalizados. Renova a sua
solidariedade com os Afro-brasileiros nesta data e, lembra que um dos caminhos
para sanar esta dívida, passa pela adoção políticas públicas e ações
afirmativas de parte das Instituições Governamentais em prol da melhoria das
condições de vida da população Afro-brasileira, sobretudo, em relação à
População Quilombola. Garantir a esta população a posse legalizada do seu
território significa muito mais do que garantir um pedaço de chão. É a garantia
da preservação da herança das culturas e das tradições afro-brasileira
presentes nestas populações.
A memória da abolição da escravatura traz para nós
a preocupação sobre o conceito de trabalho escravo, discutido no Senado
Federal. Corremos o risco de um grande retrocesso na luta contra o trabalho
escravo contemporâneo. Por outro lado, faz-se necessário aprofundar as
políticas e ações afirmativas de inclusão cidadã do restante da população
afro-brasileira, especialmente as crianças e jovens. Isto passa por uma
educação básica de qualidade, pelo acesso ao ensino superior público e gratuito
e pelo atendimento qualificado nas questões de saúde. A experiência de uma vida
digna e feliz, sinal do Reino de Deus, supõe o atendimento destes princípios
fundamentais de cidadania.
Jesus Cristo aquele que revela o Deus
misericordioso nos convida a compromisso samaritano, profético, que ilumina o
compromisso eclesial com toda a população afro-brasileira, pelo atendimento
qualificado nas questões brasileiras.
Sob o olhar maternal de Nossa Senhora de Fátima,
cuja festa hoje celebramos, proclamando que “é pelo amor que é preciso
conquistar o direito de dizer a verdade” (Dom Hélder), invocamos a Bênção de
Deus sobre todos os que se comprometem com esta causa.
Brasília, 12 de maio de 2015.
Dom Zanoni Demettino Castro
Bispo
Coadjutor de Feira de Santana – BA
Bispo
Referencial da Pastoral Afro-brasileira
Pe. Jurandyr Azevedo Araujo, SDB
Assessor
Nacional da Pastoral Afro-brasileira
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