terça-feira, 26 de maio de 2015

É verdade que a Igreja Católica não apoia a Monarquia?

 

Outro dia, conversando com um sacerdote da Igreja onde frequento, falamos sobre a Monarquia e este mostrou-se contrário a esta forma de governo, sob a alegação de que, nos tempos do Império, a Igreja teria sido "sufocada" pelos Imperadores. Corri atrás de uma resposta para este descontentamento, visto que, durante o Império, a Igreja Católica era declarada a Religião Oficial do Brasil, basta ver o "detalhe" no topo da Coroa Brasileira - a Cruz de Cristo.

Convido, antes, o leitor a ler este artigo, dando especial atenção ao subtítulo: "As Tensões entre o Estado e a Igreja".

Em uma conversa agradável com um amigo, exímio conhecedor de História, o advogado Dr. Carlos Vasconcelos, pude sanar algumas destas questões.

Dr. Vasconcelos disse que o que houve, de fato, foi a tal "Questão Religiosa" em que D. Pedro II se envolveu e que, talvez, o tenha estigmatizado um pouco - por isso, acusado de favorecer os maçons em detrimento da Igreja.

A Questão Religiosa foi a seguinte:

As coroas dos imperadores
Pedro I e Pedro II.
Vigorava no Brasil o chamado "Padroado e Beneplácito". Pelo Padroado, a Igreja Católica, no Brasil, era subordinada ao Imperador.

Pelo Beneplácito e Padroado, toda ordem do Papa, para ser obedecido no Brasil, precisaria, antes, ser aprovada por D. Pedro II, ou seja, o Imperador controlava politicamente a Igreja Católica no Brasil.

Já no final do Império, por volta de 1870, veio a Questão Religiosa que foi o seguinte: os Bispos de Olinda e Belém simplesmente resolveram obedecer ao Papa antes do Beneplácito (da aprovação) de D. Pedro II. Na ocasião, o Papa mandou punir religiosos ligados à maçonaria. E os Bispos puniram mesmo. Isso, à revelia de D. Pedro II.

D. Pedro II, então, pediu aos Bispos que sobrestassem (suspendessem) as punições. Eles recusaram-se a fazê-lo. Como desobedeceram o Imperador, acabaram presos e condenados a 4 anos de cadeia.

O problema não foi a punição dos maçons - D. Pedro II não quis proteger os maçons! O problema foi que os Bispos resolveram obedecer às ordens do Papa (ordens de fora) antes de D. Pedro II dar seu Beneplácito, de terem agido à sua revelia.

Se os Bispos houvessem esperado pelo Beneplácito, dificilmente D. Pedro II iria contra a orientação da Santa Sé e a maçonaria poderia ser punida, no Brasil, pela Igreja e com o apoio do Imperador. 
O erro foi, infelizmente, o açodamento dos Bispos.

Se o Imperador nada fizesse, estaria com sua autoridade esfacelada e o Brasil, um Império, um verdadeiro continente, estaria mergulhado no caos e na anarquia.

E, apesar da condenção criminal dos Bispos, D. Pedro II rapidamente concedeu o perdão Imperial, para deixar claro que não tinha a intenção de "prender padres", mas apenas garantir sua autoridade de Soberano.

As questões que sobram são: por que a Igreja deveria ser submetida à aprovação do Imperador? Isso não desfazia a imagem da Monarquia? Não daria razão aos simpatizantes da república?

Segundo o que me disse Dr. Vasconcelos, no Século XIX, o Beneplácito era normal.

Havia um conceito, em cada país monárquico, segundo o qual a máxima autoridade era, sempre, a do Monarca - diferente das monarquias atuais.

Na época, tinha de ser assim. Não havia outro modo. Era isso ou a influência do Clero ultrapassaria muito o limite do razoável, degenerando para absurdos políticos, como os praticados pelo Frei Caneca que se tornou revolucionário em Pernambuco, na Confederação do Equador.

E, ao contrário do que diz o Clero, com a proclamação da República, a Igreja Católica só perdeu espaço. Espaço que, na Monarquia, era da Igreja por direito, bastando, apenas, reconhecer a autoridade temporal do Imperador.

Visto isso, não esqueçamos que quem consagrou o Brasil a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, foi D. Pedro I.

E, vale lembrar, justamente, também, que S.A.I.R. Dom Luiz de Orleans e Bragança, nosso Imperador "de jure" do Brasil, é um fiel católico, devoto a Jesus Cristo e N. S. de Fátima.
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Fonte: Comenta-se por aí...

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