O Catecismo
da Igreja, no n. 897, define leigo(a) como “todos os cristãos com
exceção dos membros da ordem sacra ou do estado religioso reconhecido pela
Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Batismo, constituídos
em povo de Deus e feitos participantes, a seu modo, da função sacerdotal,
profética e real de Cristo, exercem, pela parte que lhes toca, na Igreja e no
mundo, a missão de todo o povo cristão”. Ainda o Catecismo, no n. 898,
afirma que a “vocação própria dos leigos consiste precisamente em procurar o
Reino de Deus ocupando-se das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus
[…]. Pertence-lhes, de modo particular, iluminar e orientar todas as realidades
temporais a que estão estreitamente ligados, de tal modo que elas sejam
realizadas e prosperem constantemente segundo Cristo, para glória do Criador e
Redentor”.
O leigo cristão
deve servir, ser instrumento de caridade e de misericórdia para os indivíduos
que estão dentro e fora da Igreja. O modelo do leigo é Cristo, aquele que é a
“cabeça da Igreja” (Efésios 5, 23) e que foi “obediente até à morte, e morte de
cruz” (Filipenses 2, 8).
A princípio,
toda essa discussão sobre a missão e vocação do leigo na Igreja deve ser bem
conhecida dos movimentos e instituições que representam os leigos cristãos. No
entanto, muitas vezes, a realidade é bem diferente. Em muitos ambientes de
leigos cristãos reina o espírito da desobediência, da rebelião, da revolução e,
por conseguinte, da negação do Evangelho, do Magistério e da Doutrina da
Igreja. Com isso, cria-se uma situação conflituosa, pois, de um lado, têm-se
movimentos leigos fiéis a Cristo e à Igreja e, do outro lado, grupos e
organismos leigos num estado de rebelião contra a caridade e a misericórdia.
Um exemplo dessa
situação conflituosa é o manifesto publicado pelo Conselho Nacional do Laicato
(CNL), em 1º de junho de 2016, cujo título é “Momento Político Atual”. O
manifesto, de uma entidade que oficialmente representa os leigos cristãos no
Brasil, e carregado com uma linguagem ideológica, demonstra, mesmo que
indiretamente, apoio a um grupo político envolvido com escândalos de corrupção
e, o mais grave, rotula de “conservador” e “fundamentalista” os cristãos que
nos últimos anos foram às ruas, num gesto profético, criticar a corrupção,
clamar por reformas políticas e pela destituição de um governo corrupto.
Não está se
condenando o manifesto do CNL. Como cidadãos brasileiros os membros do CNL têm
o direito de se manifestar a favor de qualquer ideologia e grupo político. No
entanto, dentro do espírito de democracia, reivindicado pelo próprio CNL,
pergunta-se: por que o CNL não vem a público defender os leigos e leigas
brasileiras que arriscam as suas vidas em atividades missionárias na África e
no Oriente Médio? Por que o CNL não defende os leigos que, de forma quase
invisível, sacrificam suas vidas para desenvolverem atividades pastorais, sem
apoio do Estado e de empresários, em pequenas capelas nas zonas urbanas e
rurais? Por que o CNL não vem a público defender os cristãos leigos que
diariamente são discriminados – chamados, por exemplo, de homofóbicos,
conservadores, retrógrados e coisas semelhantes – pelo simples fato de
defenderem os valores evangélicos, a Doutrina e o Magistério da Igreja? Leigos
que são discriminados por defenderem, por exemplo, a vida, o casamento e a
família?
Por fim,
ressalta-se o fato dos Papas Bento XVI e Francisco terem incentivado a
participação do leigo na vida política e cultura do país. No entanto, é uma
participação fora dos estreitos limites das ideologias de esquerda e direita,
uma participação centrada no Cristo e no Magistério, uma participação com a
finalidade de construir o Reino de Deus alicerçado na caridade e na
misericórdia.
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ZENIT
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