Outro dia, conversando com um sacerdote da Igreja onde frequento, falamos
sobre a Monarquia e este mostrou-se contrário a esta forma de governo, sob a
alegação de que, nos tempos do Império, a Igreja teria sido
"sufocada" pelos Imperadores. Corri atrás de uma resposta para este
descontentamento, visto que, durante o Império, a Igreja Católica era declarada
a Religião Oficial do Brasil, basta ver o "detalhe" no topo da Coroa
Brasileira - a Cruz de Cristo.
Convido, antes,
o leitor a ler este artigo, dando especial atenção ao subtítulo: "As Tensões entre o Estado e a Igreja".
Em uma conversa agradável com um amigo, exímio
conhecedor de História, o advogado Dr. Carlos Vasconcelos, pude sanar algumas
destas questões.
Dr. Vasconcelos disse que o que houve, de fato, foi a tal "Questão
Religiosa" em que D. Pedro II se envolveu e que, talvez, o tenha
estigmatizado um pouco - por isso, acusado de favorecer os maçons em detrimento
da Igreja.
A Questão
Religiosa foi a seguinte:
As coroas dos imperadores Pedro I e Pedro II. |
Pelo
Beneplácito e Padroado, toda ordem do Papa, para ser obedecido no Brasil,
precisaria, antes, ser aprovada por D. Pedro II, ou seja, o Imperador
controlava politicamente a Igreja Católica no Brasil.
Já no
final do Império, por volta de 1870, veio a Questão Religiosa que foi o
seguinte: os
Bispos de Olinda e Belém simplesmente resolveram obedecer ao Papa antes do
Beneplácito (da aprovação) de D. Pedro II. Na ocasião, o Papa mandou punir
religiosos ligados à maçonaria. E os Bispos puniram mesmo. Isso, à revelia de
D. Pedro II.
D. Pedro
II, então, pediu aos Bispos que sobrestassem (suspendessem) as punições. Eles
recusaram-se a fazê-lo. Como desobedeceram o Imperador, acabaram presos e
condenados a 4 anos de cadeia.
O
problema não foi a punição dos maçons - D. Pedro II não quis proteger os
maçons! O problema foi que os Bispos resolveram obedecer às ordens do Papa
(ordens de fora) antes de D. Pedro II dar seu Beneplácito, de terem agido à
sua revelia.
Se os
Bispos houvessem esperado pelo Beneplácito, dificilmente D. Pedro II iria
contra a orientação da Santa Sé e a maçonaria poderia ser punida, no Brasil,
pela Igreja e com o apoio do Imperador.
O erro
foi, infelizmente, o açodamento dos Bispos.
Se o
Imperador nada fizesse, estaria com sua autoridade esfacelada e o Brasil, um
Império, um verdadeiro continente, estaria mergulhado no caos e na anarquia.
E, apesar
da condenção criminal dos Bispos, D. Pedro II rapidamente concedeu o perdão
Imperial, para deixar claro que não tinha a intenção de "prender
padres", mas apenas garantir sua autoridade de Soberano.
As
questões que sobram são: por que a Igreja deveria ser submetida à aprovação do
Imperador? Isso não desfazia a imagem da Monarquia? Não daria razão aos
simpatizantes da república?
Segundo o
que me disse Dr. Vasconcelos, no Século XIX, o Beneplácito era normal.
Havia um
conceito, em cada país monárquico, segundo o qual a máxima autoridade era,
sempre, a do Monarca - diferente das monarquias atuais.
Na época,
tinha de ser assim. Não havia outro modo. Era isso ou a influência do Clero
ultrapassaria muito o limite do razoável, degenerando para absurdos políticos,
como os praticados pelo Frei Caneca que se tornou revolucionário em Pernambuco,
na Confederação do Equador.
E, ao
contrário do que diz o Clero, com a proclamação da República, a Igreja Católica
só perdeu espaço. Espaço que, na Monarquia, era da Igreja por direito,
bastando, apenas, reconhecer a autoridade temporal do Imperador.
Visto
isso, não esqueçamos que quem consagrou o Brasil a Nossa Senhora da Conceição
Aparecida, foi D. Pedro I.
E, vale
lembrar, justamente, também, que S.A.I.R. Dom Luiz de Orleans e Bragança, nosso
Imperador "de jure" do Brasil, é um fiel católico, devoto a Jesus
Cristo e N. S. de Fátima.
Fonte: Comenta-se
por aí...
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