O Vaticano vai enviar, nas próximas semanas,
uma “vade-mécum” a todas as Conferências Episcopais, documento orientador para
a prevenção e combate a casos de abusos sexuais.
O anúncio foi feito hoje pelo moderador do encontro sobre proteção
de menores, padre Federico Lombardi, em conferência de imprensa.
O documento foi preparado pela Congregação para a Doutrina da Fé
(Santa Sé), para ajudar os bispos do mundo “a compreender os seus deveres e
tarefas” em casos de abusos sexuais.
O padre Federico Lombardi afirmou que este é um texto breve, direto
e preciso, “do ponto de vista jurídico e pastoral”.
Outra medida saída da cimeira dedicada aos abusos de menores, com
presidentes de conferências episcopais e superiores de institutos religiosos, é
a criação de “task forces” para ajudar dioceses que tenham falta de recursos.
“Num espírito de comunhão com a Igreja universal, o Papa
manifestou a intenção de criar task forces de pessoas competentes para ajudar
conferências episcopais e dioceses com dificuldades em enfrentar problemas e
produzir iniciativas para a proteção de menores”, assinalou o padre Federico
Lombardi.
Outra iniciativa anunciada é um novo Motu Proprio (decreto
pontifício) do Papa Francisco, sobre a proteção de menores e pessoas
vulneráveis, para “reforçar a prevenção e o combate contra os abusos” na Cúria
Romana e o Estado da Cidade do Vaticano.
O decreto, que será divulgado “em breve”, adiantou o padre
Lombardi, será acompanhado por uma nova lei para Estado da Cidade do Vaticano e
linhas-guia para o vicariato do Vaticano, sobre o mesmo tema.
190 participantes reuniram-se desde quinta-feira, no Vaticano,
para um debate sobre a proteção de menores, reunindo presidentes de
Conferências Episcopais e chefes de Igrejas Orientais, superiores gerais de
institutos religiosos, membros da Cúria Romana e do Conselho de Cardeais.
“Estes primeiros passos são sinais encorajadores que vão
acompanhar-nos na nossa missão de pregar o Evangelho e de servir todas as
crianças no mundo, em solidariedade mútua com todas as pessoas de boa vontade
que querem abolir qualquer forma de violência e abuso contra menores”, concluiu
o moderador da cimeira.
A comissão organizadora do encontro vai
reunir-se esta segunda-feira de manhã com responsáveis de dicastérios da Cúria
Romana que participaram nos trabalhos, para lhes dar seguimento.
A conferência de imprensa contou com a presença do cardeal Oswald
Gracias, arcebispo de Bombaim (Índia), para quem a Igreja deve ser um “modelo”
e estar na “linha da frente” da defesa dos menores.
O membro do Conselho consultivo de cardeais do Papa Francisco
questionou a forma como o “segredo pontifício”, criado com um propósito
específico, foi usado para “esconder todo o processo”, causando danos.
Para o cardeal indiano, este segredo “deveria ser limitado,
levantado” nestes processos sobre abusos sexuais.
Um dos principais colaboradores do Papa neste campo, D. Charles
Scicluna, afirmou que o afastamento de membros do clero do seu ministério não
deve ser visto como um “castigo”, mas como resultado do “dever de proteger o
rebanho”.
O padre Hans Zollner, membro da comissão organizadora do encontro,
diz que se fez um “longo percurso” para chegar até à “determinação” comum no
combate, identificando as “raízes sistémicas” deste problema.
A inédita cimeira convocada
pelo Papa contou com testemunhos de vítimas, relatórios e reflexões de bispos e
religiosos dos cinco continentes, bem como de uma vaticanista mexicana, sobre a
comunicação nestes casos.
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A reportagem em Roma no Encontro sobre
Proteção de Menores na Igreja é realizada em parceria para a Agência Ecclesia,
Família Cristã, Flor de Lis, Rádio Renascença, SIC e Voz da Verdade.
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