sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Rocha firme e inabalável




Após ter curado um cego em Betsaida, Nosso Senhor Se dirigiu com seus discípulos a Cesareia de Filipe, cidade situada a uns 50 quilômetros de distância, num território de exuberante beleza natural.

"Sobre esta pedra construirei a minha Igreja"

Herodes o Idumeu - cognominado o Grande - havia ali edificado um templo destinado ao culto de César Augusto. Mais tarde, Filipe, filho do Idumeu, tendo se tornado tetrarca da região, deu à localidade o nome de Cesareia, para angariar as simpatias do Imperador Tibério.

É provável que a cena descrita a seguir tenha se dado à vista daquele edifício pagão, o qual se erguia no alto de um rochedo, dominando o panorama.

Escreve São Mateus:

O Divino Mestre "perguntou a seus discípulos: ‘Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?' Eles responderam: ‘Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas.'

"Então Jesus lhes perguntou: ‘E vós, quem dizeis que Eu sou?' Simão Pedro respondeu: ‘Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.'

"Respondendo, Jesus lhe disse: ‘Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no Céu. Por isso Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na Terra será ligado nos Céus; tudo o que tu desligares na Terra será desligado nos Céus'" (Mt 16, 13-19).

Poder das chaves

Esse episódio ocorreu aproximadamente uma semana antes da Transfiguração de Nosso Senhor, no Monte Tabor. A Paixão estava próxima e era preciso separar definitivamente os Apóstolos da sinagoga, deixando-lhes claro que a instituição que Ele vinha fundar levaria aquela à plenitude e seria a realização de todas as profecias da Antiga Lei.

Dizendo a Pedro: "Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na Terra será ligado nos Céus; tudo o que tu desligares na Terra será desligado nos Céus" (Mt 16, 19), Cristo lhe confere o poder divino de sustentar a Santa Igreja.

"Analisam os autores o alcance do poder das chaves, e muitos defendem que as palavras ‘na Terra' compreendem tudo o que está nela e debaixo dela, isto é, os vivos e também os mortos.

"Também aos Bispos e sacerdotes, sob o primado do Papa e em total dependência dele, é concedido o poder das chaves, embora de forma menos intensa que ao Sumo Pontífice. No confessionário, por exemplo, o padre tem a faculdade de absolver ou não o penitente de seus pecados, fazendo com que as portas do Céu se abram para ele ou continuem fechadas. Enquanto o Paraíso Terrestre - criado por Deus para os homens - está guardado por Querubins, desde que Adão e Eva de lá foram expulsos (cf. Gn 3, 24), as chaves do Paraíso Celeste, morada dos Anjos bons, foram confiadas a um homem! Portanto, São Pedro obteve de Jesus muitíssimo mais do que Adão perdera!"
A Igreja é uma instituição hierárquica

Jesus Cristo não deu a todos os Apóstolos o mesmo poder. Ele fundou a Igreja como uma instituição hierárquica, em cujo pináculo se encontra o Papa. Portanto, quem propugna por uma Igreja igualitária está contra o próprio Nosso Senhor. Ao longo dos tempos, foram surgindo outros graus dessa hierarquia: cardeais, patriarcas, arcebispos, bispos, monsenhores, cônegos, etc.

"O primado de Pedro foi - e continuará sendo, em seus sucessores, até o fim dos tempos - de verdadeira jurisdição, suprema, universal e plena.

Suprema porque não reconhece na Terra autoridade superior nem igual no terreno religioso; universal, por se estender a todos os membros da Igreja; plena, com a plenitude de poderes que Jesus Cristo outorgou ao primeiro entre os Doze.

"Vinte séculos de História confirmam o quanto a Igreja está, de fato, assentada numa firme e inabalável rocha, conforme a promessa do Salvador."

O poder de um Papa se mostrou de modo prototípico com São Gregório VII (1073-1085), "um varão intrépido, batalhador indomável que encheu com sua luz todo o céu da Igreja até nossos dias e a iluminará até o fim dos tempos".

As portas do Inferno se desfarão em pedaços

Declarou o Divino Mestre que o poder do inferno nunca vencerá a Igreja (cf. Mt 16, 18). Embora presenciemos investidas declaradas ou veladas contra a Esposa de Cristo, estejamos certos de que ela não só é imortal, mas sairá gloriosamente vitoriosa e seus inimigos serão esmagados.

Por intermédio de Maria Santíssima, peçamos à Providência Divina que "intervenha para destroçar as conjurações, os ardis e os embustes daqueles que se articulam para acabar de destruir o que resta da Civilização Cristã, e que chegariam a destruir a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, se destrutível fosse aquela Igreja de quem Nosso Senhor disse a São Pedro: ‘Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. E as portas do Inferno não prevalecerão contra ela.'

"É inútil! As portas do Inferno não prevalecerão contra a Igreja de Cristo! Pelo contrário, haverá um momento em que elas se quebrarão, se desfarão em pedaços, e a Igreja de Cristo continuará mais altaneira a sua peregrinação pela História, até o dia glorioso em que Nosso Senhor Jesus Cristo baixará com os Anjos do Céu e as almas dos justos para julgar os vivos e os mortos."


Paulo Francisco Martos
(in "Noções de História Sagrada - 179)
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1- Cf. CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. II, p. 292-293.

2 - Cf. Idem, ibidem, p. 292.

3 - Idem, ibidem, p. 292.

4 - CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v. VII, p. 413.

5 - CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A mais eminente figura da Idade Média. In Dr. Plinio, São Paulo. Ano XXI, n. 242 (maio 2018), p. 27.

6 - Idem. Não prevalecerão! In Dr. Plinio, São Paulo. Ano III, n. 33 (dezembro 2000), p. 14.

Idem. Não prevalecerão! In Dr. Plinio, São Paulo. Ano III, n. 33 (dezembro 2000), p. 14.
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O São Paulo

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